Vale cai 5% e puxa o Ibovespa com expectativa de aumento de juros do Fed; dólar sobe

PIB dos EUA traz pessimismo ao aumentar as apostas para uma elevação de juros antes do esperado pela autoridade monetária do país; Copom faz DIs despencarem

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa fecha em queda nesta quinta-feira (30), pressionado pela forte baixa principalmente das ações da Vale (VALE3; VALE5), que saíram de uma alta de quase 8% pela manhã para um recuo perto de 5%. A grande virada que ocorreu no mercado como um todo foi perto das 10h30 (horário de Brasília) quando abriram as bolsas dos Estados Unidos. Os índices norte-americanos fecharam entre perdas e ganhos em meio a expectativas de que o Fomc (Federal Open Market Comittee) elevará as taxas de juros dos EUA em setembro. 

O benchmark da Bolsa brasileira fechou em queda de 0,69%, a 49.897 pontos. Com isso, o índice interrompe a sua recuperação iniciada dois dias atrás depois de uma sequência de 7 baixas. Ao mesmo tempo, o dólar comercial subiu 1,25%, a R$ 3,3710 na venda. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 recuou 0,42 ponto percentual, a 13,45%, enquanto o DI para janeiro de 2021 caía 0,26 p.p. a 12,78%. Os juros foram afetados pelo comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária), que indicou o fim do ciclo de alta iniciado em outubro de 2014. A curva de juros estava precificando a Selic em 14,5% no final de 2015. 

Estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido diz que o movimento da Bolsa mostrou o quanto o mercado está volátil e com fome de notícias. No entanto, ele ressalva que a equipe de análise da corretora continua acreditando em um aumento de juros nos Estados Unidos só em dezembro. “O pessoal vendido está com receio de que haveria elevação, mas acho estranho mesmo este movimento”, afirma. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Para aumentar o clima negativo, perto do fim do pregão o Tesouro Nacional anunciou que o Governo Central (formado por Banco Central, Tesouro Nacional e Previdência) teve um déficit de R$ 8,2 bilhões, o seu pior resultado para meses de junho desde 1997. As expectativas do mercado estavam entre um intervalo de déficit de R$ 6,700 bilhões a superávit de R$ 600 milhões, com mediana negativa de R$ 3,650 bilhões. No acumulado do ano até o mês passado, a economia feita para o pagamento de juros ficou negativa em 1,598 bilhão de reais.

EUA trazem pessimismo
Nos Estados Unidos, o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 2,3%, abaixo da mediana das projeções de analistas, que era de expansão a 2,5%. No entanto, o resultado foi o bastante para que os investidores vissem a recuperação da economia americana e precificassem um aumento de juros do Fed em setembro. 

Ainda na maior economia do mundo, o número de trabalhadores norte-americanos que entraram pela primeira vez com pedido de auxílio-desemprego subiu 12 mil na semana encerrada em 25 de julho, para 267 mil, de acordo com Departamento do Trabalho dos EUA. Apesar do avanço, o resultado ficou abaixo da previsão dos analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que esperavam aumento a 270 mil.

Continua depois da publicidade

Virada brusca
Pela manhã, o Ibovespa subia por conta da decisão do Copom, que elevou a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual a 14,25%, indicando o fim do ciclo de alta dos juros no comunicado. Ainda trazia otimismo a temporada de resultados, com gigantes como Ambev (ABEV3), Bradesco (BBDC3BBDC4) e Vale (VALE5) superando expectativas dos analistas. No entanto, as notícias vindas dos EUA acabaram provocando uma mudança drástica do cenário para as ações.

Destaques de ações
As ações da Vale (VALE3, R$ 17,45, -4,90%VALE5, R$ 14,41, -4,63%) fecharam em queda depois de chegarem a disparar quase 8% na máxima do dia. A companhia divulgou um lucro acima do esperado no segundo trimestre de 2015, chegando a R$ 5,14 bilhões. O minério de ferro spot no porto de Qingdao recuou 0,45%, a US$ 55,64. 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PART ON 14,96 -6,50 -36,08 67,19M
 EMBR3 EMBRAER ON 22,50 -5,46 -7,55 181,51M
 GOAU4 GERDAU MET PN 3,35 -5,37 -70,10 28,89M
 BRAP4 BRADESPAR PN 9,52 -4,99 -29,97 36,84M
 VALE3 VALE ON 17,45 -4,90 -17,72 319,55M

Também do lado das perdas quem puxou a trajetória negativa do índice foi o Bradesco (BBDC3, R$ 27,23, -1,30%BBDC4, R$ 27,05, -1,99%). O segundo maior banco privado do país, informou nesta quinta-feira lucro líquido de R$ 4,473 bilhões no segundo trimestre, crescimento de 18,4% frente a igual período do ano anterior. Excluindo efeitos extraordinários, o lucro da instituição foi de R$ 4,504 bilhões entre os meses de abril a julho, aumento também de 18,4% sobre um ano antes. A média das projeções compiladas pela Bloomberg apontavam para lucro recorrente de R$ 4,402 bilhões.

Apesar do lucro praticamente em linha com o esperado e o guidance para a margem financeira ter sido elevado no ano, os analistas do Credit Suisse acreditam que a deterioração nos indicadores de qualidade dos ativos (embora ainda sob controle) podem trazer preocupação, especialmente considerando na cobertura provisionada, que pode indicar maiores provisionamentos nos próximos trimestres.

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 11,52, -2,37%PETR4, R$ 10,47, -2,33%) subiram pela manhã, mas acabaram virando para queda em meio à piora no cenário para o mercado em geral. A companhia deixou para trás os últimos pregões de repique e voltaram a registrar perdas. 

Do lado das quedas operou também Cielo (CIEL3, R$ 43,60, -3,18%). A operadora de cartões de crédito reportou seu balanço do segundo trimestre deste ano com números levemente abaixo do que se esperava. A companhia administradora de cartões fechou o período com lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 869,44 milhões, uma alta de 9% sobre o mesmo período de 2014, mas ficando abaixo dos R$ 893,00 milhões esperado pelo mercado. Porém, o resultado ajustado, incluindo os números da Cateno – joint-venture com o Banco do Brasil – foi de R$ 936,9 milhões.

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 15,09 +6,64 +36,20 159,49M
 RUMO3 RUMO LOG ON 0,96 +5,49 -45,02 50,51M
 CESP6 CESP PNB 18,64 +4,48 -12,89 53,22M
 MRFG3 MARFRIG ON 5,39 +4,05 -11,64 15,15M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 8,50 +4,04 +5,12 24,10M

Já a cervejaria Ambev (ABEV3, R$ 18,91, +0,85%) subiu. A companhia registrou um lucro líquido de R$ 2,83 bilhões no segundo trimestre, alta de 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado, informou nesta quinta-feira. A média das expectativas dos analistas eram de uma alta de 17,17% no resultado líquido da empresa, atingindo R$ 2,545 bilhões. 

O resultado vem positivo mesmo com efeitos negativos como a desaceleração econômica no Brasil, que afeta o consumo em geral e o benchmark elevado do balanço do 2º tri de 2014, quando ocorreu a Copa do Mundo. O evento alavancou as vendas de cerveja no País. 

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 10,47 -2,33 1,39B
 VALE5 VALE PNA 14,41 -4,63 1,01B
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 29,26 -1,25 625,66M
 VIVT4 TELEF BRASIL PN 44,00 -0,54 579,58M
 BBDC4 BRADESCO PN 27,05 -1,99 431,20M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,91 +0,85 421,12M
 CIEL3 CIELO ON 43,60 -3,18 420,37M
 ITSA4 ITAUSA PN 8,14 -1,33 389,67M
 PETR3 PETROBRAS ON 11,52 -2,37 363,30M
 VALE3 VALE ON 17,45 -4,90 319,55M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Tópicos relacionados