Abriu em queda, virou e caiu de novo: por que o mercado foi tão volátil ao “não” da Grécia?

Abriu em queda, virou para alta e voltou a cair; por que o mercado teve uma reação tão volátil ao não da Grécia?

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O “não” decidido pela população grega no referendo de domingo poderia ter criado pânico no mercado nesta segunda-feira (6), com o risco do país deixar a zona do euro, mas não foi isso que vimos na Bolsa. Logo na abertura, o principal índice da Bovespa caiu com força, chegando a bater nos 51.682 pontos, às 10h24, em sua mínima do dia, caindo 1,59%. Porém, apesar de fechar no negativo, o que se viu foi uma queda mais amena.

Após essa abertura negativa, o Ibovespa passou a ganhar força, chegando aos 52.656 pontos uma hora depois, na sua máxima do pregão, com leves ganhos de 0,30%, para a partir de então voltar a recuar e oscilar próximo dos 52.000 pontos, conseguindo se manter acima deste patamar no fim do dia, encerrando a 52.149 pontos, com queda de 0,70%.

Em nota a clientes, a gestora de recursos Icatu Vanguarda avaliou que os mercados mantiveram um viés de “aversão a risco ordenada” ao longo de toda a segunda-feira. “Ao que tudo indica, ainda parece haver esperanças, por parte do mercado, de que um acordo entre a Grécia e seus credores possa ser atingido nos próximos dias”, ponderando, contudo, que incertezas seguirão elevadas nos próximos dias.

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Já para o economista da Elite Corretora, Hersz Ferman, a Bolsa brasileira seguiu o movimento dos mercados internacionais, embora de maneira muito mais brusca. Para ele, também teve impacto a notícia de que BCE (Banco Central Europeu) continuará o programa de liquidez emergencial para bancos gregos, mas aumentará as restrições, o que pode fazer de uma notícia boa um sinal de alerta para os gregos.

Um dos fatores para a “calma” dos investidores após a abertura após o pedido de demissão do ministro das Finanças Yanis Varoufakis. Ele disse que pouco depois de serem anunciados os resultados do referendo, foi informado de certa preferência de alguns participantes do Eurogrupo, e de vários parceiros, pela sua ausência nas reuniões. “Uma ideia que o primeiro-ministro considerou ser potencialmente útil para que conseguisse chegar a um acordo. Por esse motivo, deixo o Ministério das Finanças hoje”, disse Varoufakis, em seu blog.

“O mercado está, corretamente ou erroneamente, atribuindo uma credibilidade elevada ao fato de que o BCE tem muito mais mecanismos de defesa em vigor do que tinha em 2011 e 2012”, disse o estrategista-chefe global do Standard Life Investments, Andrew Milligan.

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O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, confirmou que os chefes de governo dos países da zona do euro vão se reunir na noite desta terça-feira em Bruxelas, para discutir as consequências da rejeição de novas medidas de austeridade fiscal pelos eleitores da Grécia. Com mais de 90% dos votos do plebiscito deste domingo já apurados, o “não” venceu com mais de 61% dos votos.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.