Entre altas e baixas de 50%: veja as melhores e piores ações do 1° semestre

"Cabo de guerra" no mercado: empresas voltadas à exportação disparam enquanto aquelas altamente dependentes da demanda interna derrapam e "seguram" alta do Ibovespa no semestre

Paula Barra

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SÃO PAULO – Para quem acompanhou o mercado nesses últimos seis meses, vivenciou fortes emoções: o Ibovespa saiu de uma forte queda de 6% em janeiro para uma arrancada que o levou para a casa dos 56.000 pontos em abril. Mas, passado a euforia, o índice passou a viver uma morosidade nesses dois últimos meses, para fechar o primeiro semestre com ganhos de 5,9%, a 52.956 pontos.

Na “conta”, a Bolsa carregou um cenário de deterioração macroeconômica, alta de Selic (que subiu 2 pontos percentuais nesses seis meses, para 13,75% ao ano), disparada do dólar, drama grego e uma expectativa por alta dos juros nos Estados Unidos, que poderia secar a “farra” de liquidez que os mercados emergentes vivenciaram nos primeiros meses do ano. 

Envolto nesse ambiente, os investidores iniciaram um “cabo de guerra” no mercado. O que se viu foi uma disparada das empresas voltadas à exportação enquanto aquelas altamente dependentes da demanda interna aquecida ou que têm seus custos em dólar caíram forte. O resumo foi que as ações do Ibovespa foram de uma queda de 50% a alta de 50% no semestre. Mas, apesar da amplitude dos dois lados ter sido a mesma, 21 ações caíram mais de 10% enquanto 16 subiram acima de 10%. Para ver o desempenho de todas as ações no período, clique aqui.  

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Maiores altas Maiores quedas
Empresa Ticker Variação Empresa Ticker Variação
Lojas Renner LREN3 +49,83% Gol GOLL4 -51,45%
Suzano SUZB5 +48,29% Metalúrgica Gerdau GOAU4 -43,15%
JBS JBSS3 +47,66% Cia Hering HGTX3 -38,16%
Petrobras ON PETR3 +46,30% Oi OIBR4 -32,06%
Hypermarcas HYPE3 +35,92% Marcopolo POMO4 -27,92%

Maiores quedas

– Gol

Entre as maiores quedas, a Gol (GOLL4) liderou as perdas no período (-51,12%). Boa parte da desvalorização do papel, no entanto, ocorreu nos três primeiros meses do ano, quando caíram 48% – um movimento que coincidia com a escalada do dólar. A Gol obtém 87% da sua receita em reais, enquanto 75% dos seus compromissos financeiros são em moeda estrangeira.

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Como o dólar disparou no começo do ano, a companhia não conseguiu se beneficiar da forte queda do petróleo nos primeiros meses do ano, que poderia contribuir para reduzir drasticamente seus custos com combustível. Em março, a commodity bateu seu menor patamar em seis anos, embora nos meses seguintes tenha conseguido recuperar as perdas. 

Em entrevista ao InfoMoney, o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Gol, Edmar Lopes, disse que o problema era o Brasil, não a companhia, dado que o setor é muito dependente do crescimento econômico e, se o País não cresce, a demanda por passagens também não aumenta. 

Veja mais em: “O problema não está na companhia, está no Brasil”, diz vice-presidente da Gol

– Metalúrgica Gerdau

Seguiram o ranking das maiores quedas, as ações da Metalúrgica Gerdau (GOAU4), que desabaram 44% no período, enquanto a Gerdau (GGBR4) recuou 21,22%. O setor siderúrgico como um todo passa por um momento bem complicado, com queda do preço do minério de ferro e baixa demanda, que levaram as ações da Usiminas (USIM5, -17,77%) a acumularem também fortes perdas no ano. A CSN que conseguiu, em partes, escapar desse cenário e fechou praticamente estável (+0,04%). 

Durante evento da Gerdau com investidores e analistas em Nova York, neste mês, o presidente da siderúrgica André Gerdau Johannpeter, disse que via “queda grande” da demanda e que os preços atuais do minério de ferro são inviáveis. 

No caso da Metalúrgica Gerdau, pesou o fato ainda da sua saída do MSCI Brazil, no rebalanceamento semianual do índice que serve como referência para muitos fundos estrangeiros, que ocorreu no final de maio. Desde dia 13 de maio (quando já era previsto a saída do papel do índice) até hoje, os papéis da companhia desabaram 34,7% na Bolsa, contra 25% da Gerdau.  

– Cia Hering 

A Cia Hering (HGTX3) complementa a lista das três maiores quedas do Ibovespa no semestre. O cenário macroeconômico difícil desafia perspectivas de retomada da empresa, pesando no papel dela e outras varejistas na Bolsa. O setor sofre em meio à crise de confiança do consumidor, aumento da inflação, taxa de desemprego e restrição de crédito. Fatores que têm feito com que muitas varejistas revejam seus planos de expansão para o ano e busquem diferentes estratégias para aumentas as vendas.

No caso da Cia Hering, o papel passou a viver realmente seu inferno astral na Bolsa depois da divulgação do balanço do primeiro trimestre. A empresa conseguiu entregar um resultado ainda pior do que era esperado, levando no dia (8 de maio) suas ações para uma queda de 22,4%. De lá para cá, as ações praticamente só caíram no mercado (-34,7%), figurando próximas do menor patamar desde junho de 2010. Na mesma linha, outras varejistas também sofrem: Magazine Luiza (MGLU3, -52,74%), Via Varejo (VVAR11, -44,36%) e Lojas Marisa (AMAR3, -24,77%) – entre as maiores quedas da Bolsa. 

Maiores altas

– Lojas Renner

A luz do setor veio com a Lojas Renner (LREN3), que conseguiu driblar todo o pessimismo que tomou conta e subir 49,8% no período. A companhia vem se preparando desde o ano passado para enfrentar a desaceleração da economia. Mudanças sutis, como maior agilidade no atendimento e reforma dos provadores, são apontados como estratégia para manter o consumidor na loja pela empresa.

Com a casa arrumada, ela tem conseguido remar contra a maré. Nesses últimos dias, uma série de empresas do setor anunciaram demissões enquanto ela prevê contratações, segundo o Valor. A companhia deve contratar 2 mil pessoas e tem como meta abrir 45 lojas no ano.  

Veja mais em: O que ocorre com a dona da Casas Bahia? Crise provoca demissões e queda das ações

– Suzano 

A Suzano (SUZB5) foi uma das grandes apostas dos analistas para se beneficiar da disparada do dólar, já que a empresa tem sua receita atrelada à moeda americana. Com o efeito do câmbio pesando a favor, as ações da companhia subiram 48,29% nos seis primeiros meses de 2015. A Fibria (FIBR3), também do setor de papel e celulose, subiu 31,31%.  

Além disso, analistas citam o aumento do preço da celulose, que favorece as empresas do setor. Hoje, por exemplo, foi anunciado um aumento da celulose de US$ 1,00 a tonelada na Europa e US$ 3,00 a tonelada na China, afastando a possibilidade de queda no curto prazo.  

– JBS

A JBS (JBSS3, +47,66%) completa o time das maiores altas – empresa que também tem forte perfil exportador. Notícias positivas para os frigoríficos contribuíram para a alta, como a recente liberação dos Estados Unidos à importação da carne bovina brasileira in natura. A Minerva (BEEF3), tida por analistas como a favorita a ganhar com a abertura do mercado americano, registrou ganhos de 15,9% no semestre.

Neste mês ainda a empresa anunciou a aquisição da Moy Park da Marfrig por US$ 1,5 bilhão, mas analistas viram a notícia como neutra para o frigorífico. 

– Petrobras

Merece menção também as ações da Petrobras, cujas ordinárias dispararam da metade de março para cá 73% na Bolsa, acumulando nos primeiros seis meses do ano alta de 46% e figurando como a quarta melhor ação do Ibovespa. 

Se o ano não começou bem para a estatal, que ainda não tinha divulgado seus números auditados referentes ao terceiro trimestre por não ter recebido o aval da auditora PriceWaterHouseCoopers em novembro, conseguiu reverter o pessimismo com a mudança da diretoria e sinalizações mais pró-mercado do novo presidente da companhia, Aldemir Bendine. 

Bendine assumiu a estatal com diversos desafios. Um deles foi fazer com que os planos da companhia coubessem em seu orçamento, além da perspectiva para a divulgação do balanço auditado da empresa. Um dos obstáculos foi ultrapassado em 22 de abril de 2015, quando a Petrobras divulgou os números auditados em relação aos terceiro e quarto trimestres de 2014. E os números impressionaram: R$ 6,2 bilhões em perdas com corrupção na Petrobras e perda de R$ 44,63 bilhões por desvalorização de ativos (impairment). Passados dois meses, a empresa divulgou (nesta semana) o que faltava: seu plano de negócios de 2015 a 2019, que também foi bem recebido pelo mercado, fatores que ajudaram a melhorar a imagem da empresa, manchada pelo escândalo de corrupção investigado na Operação Lava Jato. 

Veja mais em: Com alta de 47%, Petrobras torna-se a melhor ação do Ibovespa em 2015