“O que vemos hoje se assemelha à crise de 1997”, alerta veterano de Wall Street

Ontem, os mercados foram abaixo, com os principais índices de ações dos Estados Unidos caindo cerca de 4%, em meio às preocupações sobre o ritmo de crescimento chinês

Paula Barra

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SÃO PAULO – O veterano de Wall Street, Art Cashin, alertou para uma “guerra das moedas” em nações emergentes similar à crise financeira da Ásia em 1997. Para o operador de ações do UBS, tudo agora vai depender da China, se ela conseguirá atuar para conter um contágio nos mercados financeiros ao redor do mundo. Ontem, os mercados foram abaixo, com os principais índices de ações dos Estados Unidos caindo cerca de 4%, em meio às preocupações sobre o ritmo de crescimento chinês.

Em entrevista ao site Finanz und Wirtschaft, ele disse que a situação agora assemelha-se à crise asiática dos anos 90. “Isso faz parte da preocupação que estamos desenvolvendo aqui”. Segundo ele, não é somente uma preocupação com a China. “O movimento da China em desvalorizar sua moeda acendeu a mesma vontade em outros países emergentes, e isso equivale a uma guerra cambial entre as nações emergentes”, disse. 

Para ele, a China não está necessariamente “fora do controle”, mas se o governo não promover uma estabilidade logo, ela não irá afetar somente os mercados mais próximos, mas – “como nós dissemos ontem e na última semana” – todos os mercados ao redor do globo. “Os mercados financeiros são correlacionados. Nós aprendemos em 2008, quando a queda do Lehman Brothers espalhou por todo o globo”.

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Ele cita que nas últimas semanas os fundos mútuos dos Estados Unidos bateram o menor patamar com dinheiro em caixa da história (ou seja, a maior parte estava aplicada). Um cenário negativo como o visto agora faria eles tirarem dinheiro das aplicação. Ou seja, sem dinheiro em mãos, os fundos precisam vender suas ações para recuperar o dinheiro. E isso se torna um problema, comenta. Se mais resgates vierem, com os fundos vendendo suas ações, mais tornará os mercados frágeis, causando ainda mais resgates. O que explica o que está ocorrendo agora na China.  

Em relação à preocupação sobre quando o Federal Reserve subirá os juros, ele disse que duvida que será ainda esse ano. 

Sobre a queda do petróleo, cujo preço do WTI (cotado no Texas) caiu para baixo de US$ 38,00 o barril ontem, ele faz seu alerta: “as pessoas falam que o preço do petróleo barato significa mais dinheiro para gastar, mas nós não vemos somente isso. Eu penso que o enfraquecimento da commodity é um benefício ao contrário: aqui nos Estados Unidos, uma boa parte dos empregos criados após a recessão veio de áreas relacionadas à energia, e certamente agora não será criado emprego extra. Além disso, os preços em queda colocam mais pressão nas ações. Você vê as grandes companhias negociando em baixa e elas provavelmente representam diferentes médias dos mercados”. 

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Já em relação à queda das ações da Apple, Cashin lembra que a companhia é a mais capitalizada do mundo e por isso as pessoas costumam dizer: “para onde a Apple for, irá o restante da nação”. Para ele, essa queda deve-se às preocupações sobre desaceleração das vendas da companhia na China, que tem além do temor sobre um crescimento econômico menor do que o esperado, enfrenta concorrência de novos entrantes na China, como a Xiaomi. “As pessoas não tinham pensado em uma real competição para Apple e isso que está fazendo peso nos papéis agora”.