“Sobrou pouco ‘upside’ na Bovespa”, diz estrategista do Itaú BBA

Carlos Constantini diz que Bolsa brasileira está cara em relação à média histórica e dá preferência ao mercado de ações mexicano

João Sandrini

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SÃO PAULO – Carlos Constantini, o estrategista-chefe de ações do Itaú BBA, acredita que a Bolsa brasileira está cara e oferece pouco potencial de valorização aos investidores. Em evento com jornalistas na sede do banco em São Paulo, ele afirmou que o BBA acredita que o preço-justo do índice Bovespa seria de 63.000 pontos em 12 meses, com um potencial de valorização de 19% em relação ao patamar atual (52.900 pontos às 14h30).

Considerando que a Selic está em 13,75% ao ano e que os contratos de juros futuros negociados na BM&F já precificam uma alta para 14,5% daqui a cerca de dois meses, ele acredita que não haveria prêmio suficiente para o investidor se arriscar em Bolsa neste momento. “Sobrou pouco ‘upside’ para a Bolsa. Fica questionável investir em ações com o atual patamar de juros, principalmente no curto prazo”, afirmou ele.

Outra forma de enxergar que os atuais preços da Bovespa estão elevados é pelo múltiplo de preço/lucro. As principais ações brasileiras são negociadas atualmente por uma média de 12,5 vezes o lucro previsto para 2015. Considerando que a média histórica é de 9 vezes, a conclusão seria de que o Ibovespa está caro, assim como a maioria das demais Bolsas emergentes.

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Constantini justifica o prêmio dos emergentes com a grande liquidez internacional. Houve entrada de forte de estrangeiros, com mais de R$ 57 bilhões ingressando na Bovespa desde 2013. Ele explica que o movimentou dos estrangeiros se acentuou após a forte desvalorização do real no início deste ano, que levou o dólar para patamares superiores a R$ 3. Mas, como os investidores locais continuam muito cautelosos, o rali das ações logo perdeu força.

O estrategista do Itaú BBA segue o humor dos investidores locais e continua “underweight” em Brasil – ou seja, recomenda uma exposição ao país menor do que o peso da Bovespa no mercado acionário internacional. Constantini acredita que o mercado mexicano está muito mais atraente que o brasileiro porque as expectativas de crescimento são mais sólidas.

Ele justifica sua não-opção pelo Brasil com a recessão – o banco estima queda de 1,7% do PIB neste ano – e o recuo do mercado de trabalho, que atrapalham muito as empresas que dependem do mercado doméstico. O executivo admite que a Bolsa nem sempre anda de acordo com o PIB – e pode até subir em recessões. O problema é que desta vez a recessão afetou em cheio a rentabilidade das empresas. Além do ambiente mais desafiador no lado das vendas, ele diz que o governo tende a elevar impostos. Outro agravante é que o custo de capital das empresas subiu com as altas da Selic, da TJLP e do IPCA. A Bolsa só não caiu mais pelo fluxo positivo dos estrangeiros, segundo ele.

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O Itaú tem poucas apostas na Bovespa e elas estão concentradas nas maiores empresas de consumo, no setor de commodities e em instituições de serviços financeiros. A carteira recomendada de ações do BBA inclui ações de Smiles, Ambev, BRF, São Martinho, BB Seguridade, Bradesco, Randon, Localiza, Weg e Suzano.