As 7 notícias que fizeram a Bovespa afundar e o dólar disparar em julho

Mudança na meta fiscal, investigação de Lula e Fomc deram o que falar no mercado este mês; entenda a reprecificação no mercado financeiro

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – No começo de julho o dólar estava cotado a R$ 3,1450 e o Ibovespa estava operando no perto dos 53 mil pontos. Em um mês, tudo mudou no mercado brasileiro. Muitas certezas foram derrubadas e as previsões mais pessimistas se tornaram realidade. Como não poderia ser diferente, o câmbio e a Bolsa refletiram esta mudança no cenário geral da economia. Em um mês, o Ibovespa caiu 4,17%, enquanto o dólar disparou 10,19%. 

“É preciso dar os parabéns ao gestor da Verde Asset Management, Luís Stuhlberger, que já falava no começo do mês que o investidor estrangeiro estava excessivamente otimista com o Brasil”, diz o analista do site e consultoria WhatsCall, Flávio Conde. O especialista lembra que esta necessidade de reprecificar os ativos ficou patente tanto com a redução da meta de superávit quanto com o rebaixamento da perspectiva de rating do País pela agência de classificação de risco, Standard & Poor’s. 

Em meio a esse cenário tão diferente do visto há apenas trinta dias, muitos investidores que podem ter saído de férias em julho podem ter voltado um pouco desnorteados. O InfoMoney lista os sete motivos pelos quais quem saiu de férias em julho encontrou um cenário bem diferente na volta ao trabalho.

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1. Lula investigado
No dia 16 de julho, o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, apareceu como investigado pela procuradoria do Distrito Federal por tráfico de influência por conta de suas relações com altos executivos da Odebrecht. A suspeita é de que a empreiteira teria obtido vantagens com agentes públicos de outros países por meio de influência do petista, que deixou o Palácio do Planalto no fim de 2010. O principal efeito desta notícia foi uma disparada do dólar, já que aumentou a percepção de crise institucional, principalmente para o investidor estrangeiro. 

2. Eduardo Cunha
Depois de trocar acusações e impor grandes dificuldades ao governo na Câmara dos Deputados, o peemedebista Eduardo Cunha decidiu romper de vez com o Planalto na sexta-feira, dia 17 de julho. O presidente da Câmara foi citado na delação premiada do consultor Júlio Camargo como tendo cobrado propina para conseguir contratos da companhia para a Petrobras (PETR3; PETR4). Como retaliação, Cunha disse que a partir daquele momento passaria a ser oposição. A notícia foi mal recebida na Bolsa, que caiu 1,37% com os investidores preocupados com a viabilidade do ajuste fiscal dentro da nova realidade de um presidente da Câmara ainda mais combativo. 

3. Meta fiscal
A principal notícia de julho, que acabou realmente por mudar o cenário da Bolsa ocorreu na quarta-feira (22), quando os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciaram a mudança da meta de superávit fiscal de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) para 0,15% do PIB. Com isso, ficou claro o quanto o governo terá dificuldade de realizar o ajuste do qual a economia precisa para voltar a crescer. Para muitos economistas e analistas do mercado, o governo apenas aumentou o período necessário de austeridade para a economia, postergando a tão aguardada recuperação. “Nesta parte da meta eu acho que o mercado errou, porque já estavam apontando não só que o superávit seria muito menor como que poderia ser até déficit”, explica Flávio Conde.

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4. Fomc
Nesta quarta, o Fomc (Federal Open Market Comittee) acenou para um começo do ciclo de alta dos juros a partir de setembro. Com isso, a Bolsa acabou caindo ontem, mesmo após resultados positivos de grandes empresas. Além disso, nos Estados Unidos, o PIB do país cresceu 2,3%, abaixo da mediana das projeções de analistas, que era de expansão a 2,5%. No entanto, o resultado foi o bastante para que os investidores vissem a recuperação da economia americana e precificassem um aumento de juros do Fed em setembro. 

5. China 
Na China, as ações voltaram a apresentar grande volatilidade. No começo do mês, o país teve que anunciar medidas de controle de capital, como a compra de ações pelo governo para acalmar o mercado e a criação de barreiras para parar a onda de IPOs (Ofertas Públicas Iniciais, na sigla em inglês) pela qual a China passava. 

6. S&P
Na terça-feira, a agência de classificação de rating Standard & Poor’s decidiu cortar a perspectiva do rating do Brasil de “estável” para “negativa”, apesar de manter a nota de crédito do País. A S&P ainda declarou que espera que o Brasil registre uma retração da economia da 2% neste ano, enquanto em 2016 não haverá crescimento. Apenas em 2017 a agência projeta um crescimento modesto da economia. Para Conde, a decisão veio na esteira do corte da meta fiscal. “Ela só estava esperando um fato novo para reavaliar a meta”, afirma.

7. Copom
O Comitê de Política Monetária decidiu elevar os juros em 0,5 ponto percentual na quarta, trazendo a Selic para 14,25% ao ano. Poucos dias antes da reunião o mercado esperava apenas 0,25 p.p. de elevação, lembrando juros mais altos significam uma taxa de desconto também mais alta para os ativos. No entanto, o mais importante é que o comunicado do comitê indicou o fim do ciclo de alta de juros que se iniciou em outubro de 2014. A consequência disso foi uma reprecificação dos juros futuros, que recuaram mais de 40 pontos-base ontem. 

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