Gol dispara 8%, BB sobe com nota do Tesouro e outras 6 ações sobem mais de 2%

Confira os principais destaques da Bovespa no pregão desta segunda-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa ameaçou um repique na manhã desta segunda-feira (27) mas voltou a cair, atingindo sua sétima sessão consecutiva de perdas, pressionado principalmente pelas ações da Petrobras. Destaque também para as ações da Braskem, que afundaram 9% com denúncias sobre contrato de nafta com a Petrobras.

Na ponta positiva foram 18 das 66 ações do índice fechando em alta, sendo que apenas 8 subiram mais de 2%, com destaque para a Gol, Banco do Brasil e as companhias elétricas. Entre as maiores altas, chamaram atenção também os papéis da Ecorodovias (ECOR3, R$ 6,82, +5,57%), que tentam se recuperar da recente queda: em 7 dias as ações já recuaram 5,80%.

Fora do índice, os papéis da Magazine Luiza desabaram pelo segundo dia depois da disparada da semana passada. Já sobre as duas empresas que reportaram balanços do segundo trimestre e que refletem hoje (Hypermarcas e Tractebel), ambos os papéis caíram hoje. Confira abaixo os principais destaques da Bovespa nesta sessão:

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Gol (GOLL4, R$ 6,09, +8,36%)
Seguindo o anúncio da TAM na semana passada sobre corte de até 10% de suas operações no Brasil até o fim do ano devido à crise, a Gol informou nesta segunda-feira que começará a reduzir sua capacidade desde já. O anúncio foi feito durante teleconferência sobre os dados operacionais do segundo trimestre pelo vice-presidente financeira da empresa, Edmar Lopes.

Segundo Lopes, a redução da capacidade ajudará a companhia a recuperar preços de passagens aéreas, que atingiram o fundo do poço no segundo trimestre. Ele acredita que os preços podem começar a se recuperar um pouco no terceiro trimestre. Para analistas do mercado, as falas do executivo indicam recuperação dos preços das passagens aéreas e puxam as ações para cima hoje. Com a disparada, os papéis da companhia deixam para trás sete quedas seguidas, período em que caiu 20%.

Lopes disse ainda, em apresentação divulgada mais cedo, que prevê queda de 1,6% na oferta doméstica da companhia no segundo semestre e que vê queda em viagens corporativas como o principal impacto de yields (que mede os preços das passagens) menores.

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Elétricas
As ações das elétricas também subiram forte hoje em meio à notícia de que pode ser divulgado nesta semana o plano de socorro às geradoras em análise dentro do Ministério de Minas e Energia. O governo federal cogita, inclusive, a criação de fundos que permitam aos geradores assumirem as despesas com o déficit de geração hídrico, conhecido pela sigla GSF, sem provocar um rombo no caixa do setor.

Além disso, a Fitch disse que a implementação de uma tarifa mais realista para os consumidores finais do Brasil reduziu o risco de liquidez para as empresas de distribuição em 2015. Ela comentou ainda que  “um possível racionamento de energia não está previsto para este ano devido a despachos pesados de usinas térmicas e de redução do consumo de energia reforçada pelos preços de energia mais elevados e um cenário macroeconômico desafiador”.

Na Bolsa, ficaram entre as maiores altas do Ibovespa os papéis da Eletrobras (ELET3, R$ 5,42, +3,04%ELET6, R$ 8,40, +4,35%) e Cemig (CMIG4, R$ 9,24, +1,87%). 

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Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,03, +3,04%)
O Tesouro Nacional disse que a venda de ações do Banco do Brasil que estavam em poder do Fundo Soberano do Brasil somou R$ 134 milhões (ou 5,6 milhões de ações ordinárias) e foi realizada entre os dias 29 de junho e 15 de julho. No período, as ações do BB caíram 14,6%, enquanto os papéis do Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) recuaram 6% e 7%, respectivamente.

Para o Credit Suisse, a nota do Tesouro é marginalmente positiva dado a remoção de expectativa do mercado de que pudesse haver mais vendas. A Rico Corretora também destaca que, apesar de todo o cenário desfavorável, esta notícia não deixa de ser positiva para o curto prazo para acionistas do banco. Hoje, as ações do BB lideram os ganhos, seguidas pelo Bradesco (R$ 26,96, +0,94%) e Itaú Unibanco (R$ 28,81, -0,21%).

Rumo (RUMO3, R$ 0,87, +5,43%)
Após renovarem a mínima histórica por diversas sessões seguidas, as ações subiram forte neste pregão. Em 7 dias, os papéis da companhia acumulam perdas de 17,80%. Na semana passada, os ativos da ALL, recentemente incorporados pela Rumo tiveram seu rating cortado de BA3 para BA1 pela Moody’s.

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Segundo a Moody’s, os motivos para o downgrade foram a alavancagem da companhia, sua cobertura de juros e geração de caixa, que devem ser fracos nos próximos anos devido a investimentos. A preocupação com a forte dependência do BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiamento e a indústria de commodities volátil também foram citados como motivos para a redução da nota de crédito.

Grendene (GRDN3, R$ 16,83, +2,19%)
As ações da Grendene se afastam do dia pessimista no mercado e sobem, ainda reagindo aos resultados do segundo trimestre divulgados na noite da última quinta-feira. Nos últimos dois pregões, os papéis subiram mais de 6%. Após o resultado, a Concórdia Corretora disse que segue com avaliação positiva para a empresa, para investidores voltados a recebimento de proventos, mas reforçando que a deterioração de atividade deve continuar pressionando os números do mercado doméstico.

Petrobras (PETR3, R$ 10,42, -6,04%; PETR4, R$ 9,51, -5,28%)
As ações da Petrobras caíram forte hoje entre queda dos preços do petróleo no mercado internacional e novidades sobre perdas em contrato de Nafta com a Braskem. Essa é a sétima queda seguida do papel (-17%), atingindo o menor patamar desde 31 de março. Neste momento, o preço do Brent, petróleo negociado em Londres e usado como referência pela estatal, caía 1,63%, a US$ 53,73.

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Sobre o contrato de nafta, o Ministério Público Federal afirmou na sexta-feira que a Petrobras teve um prejuízo de R$ 6 bilhões entre 2009 e 2014 com a venda de nafta para a Braskem, petroquímica do grupo Odebrecht. Segundo a denúncia apresentada, o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, agiu para fechar um acordo de negociação de nafta com a Braskem, em 2009, a preços abaixo do preço internacional.

Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 16,76, -0,18%; VALE5, R$ 14,00, -0,21%) e Bradespar (BRAP4, R$ 9,28, -0,32%), holding que detém forte participação na mineradora, registraram queda hoje, seguindo maiores preocupações sobre a China, cuja Bolsa desabou 8,5% nesta sessão, no pior dia desde fevereiro de 2007. Além da elevação de recomendação das ações da companhia, os papéis acompanham o movimento das mineradoras australianas, que escaparam do mau humor dos mercados externos hoje. Hoje, o minério de ferro subiu 1,8%, a US$ 52,35 a tonelada.

Nesta segunda-feira, a Vale teve hoje sua recomendação elevada pelo Santander, que passou de underperform (desempenho abaixo da média) para manutenção. Cortes de custos, menor guidance de capex (investimentos em bens de capital) e emissões de ações por subsidiárias, esperados para ocorrer brevemente, sustentam estimativa de melhora do fluxo de caixa livre, comentaram os analistas. Eles mantiveram estimativa para o preço do minério de ferro em US$ 50 a tonelada. “Estamos muito céticos sobre qualquer iniciativa de corte de produção que seria capaz de mudar o cenário de oferta de minério de ferro nos próximos anos”, disseram.

Enquanto isso, as siderúrgicas CSN (CSNA3, R$ 3,80, -4,52%), Usiminas (USIM5, R$ 3,74, -2,60%), Gerdau (GGBR4, R$ 5,61, -3,94%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,42, -6,04%) seguiram em forte queda nesta sessão.

Braskem (BRKM5, R$ 10,83, -10,12%)
As ações da Braskem ficaram com a maior queda do Ibovespa. O Ministério Público Federal afirmou na sexta-feira que a Petrobras teve um prejuízo de R$ 6 bilhões entre 2009 e 2014 com a venda de nafta para a Braskem, petroquímica do grupo Odebrecht. Segundo a denúncia apresentada, o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, agiu para fechar um acordo de negociação de nafta com a Braskem, em 2009, a preços abaixo do preço internacional. 

Em nota, a Braskem disse que “não faz sentido” falar em R$ 6 bilhões de prejuízo na Petrobras. A Braskem é controlada pela Odebrecht e tem como segunda maior sócia a própria Petrobras.

Tractebel (TBLE3, R$ 34,97, -0,03%)
Dando continuidade à temporada de balanços, a Tractebel informou na noite de sexta-feira que obteve lucro líquido de R$ 209,3 milhões no período, com alta de 183,8% superior ao mesmo período do ano passado, quando alcançou R$ 73,7 milhões. Em comparação ao primeiro semestre de 2014, o lucro líquido da companhia aumentou 52,6% ao fechar em R$ 554 milhões ante R$ 363 milhões. 

O Credit Suisse ressaltou que os números ficaram pouco abaixo das expectativas, mas com melhora significativa na comparação anual devido à estratégia de alocação de volume.

Hypermarcas (HYPE3, R$ 19,81, -1,49%
A Hypermarcas reportou seu balanço na noite de sexta-feira. A companhia teve lucro líquido de R$ 110,9 milhões no segundo trimestre deste ano, recuo de 9,3% na comparação anual com o segundo trimestre de 2014 ao fechar em R$ 122,2 milhões. Para o Credit Suisse, os números vieram em linha com as estimativas, com uma receita resiliente e execução sólida. A margem bruta ficou acima das projeções, mas ainda caiu 326 pontos-base em função da depreciação do câmbio. A Rico Corretora também ressaltou que o resultado pareceu em linha, mas com números abaixo das expectativas para a divisão de farma.

Souza Cruz (CRUZ3, R$ 23,00, -4,01%)
As ações da Souza Cruz tiveram sua quarta queda seguida após dados operacionais do segundo trimestre, figurando como sua maior sequência de queda desde o início de dezembro. Esse é o menor patamar registrado pelo papel desde o anúncio da OPA (Oferta Pública de Aquisição).

A companhia reportou lucro líquido de R$ 831,3 milhões no primeiro semestre, uma queda de 2% na comparação anual, enquanto o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 7,1%, para R$ 1,245 bilhão no período. Para a Rico Corretora, apesar do resultado reportado, o mercado deveria seguir o foco na OPA anunciada ao preço de R$ 26,14 após dividendos, no intuito de retirar as ações da empresa de circulação pelo seu controlador. O preço atual está 11% abaixo do valor da OPA, caso seja aprovada pelos acionistas minoritários.

Magazine Luiza (MGLU3, R$ 2,80, -9,68%)
As ações da Magazine Luiza voltaram a desabar nesta segunda-feira. Em dois dias, a queda já é de 20% depois da disparada na semana passada. A companhia disse na sexta-feira à noite que disse que sua intenção é renovar o contrato com a Cardif até o final do ano, embora o estágio dessa avaliação ainda seja preliminar, ressaltando que não há medidas concretas até o momento sobre o tema. A possível renovação do contrato foi atribuída nos últimos dias à disparada do papel na Bolsa, que chegou a disparar 54% na semana passada depois de ter batido na segunda-feira seu menor patamar histórico.

BTG Pactual (BBTG11, R$ 24,45, -4,08%)
As ações do banco chegam a perdas de 20% nos últimos sete pregões, figurando entre as maiores quedas do período entre as empresas da Bovespa. Essa queda acompanha a deterioração do quadro econômico e remete a possíveis elevações do provisionamento para crédito em seu balanço, o que o banco já fez no primeiro trimestre e deverá prosseguir dessa forma no segundo trimestre, o que tende a pressionar a rentabilidade, disse o analistas João Augusto Frotta Salles, da Lopes Filho.

Além disso, ele cita que há uma preocupação a mais do mercado com o banco devido a seu risco de exposição a alguns setores onde se insere as investigações da Operação Lava Jato. O BTG atua com certa concentração na carteira de crédito em termos setoriais e clientes corporate. Em momentos adversos como o atual, o agravamento do risco de um setor específico pode exigir os assinalados provisionamentos, complementou.