Bancos sobem com “recuo de Gleisi” sobre fim do JCP; Renner fecha acima de R$ 100 e Gol cai 6%

Confira os principais destaques do pregão desta terça-feira

Paula Barra

(Bloomberg)

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SÃO PAULO – O mercado virou durante a tarde desta terça-feira (18) com a notícia de que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) recuou na proposta de mudança dos juros sobre capital próprio do relatório da Medida Provisória 675. A informação fez disparar ações de empresas fortemente impactadas pela mudança, como os bancos, operadoras de telefonia Telefônica e TIM, além da Ambev, que foram duramente afetadas nos últimos dias por conta do texto da senadora. 

O mudança no texto de Gleisi veio em meio à afirmação do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), à ex-ministra da Casa Civil que votará contra a MP, analisada em comissão especial, se ela insistir em propor o fim gradual do benefício fiscal a empresas.  

Confira abaixo os principais destaques da Bovespa nesta terça-feira:

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Bancos, Ambev e telecomunicações
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) complementou nesta terça-feira seu relatório com sugestões à Medida Provisória 675, retirando a proposta de fim gradual do benefício fiscal para empresas por meio da distribuição de juros sobre capital próprio (JCP).

Em documento disponibilizado no site do Senado, Gleisi afirmou “não haver convergência imediata” para debater, em projetos de lei, matérias que tratam de JCP. “Infelizmente considero que não temos ambiente propício para avançar”, escreveu a senadora.

Com isso, os papéis da TIM (TIMP3, R$ 9,17, +4,44%), Telefônica (VIVT4, R$ 41,85, +3,08%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 19,62, +3,37%), BB Seguridade (BBSE3, R$ 31,40, +3,29%), BM&FBovespa (BVMF3, R$ 10,68, +2,20%), Bradesco (BBDC3, R$ 25,51, +2,29%; BBDC4, R$ 24,26, +1,89%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 26,83, +1,67%) ficaram entre as maiores altas do dia. Além delas, Ambev (ABEV3, R$ 18,78, +1,24%) também registrou ganhos com a notícia.

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O mudança no texto de Gleisi veio em meio à afirmação do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), à ex-ministra da Casa Civil que votará contra a MP, analisada em comissão especial, se ela insistir em propor o fim gradual do benefício fiscal a empresas.

Petrobras (PETR3, R$ 10,11, -0,88%; PETR4, R$ 9,00, -1,32%)
As ações da Petrobras ameaçaram virar para o positivo, mas não conseguiram se sustentar, atingindo sua quarta queda seguida. Hoje, o petróleo Brent cai 0,39%, a US$ 48,55. Além disso, no radar, a Petrobras pode ter que pagar multa recorde de ao menos US$ 1,6 bilhão para encerrar investigações criminais e civis nos Estados Unidos sobre seu papel em um escândalo de corrupção, disse à Reuters uma fonte próxima a advogados da companhia. 

Até o momento, o maior acordo em casos de acusações de corrupção no Departamento de Justiça dos EUA e na Securities and Exchange Comission, órgão regulador de mercados de capitais do país, ocorreu em 2008, com a gigante industrial alemã Siemens, que teve que pagar multa de US$ 800 milhões. 

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Além disso, a estatal informou a aprovação pelo conselho de administração da companhia da oferta de 25% da BR Distribuidora em comunicado enviado ao mercado na noite da última segunda-feira. O comunicado refere-se à reunião do último dia 6 de agosto. 

O presidente do conselho, Murilo Ferreira, votou contra o pedido de registro de companhia aberta e registro de oferta pública da BR Distribuidora, “pontuando, entre outras questões, que sua visão tática é diferente, entendendo haver ainda alguns passos a cumprir ou pelo menos tentar cumprir antes de uma decisão final”. O representante dos funcionários no Conselho, Deyvid Bacelar, também votou contra e o conselheiro Guilherme Affonso Ferreira apresentou ressalva de que não estava aprovando a operação de abertura de capital nos moldes propostos, mas apenas o prosseguimento do processo.

Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 17,42, -3,28%; VALE5, R$ 13,85, -2,67%) e siderúrgicas Usiminas (USIM5, R$ 3,36, -4,00%), CSN (CSNA3, R$ 3,31, -4,34%) registraram forte queda hoje, descolando dos preços do minério de ferro que encerraram em alta, influenciadas pelo mau humor do mercado interno. Acompanharam o movimento os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 9,00, -1,96%), holding que detém participação na Vale. 

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No setor siderúrgico, as compras das distribuidoras de aços planos somaram 217,3 mil toneladas em julho, o que corresponde a uma queda de 41,3% em relação ao mesmo mês do ano passado, informou nesta terça-feira o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). Hoje também o Instituto Aço Brasil (IABr) divulgou que a produção brasileira de aço bruto em julho somou 2,876 milhões de toneladas, queda de 3,1% sobre o resultado de um ano antes.

Gol (GOLL4, R$ 4,67, -6,04%)
As ações da Gol caíram pelo quarto pregão seguido, acumulando queda de 16% no período e renovam nesta sessão mínima histórica na Bolsa. Ontem, o Credit Suisse cortou a recomendação para as ações da Gol, de outperform (desempenho acima da média) para neutra, com preço-alvo de R$ 5,50. De uma história de recuperação ajudada pelas perspectivas macroeconômicas, o cenário Brasil mudou hoje o case da empresa para “tempestade perfeita”, com receitas mais fracas e pressão de custos, uma vez que o real se depreciou para R$ 3,50, contra R$ 2,30 um ano atrás, comentaram os analistas do banco suíço. 

Como o cenário econômico virou uma “tempestade perfeita” para a Gol

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Eles lembraram que 55% dos custos da Gol e 80% da dívida são expostos ao dólar, enquanto que 90% da receita é em real. Com isso, os analistas estão reduzindo as projeções de margem Ebit para 1,1% em 2015, contra 9,2%; e para 3,7% em 2016, ante 9,6%.

JBS (JBSS3, R$ 14,85, +3,56%)
A JBS subiu hoje depois de ter caído quase 5% ontem com possível convocação de executivos à CPI do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Analistas comentaram que investidores estavam apreensivos com possibilidade de que o presidente da empresa, Wesley Batista, e o presidente do conselho, Joesley Batista, fossem chamados para testemunhar na CPI. Um requerimento pedindo o depoimento dos executivos foi protocolado pelo parlamentar Arnaldo Jordy (PPS-PA) em 13 de agosto.  

Lojas Renner (LREN3, R$ 104,10, +3,45%)
As ações da varejista, que haviam perdido o patamar dos R$ 100 nos últimos pregões, voltaram a subir neste pregão. O Citi reiterou sua recomendação de manutenção na Lojas Renner, apesar da recente realização dos papéis na Bolsa. Mesmo com os resultados mais fortes do que o esperado no segundo trimestre e a queda de 15% das ações desde o pico deste ano, os analistas acreditam que o momento não é adequado para investimentos em itens discricionários. 

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Cia Hering (HGTX3, R$ 13,40, -0,74%)
As ações da Cia Hering passaram o dia entre perdas e ganhos depois de terem subido até ontem 24% desde a divulgação do balanço, no final do pregão do dia 4 de agosto. Somente ontem, as ações subiram 9%, figurando como a maior alta do Ibovespa. Agentes de mercado levantaram uma possibilidade de “short squeeze” (pressão dos vendidos por falta de doadores no mercado de aluguel de ações) na véspera, embora não tenha sido confirmado. 

Operadores vêm comentando desde a semana passada sobre essa possibilidade, dado a forte disparada de aluguel com a ação nos últimos dias e baixa oferta no mercado. Nesse mesmo período (últimos 9 pregões) que as ações da varejista dispararam, o aluguel subiu em 27,8%, para 12,8 milhões de papéis – no patamar mais alto desde setembro do ano passado.

Embora tenham comentado que o mercado não está “seco” no papel, operadores afirmaram hoje que tem sido “muito difícil” alugar a ação, com a taxa média subindo lentamente de 6% para 6,5% nos últimos 15 dias. “O movimento [de ontem] parece short squeeze, falamos com a empresa e nenhuma novidade do lado deles”, disse uma das fontes.

Equatorial (EQTL3, R$ 35,70, +1,85%
As ações da Equatorial subiram pelo quarto pregão seguido, acumulando ganhos de 8% no período. A companhia reportou balanço na noite da última quinta-feira, que foi bem avaliado pelo mercado e contribui para esse desempenho, alidada à divulgação da 2° prévia da nova carteira teórica do Ibovespa, divulgada segunda-feira, que trouxe como novidade a inclusão dos papéis da companhia no índice.

Qualicorp (QUAL3, R$ 19,25, -3,27%)
Após as altas dos últimos pregões, as ações da Qualicorp voltaram a cair nesta sessão, chegando a perdas de 29,55% no acumulado do ano. Analistas não souberam explicar o movimento, mas a notícia de que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) suspendeu a oferta de debêntures da companhia até 4 de setembro, pode estar pressionando os papéis.