Moody’s revisou Brasil, 4 estados e 15 empresas entre ontem e hoje; confira as notas

Além do rating soberano, Petrobras, Vale e 12 bancos também tiveram suas notas de crédito revisadas pela Moody's

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O mercado esperou quase um mês, e finalmente a agência de classificação de risco Moody’s anunciou suas revisões para ativos brasileiros. Entre a noite de terça-feira (11) e hoje foram anunciados cortes de rating do Brasil, que agora está no limite de perder o grau de investimento, além de revisões nas notas de 2 cidades, 4 estados e mais 15 empresas. Confira abaixo as explicações para cada revisão e uma tabela com as notas:

Brasil
A Moody’s rebaixou o rating dos títulos do Brasil de Baa2 para Baa3, alterando também a perspectiva da nota de negativa para estável. O Brasil, agora, está no último patamar da escala de grau de investimento. 

Segundo a agência de classificação, há dois fatores principais para a mudança do rating. Em primeiro lugar, o desempenho econômico mais fraco que o esperado, a tendência de alta das despesas do governo e a falta de consenso político sobre as reformas fiscais impedirão as autoridades de atingir superávits primários elevados o suficiente para conter e reverter a tendência de aumento da dívida este ano e no próximo, além de desafiar sua capacidade de fazê-lo depois. 

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“A Moody’s espera que o crescente endividamento só estabilizará no fim do governo atual”, afirma a agência.

Petrobras
A Moody’s decidiu manter a nota de crédito da Petrobras (PETR3PETR4) em “Ba2” (sem o gau de investimento, na categoria de especulação) e com perspectiva estável. A nota foi atribuída à Petrobras em fevereiro, quando a empresa perdeu o grau de investimento pela Moody’s ao ser rebaixada de “Baa3”. A agência foi a primeira das três grandes agências de risco a rebaixar a nota de crédito corporativo da Petrobras para grau especulativo.

A nota da Petrobras reflete a visão de que é muito alta a probabilidade de uma ajuda do governo à companhia, se necessário. A Moody’s afirma que esse cenário não mudou, apesar do rebaixamento da nota soberana brasileira. A Moody’s também manteve o rating de crédito individual (BCA, na sigla em inglês) da Petrobras em “B2”, refletindo o endividamento elevado da companhia, que tem ainda pela frente desafios operacionais e um nível baixo de governança corporativa.

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Vale
A agência manteve o rating da Vale (VALE3VALE5) em Baa2 com perspectiva negativa. Segundo a agência, a decisão não foi afetada pelo rebaixamento do rating soberano do Brasil de Baa2 para Baa3. 

“A posição forte e competitiva da Vale como a maior produtora de minério de ferro e níquel do mundo, além de um negócio que tira 85% das suas receitas de fora do Brasil, traz um importante distanciamento da empresa em relação ao ambiente macroeconômico e político do País, fazendo com que a Vale seja menos vulnerável a uma queda na qualidade do crédito soberano”, diz vice-presidente da Moody’s, Barbara Mattos.

Em vez disso, de acordo com a agência, o outlook negativo reflete uma deterioração nos fundamentos do mercado para o minério de ferro e metais básicos em um período no qual a mineradora está passando por uma forte expansão com substanciais despesas financeiras.

Estados e cidades
A agência de rating cortou o rating de Minas Gerais para Ba1, nota considerada “junk”. Foram rebaixados também os estados de São Paulo, para Baa3, Paraná, para Ba1 (categoria ‘junk’) com perspectiva negativa, e Maranhão, para Ba2 com perspectiva estável, além das cidades do Rio de Janeiro, para Baa3, e Belo Horizonte, para Ba1.

Segundo comunicado, a Moody’s acredita que a contínua deterioração da economia do Brasil e a posição fiscal soberana terão impacto direto no ambiente operacional dos estados e municípios brasileiros. “Além disso, a posição fiscal dos estados e municípios brasileiros se enfraqueceu em 2014, em consequência da redução na receita com impostos e aumento na rigidez das despesas”, disse a agência.

Bancos e BM&FBovespa
A Moody’s rebaixou o rating de 12 bancos brasileiros, uma holding financeira e a BM&FBovespa. As perspectivas das instituições, que eram negativas, foram definidas como estáveis. Em nota, a agência aponta que o ambiente de atividade deve permanecer fraco em 2015 e 2016, com queda de produção industrial, aumento de desemprego e inflação alta, com deterioração da capacidade de pagamento das empresas e das famílias, o que deve levar as instituições financeiras a reforçar suas provisões para perdas. 

Entre as instituições, estão Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC3BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), BNDES, Caixa Econômica Federal, Santander (SANB11), Safra, HSBC, Citibank, ING Bank, Banco Alfa de Investimentos, Banco Mizuho do Brasil, além de Itaú Unibanco Holding e BM&FBovespa (BVMF3). 

Confira as notas:

Rating anterior Novo Rating Perspectiva
Brasil Baa2 Baa3 estável
Petrobras Ba2 Ba2 estável
Vale Baa2 Baa2 negativa
Minas Gerais Baa3 Ba1 estável
São Paulo Baa2 Baa3 estável
Paraná Baa3 Ba1 negativa
Maranhão Ba1 Ba2 estável
Belo Horizonte Baa3 Ba1 estável
Rio de Janeiro Baa2 Baa3 estável
Bradesco Baa2 Baa3 estável
Banco do Brasil Baa2 Baa3 estável
Itaú Unibanco Baa2 Baa3 estável
BNDES Baa2 Baa3 estável
Banco Alfa Baa2 Baa3 estável
Banco Mizuho Baa2 Baa3 estável
Banco Safra Baa2 Baa3 estável
Santander Baa2 Baa3 estável
BM&FBovespa Baa2 Baa3 estável
Caixa Econômica Baa2 Baa3 estável
Banco ING Baa2 Baa3 estável
HSBC Baa1 Baa2 negativa
Citibank Baa2 Baa3 estável

Como funcionam as notas das agência de rating:

S&P Moody´s Fitch Grau
AAA
AA+
AA
AA-
A+
A
A-
BBB+
BBB
BBB-
Aaa
Aa1
Aa2
Aa3
A1
A2
 A3
Baa1
Baa2
Baa3
AAA
AA+
AA
AA-
A+
A
A-
BBB+
BBB
BBB-
Investimento
BB+
BB
BB-
B+
B
B-
CCC
CC
C
D
Ba1
Ba2
Ba3
B1
B2
B3
Caa
Ca
C
Wr
BB+
BB
BB-
B+
B
B-
CCC
CC
C
D
Especulativo

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.