Dia de “sell-off”: 12 ações desabam mais de 3%; Kroton e Estácio lideram alta

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sexta-feira

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – Um cenário de incerteza com a economia interna volta a pesar no Ibovespa, principalmente depois do corte da meta fiscal na noite da última quarta-feira, que levou hoje o Morgan Stanley a cortar sua recomendação para Brasil para underweight (desempenho abaixo da média). Essa é a sexta queda seguida do índice, que acumula no período perdas de quase 8%. Foram 12 das 66 ações do Ibovespa recuando mais de 3%, enquanto apenas 6 papéis subiram mais de 1%. 

A reação de desconfiança no governo fez mais um dia de “sell-off” na Bovespa. O anúncio na quarta-feira da redução da meta do superávit primário e de projeções consideradas irrealistas para a trajetória da dívida pública ampliaram o risco do Brasil perder o grau de investimento.

Nas maiores quedas do Ibovespa, apareceram as ações da Eletrobras ON (ELET3, R$ 5,26, -6,57%), Gafisa (GFSA3, R$ 2,41, -5,49%), Cemig (CMIG4, R$ 9,07, -5,72%), Rumo (RUMO3, R$ 0,92, -6,12%) e CCR (CCRO3, R$ 14,46, -3,92%). Vale destacar também as ações da BR Malls (BRML3, R$ 12,62, -1,48%) e Gerdau (GGBR4, R$ 5,84, -3,15%), que também caíram forte e foram excluídas hoje da carteira para América Latina do Morgan Stanley, além da Kroton (KROT3, R$ 10,09, +1,71%) que ficou entre as poucas altas do dia, enquanto Suzano (SUZB5, R$ 15,69, +1,23%) e Totvs (TOTS3, R$ 35,15, -2,60%) foram incluídas. Para o portfólio Brasil, o banco excluiu Gerdau e Iochpe-Maxion (MYPK3, R$ 11,98, -2,84%).

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sexta-feira: 

Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 16,79, -3,06%; VALE5, R$ 14,03, -2,30%) e siderúrgicas Usiminas (USIM5, R$ 3,84, -0,78%), CSN (CSNA3, R$ 3,98, -0,75%), Gerdau e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,64, -1,62%), que tentaram um dia de alta hoje, viraram para queda ainda durante a manhã.

O movimento acompanhou dados ruins na China e queda no preço do minério de ferro hoje. A Markit divulgou na noite de ontem a prévia de julho do índice gerente de compras do setor industrial. No mês, o índice passou de 49,9 para 48,2 pontos, e aponta para uma deterioração maior da atividade industrial chinesa, com o indicador no menor nível dos últimos 15 meses. 

Continua depois da publicidade

Educacionais
Ontem, o CMN (Conselho Monetário Nacional) elevou a taxa de juros dos financiamentos concedidos pelo Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior). A taxa subiu de 3,4% para 6,5% ao ano. A elevação de juros havia sido anunciada por Renato Janine, ministro da Educação, no final do mês passado, quando ele também apontou a abertura de 61,5 mil novos contratos durante o segundo semestre. 

Segundo comunicado divulgado pela assessoria do Ministério da Fazenda, a elevação de juros deve-se ao cenário fiscal e à necessidade do ajuste. Ainda assim, diz a nota, o programa continuará com juro subsidiado, já que a taxa de 6,5% continua menor que a taxa de mercado. 

Na Bolsa, as ações das educacionais fecharam entre perdas e ganhos hoje depois de afundarem ontem: Kroton, Estácio (ESTC3, R$ 17,10, +3,64%), Anima (ANIM3, R$ 16,95, -2,59%) e Ser Educacional (SEER3, R$ 12,08, -3,44%).

Fibria
As ações da Fibria (FIBR3, R$ 44,08, +1,26%) se salvaram hoje entre alta do dólar e resultado do segundo trimestre, divulgado na manhã de ontem, que foi bem recebidos pelo mercado. Em relatório de hoje, o BTG Pactual ressaltou o momento favorável para a ação. “Estamos bearish para o real e relativamente bullish com os preços de celulose, que devem suportar as ações da Fibria”, comentaram os analistas Leonardo Correa e Caio Ribeiro, do banco, que tem preço-alvo de R$ 47,00 para o papel. Vale mencionar que no setor Suzano (SUZB5, R$ 15,69, +1,23%) subiu forte também na véspera (+4,37%), mas o balanço só será divulgado dia 12 de agosto.

Na mesma linha, o analista independente Flávio Conde, do blog What’s Call, escreveu que vê mais altas para a ação da Fibria, em função não apenas do resultado do segundo trimestre, mas principalmente porque as perspectivas permanecem positivas para o preço de celulose e dólar subindo no Brasil. Para ele, a ação tem força para chegar R$ 52,88, o que daria um potencial de valorização de 21% até o final do ano. No acumulado de 2015, o papel já subiu 34,7%.

Cemig (CMIG4, R$ 9,07, -5,72%)
As ações da Cemig seguiram em derrocada na Bolsa. Da metade de maio até ontem, os papéis desabaram 43%, batendo o menor patamar de fechamento desde dezembro de 2011.

Segundo o estrategista-chefe da XP Investimentos, o maior problema da companhia é com geração de energia. No final de junho, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou pedido da companhia de renovar automaticamente a concessão da hidrelétrica de Jaguara por mais 20 anos. A decisão abre precedente para que o STJ negue posse também das usinas de São Simão e Miranda, que juntas representam 40% da geração de energia da empresa. Além disso, a ação da empresa sofre com a interferência do governo. A XP não tem exposição na ação. 

Magazine Luiza (MGLU3, R$ 3,18, -10,42%)
As ações da Magazine Luiza viraram para forte queda depois de chegarem a disparar até 64% em apenas quatro pregões. Na segunda-feira, as ações bateram sua mínima histórica na Bolsa. Operadores de mercado descartam que a disparada fosse movimento oriundo de um “short squeeze” (pressão de vendidos quando há escassez de aluguel), embora comentem que a demanda por empréstimo é crescente e já há dificuldade para encontrar aluguel. Atualmente, quase 14% das ações da companhia em circulação no mercado estão alugadas – segunda mais alugada atrás apenas dos papéis preferenciais da Usiminas.

Nesta manhã, a empresa disse, em esclarecimento à BM&FBovespa, que desconhecia o motivo da disparada recente do papel, mas ressaltava que o movimento poderia ter sido influenciado por um relatório público de uma casa de research. Na quarta-feira, a Votorantim Corretora divulgou um relatório apontando que as altas recentes do papel poderiam ter sido oriundas de rumores sobre a renovação do acordo com a Cardif para a exploração de garantia estendida e seguros massificados na empresa, que venceria em dezembro deste ano.

Localiza (RENT3, R$ 28,39, +0,35%)
A Localiza divulgou balanço do segundo trimestre na noite de ontem. A companhia anunciou lucro líquido de R$ 93,4 milhões, uma redução de 7,2% com relação ao igual período do ano passado. A receita líquida ficou em R$ 949,5 milhões, abaixo das projeções compiladas pela Bloomberg de R$ 982,7 milhões. 

O Itaú BBA ressaltou que os resultados foram fracos, mas já antecipados pelo mercado. Para a corretora, a recente pressão sobre a ação é oportunidade de compra, especialmente após o anúncio do programa de recompra. A companhia anunciou um novo programa de recompra de até 12 milhões de ações com o prazo de 365 dias. Já o Bradesco BBI disse que os resultados foram em linha e que a companhia provavelmente reduzirá os dividendos para se tornar mais competitiva diante da fraca atividade econômica.

OdontoPrev (ODPV3, R$ 10,62, +1,05%)
O Credit Suisse aumentou o preço-alvo para as ações da OdontoPrev, de R$ 10,00 para R$ 11,50, mas manteve o rating neutro. Segundo o banco suíço, a deterioração do mercado de trabalho deve começar a pressionar o portfólio corporate antes que a companhia consiga acelerar a venda dos planos individuais. Para o segundo trimestre, os analistas esperam crescimento de 5,8% na comparação anual na receita líquida, enquanto acreditam que a empresa conseguirá sustentar sua margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) de 27,8%. As estimativas para o Ebitda de 2015 e 2016 adotam premissa de aceleração do crescimento dos planos individuais.