Como os mercados acordarão segunda-feira após o “não” da Grécia?

Futuros dos Estados Unidos abrem em queda enquanto euro recua mais de 1% frente o dólar

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em um resultado surpreendente, o voto pelo “não” venceu o plebiscito na Grécia neste domingo (5), com a população rejeitando a proposta de socorro financeiro dos credores internacionais. A partir de agora, a Grécia volta à mesa de negociações com líderes da zona do euro para tentar um novo acordo e obter ajuda financeira.

Um resultado que jogou um banho de água fria para quem trabalhava com o cenário mais provável das últimas pesquisas – de que o ”sim” ganharia. Para analistas, o resposta da população abre um período de incertezas sobre o futuro da Grécia na zona do euro e levanta questões sobre a solidez da união monetária. 

No mercado, a reação inicial é negativa, com o euro caindo frente ao dólar, enquanto os principais índices acionários futuros dos Estados Unidos, que abrem normalmente às 19h (horário de Brasília) de domingo, recuam forte. No Brasil, a primeira reação será vista apenas às 9h, quando abre o índice futuro Ibovespa. O pregão regular inicia às 10h no Brasil e às 10h30 nos Estados Unidos. 

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Neste momento, os índices futuros S&P 500 e Dow Jones recuavam cerca de 1,4%, indo para 2.038 pontos e 17.409 pontos, respectivamente. Enquanto isso, o euro caía 1,6% frente ao dólar, a US$ 1,0963. 

Segundo Leandro Ruschel, diretor da Escola de Investimentos Leandro&Stormer, apesar da queda expressiva dos índices futuros norte-americanos, não devemos ver pânico generalizado nos mercados na segunda-feira. Isso porque os players acreditam que a Grécia chegará a um acordo para manutenção do país na zona do euro, mas, ainda assim, se isso não ocorrer e caso seja apenas a Grécia a sair do euro, haveria um impacto limitado, explica. “No final, pode ser um sinal muito claro de que a Alemanha, o verdadeiro motor da Europa, não aceita bancar a unidade da moeda a qualquer custo, fortalecendo o bloco”.

De qualquer forma, ele acredita que amanhã haverá uma corrida de investidores para ativos mais seguros, como os bonds do Tesouro dos Estados Unidos e alemão. Países mais vulneráveis como o Brasil devem sentir um pouco mais o sentimento negativo, assim como Itália, Espanha e França. Mas, novamente, ”isso deverá ser um sinal negativo e correção relevante, mas não vejo pânico nos mercados por enquanto”, frisa.  

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“No Brasil, podemos ver um aumento da aversão ao risco, com desvalorização do real, mas vejo como um impacto temporário, disse o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria. “Vai virar uma bola de neve, mas contida dentro da Grécia”, pontuou o gestor Frederico Mesnik, da Humaitá Investimentos.

Os extremos virão de dentro da Grécia
A Grécia deverá ter mais uma segunda-feira bem turbulenta. Apesar dos bancos e Bolsa de Valores gregos estarem fechados desde a segunda-feira passada, é possível observar o sentimento dos investidores locais pelo ETF grego “GREK, cotado no Nasdaq e que acompanha ações de 20 companhias da Grécia. Como parâmetro, ele desabou mais de 15% na segunda-feira pós-anúncio do plebiscito. Ele tem seu pré-market às 5h (horário de Brasília) e horário regular a partir das 10h30.  

Neste domingo, o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou estar cético sobre a capacidade da Grécia chegar a um acordo com seus credores internacionais. Em declarações, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou que a prioridade será conseguir retomar as atividades de operações dos bancos e restaurar a estabilidade econômica. “Estou plenamente consciente de que a direção que eu tomei não foi a da ruptura com a Europa, mas sim a de obter um mandato que aumente nossa força para negociar um acordo sustentável”, disse. 

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