Fibria e Suzano sobem com alta no preço da celulose; Governo “afunda” BB e elétricas

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa renovou nesta quarta-feira (19) seu menor patamar do ano registrando baixa de 1,82%, a 46.588 pontos, com 13 ações em alta e 8 recuando mais de 4%. O movimento ocorreu entre a ata do Fomc (Federal Open Market Committee), tensão política interna e medidas para estimular o setor automotivo por meio dos bancos públicos, pressionando principalmente a ação do Banco do Brasil.

Os papéis dos demais bancos também seguiram a forte queda depois de euforia da véspera, com a decisão da senadora Gleisi Hoffmann de tirar da pauta o fim do benefício fiscal com juros sobre capital próprio. Entre as maiores altas, aparecem novamente os papéis da Gol, além das siderúrgicas, pressionadas por indicador ruim do setor, e elétricas, após decisão do governo sobre leilão de usinas antigas.

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa desta sessão:

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Bancos
Após subirem forte na sessão passada com a notícia de que a senadora Gleisi Hoffmann recuou da proposta de acabar com o benefício fiscal dos juros sobre o capital próprio, os bancos reverteram os ganhos e caíram nesta sessão, somado ainda à aversão ao risco com a continuidade da crise política. Entre as maiores quedas do Ibovespa hoje, Banco do Brasil (BBAS3, R$ 18,41, -6,17%), Santander (SANB11, R$ 14,38, -1,91%), Bradesco (BBDC3, R$ 25,00, -2,00%BBDC4, R$ 23,60, -2,72%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 26,28, -2,05%).

No caso do BB pesou ainda a assinatura nesta manhã de acordo para dar apoio ao setor automotivo, envolvendo 26 empresas âncoras. A previsão é de desembolso total de R$ 9 bilhões. Como medida para evitar o agravamento da crise, o governo orientou ontem os bancos públicos a liberar crédito mais barato para as empresas das cadeias produtivas de diversos setores da economia. O setor automotivo foi o primeiro segmento a ser contemplado. 

BB diz que não está subsidiando montadoras e que momento é bastante desafiador

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Fibria (FIBR3, R$ 50,52, +2,08%) e Suzano (SUZB5, R$ 17,30, +3,72%)
As ações do setor de papel e celulose passaram a liderar os ganhos do Ibovespa durante a tarde após a Fibria elevar em US$ 20 por tonelada o preço da celulose em todos os mercados, com novos valores válidos a partir do dia 1º de setembro. Na América do Norte, o valor passou de US$ 900 para US$ 920 por tonelada, na Europa ,de US$ 810 para US$ 830/t, e na Ásia, de US$ 700 para US$ 720 por tonelada.

Esse será o quarto aumento de preços aplicado pela Fibria em 2015. O primeiro passou a valer em janeiro deste ano, com um ajuste também de US$ 20 por tonelada nos três mercados. Na época, os valores passaram de US$ 750 para US$ 770 por tonelada na Europa, de US$ 840 para US$ 860 nos Estados Unidos e de US$ 640 para US$ 660 na Ásia. Dessa forma, com o anúncio de hoje a Fibria realizou ajustes no acumulado deste ano, na comparação com o valor ao final de 2014, de 10,6% na Europa, 9,52% na América do Norte e 12,5% na Ásia.

Marcopolo (POMO4, R$ 2,05, +1,49%)
Por outro lado, as ações da Marcopolo subiu seguindo a notícia de que os bancos públicos irão socorrer as montadoras. Um dia após o anúncio da Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil anunciou hoje que vai liberar R$ 3,1 bilhões até o final deste ano no âmbito do protocolo firmado com o segmento automotivo e que contempla 26 empresas.

Ontem, a Caixa disse que vai oferecer também linhas de crédito do Programa Pró-Transporte para renovação de frota, com taxas de juros máximas correspondentes à Taxa Referencial (TR) + 9% ao ano e até 96 meses para pagar, dependendo do projeto.

Segundo o Credit Suisse, o anúncio traz uma demanda adicional para o negócio de ônibus da companhia, embora a visibilidade seja baixa dado o cenário político e macroeconômico, que deve manter o nível de confiança baixo, limitando a efetividade do programa. 

Elétricas
As ações do setor elétrico afundaram na Bolsa nesta quarta-feira em meio às incertezas por conta da Medida Provisória (MP) 688 divulgada na véspera, que trata da questão do risco de déficit de geração hídrica (GSF) para as empresas do setor.

A MP, publicada na terça-feira, repactua o déficit de geração das hidrelétricas, que tem gerado perdas bilionárias no setor, criando um mecanismo em que as geradoras assumirão um risco equivalente a 12% de energia contratada a partir de 2016. Desse montante, 7% serão cobertos por um prêmio de risco pago pelos geradores, que será utilizado para reduzir a tarifa, por meio de repasse da conta de bandeiras tarifárias; os outros 5% serão cobertos por investimentos em nova capacidade.

Na Bolsa, as ações da Copel (CPLE6, R$ 31,60, -3,30%) e Cemig (CMIG4, R$ 8,87, -4,62%) aparecem entre as maiores quedas do Ibovespa. Os papéis da Cesp (CESP6, R$ 17,55, -1,13%) e Celesc (CLSC4, R$ 11,92, -3,09%) caíram forte.

Ainda no noticiário do setor, o governo decidiu mudar de ideia a respeito do leilão das usinas antigas com a cobrança da bonificação de outorga das hidrelétricas de algumas estatais (Cesp, Copel, Cemig, Celesc e Celg), que tiveram parte de suas concessões vencidas recentemente. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) marcou para 30 de outubro o leilão de 29 usinas hidrelétricas, divididas em seis lotes. Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, a União espera arrecadar R$ 17 bilhões nessa licitação. 

Construtoras
Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou projeto que muda a remuneração no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). A notícia traz impacto principalmente para empresas do setor de construção civil que trabalha com baixa renda (quem mais usa o FGTS para aquisição da casa própria). Na Bolsa, são principalmente as ações da MRV Engenharia (MRVE3, R$ 6,75, -0,74%) e Direcional (DIRR3, R$ 3,12, -5,74%). 

Pela proposta aprovada, em 2016, a remuneração do FGTS será a Taxa Referencial (TR) mais 4% para os novos depósitos. A proposta de Maia garante ainda ao governo a possibilidade de utilizar 60% do lucro do FGTS para subsidiar o programa Minha Casa, Minha Vida a partir do ano que vem.

A notícia acaba ofuscando um pouco o otimismo da última sessão depois que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) recuou de sua proposta de acabar com os juros sobre capital próprio dentro da Medida Provisória 675, que também institui a elevação da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para bancos de 15% para 23%. Gleisi, no entanto, disse em entrevista ao InfoMoney que deve apresentar um Projeto de Lei sobre o assunto ou esperar a Fazenda encaminhar MP. “Pode ser que a gente não consiga fazer isso em um curto prazo, mas acho que, em médio prazo, conseguimos”, afirma.

Ambev (ABEV3, R$ 18,20, -3,09%)
As ações da Ambev recuaram após euforia da véspera depois que a senadora Gleisi Hoffmann recuar também, no relatório MP 675, na tributação do extrato concentrado de refrigerantes fabricado na Zona de Franca de Manaus. A expectativa com a mudança penalizou as ações da Ambev desde a semana passada e ontem elas saltaram com a retirada da pauta. Hoje, no entanto, com o mercado em baixa, os papéis também tiveram desvalorização.

JBS (JBSS3, R$ 14,59, -1,75%)
O Credit Suisse reforçou a recomendação de compra de JBS, destacando que a empresa deve surpreender no lucro líquido do terceiro trimestre, depois do resultado financeiro do segundo trimestre ter vindo pior do que o esperado, decepcionando alguns investidores.

Os analistas do banco lembram, no entanto, que a companhia carrega uma estrutura de hedge de R$ 37,1 bilhões, maior do que a exposição atual ao dólar de R$ 35,8 bilhões. Com isso, a recente depreciação do real de R$ 3,10 no final do segundo trimestre para R$ 3,50 deve ajudar nos ganhos com derivativos. Os analistas estimam que esses ganhos podem ser de R$ 4,8 bilhões, fazendo com que o resultado financeiro chegue a R$ 882 milhões. 

Gol (GOLL4, R$ 4,32, -7,49%)
As ações da Gol voltaram a afundar hoje, renovando mínima histórica na Bolsa. Na segunda-feira, em reunião da CBA (Comissão da Reforma do Código Brasileiro de Aeronáutica), foi aprovado o texto que permite a abertura de 100% do capital das empresas aéreas do País aos estrangeiros. Hoje, a participação dos estrangeiros é limitada a 20%. A abertura total ao capital estrangeiro foi aprovada por nove votos, contra seis favoráveis à abertura até 49% ao capital estrangeiro e 51% ao capital nacional. O texto, no entanto, ainda é preliminar. 

Siderúrgicas
As ações do setor siderúrgico seguiram o mau humor do mercado e caíram forte nesta sessão: CSN (CSNA3, R$ 3,12, -5,74%), Usiminas (USIM5, R$ 3,23, -3,87%), Gerdau (GGBR4, R$ 5,42, -4,24%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,08, -4,05%). 

Hoje, pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou pesquisa de confiança da indústria. O índice marcou 37,1, queda de 0,1 ponto percentual em relação a julho, renovando a mínima de 16 anos.