Estácio dispara 5%, frigoríficos sobem, Petrobras cai e Vale e siderúrgicas afundam

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em sessão bastante volátil, o Ibovespa conseguiu fechar o pregão no positivo, encerrando esta terça-feira (30) com leves ganhos de 0,13%, aos 53.080 pontos. Entre os destaques, as ações da Vale e siderúrgicas intensificaram as perdas durante a tarde enquanto a Petrobras, que chegou a subir quase 2%, fechou com leves perdas.

Os bancos também amenizaram o movimento de alta durante a tarde. Do lado positivo, chamaram atenção as educacionais, com notícias sobre o Fies, e os frigoríficos, impulsionados pelo acordo anunciado ontem com os Estados Unidos.

Confira abaixo os destaques desta sessão:

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Petrobras (PETR3, R$ 14,03, -0,14%; PETR4, R$ 12,71, -0,31%)
Depois de uma manhã no positivo, que deixava para trás o pregão de fortes quedas da véspera, as ações da Petrobras viraram para perdas durante a tarde mesmo com o noticiário favorável para a estatal. Hoje, o HSBC elevou as ações da companhia de “reduzir” para “manutenção”, enquanto o Credit Suisse revisou o preço-alvo dos ADRs (American Depositary Receipts) de US$ 5,00 para US$ 6,00, mas manteve a recomendação em underperform (desempenho abaixo da média).

Para a equipe do Credit Suisse, a estatal “não poderia ter dito muito mais em seu comunicado do plano de negócios”, sendo que os números apresentados foram mais realistas, sendo assim bem-vindos para o mercado. “Ao longo do tempo, a produção não veio e os preços do petróleo estão baixos agora […] Desta vez, a desalavancagem gradual que a Petrobras propõe é extremamente dependente de um alvo muito alto de desinvestimento – de R$ 58 bilhões – ao longo de quatro anos”, afirmaram os analistas.

Veja mais em: Mercado aprova plano da Petrobras, mas cobra detalhamento de financiamento

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Vale (VALE3, R$ 18,29, -4,74%; VALE5, R$ 15,58, -4,12%)
As ações da Vale caíram forte hoje em meio à derrocada do minério de ferro, que caiu 3,17% no porto de Qingdao, na China, sendo cotado a US$ 59,35. Com a queda, essa é a primeira vez que o papel preferencial da mineradora opera abaixo de R$ 16,00 desde 22 de abril. Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 10,52, -5,05%), holding que detém participação na Vale.  

Os papéis da mineradora caíram hoje repercutindo ainda notícias de que a Austrália cortou em 10% sua previsão para os preços do minério de ferro, citando o mercado de aço fraco na China, enquanto prevê uma queda de 11% na receita com a exportação de recursos no atual ano fiscal. O governo afirmou nesta terça-feira prever agora que o preço médio do minério de ferro fique em US$ 54,40 a tonelada em 2015, abaixo da projeção anterior de US$ 60,40 a tonelada. A projeção para o próximo ano foi reduzida de US$ 56,80 para US$ 52,10 a tonelada.

Siderúrgicas
Na mesma toada das ações da Vale, os papéis das siderúrgicas recuaram forte hoje: Usiminas (USIM5, R$ 4,12, -4,63%), Gerdau (GGBR4, R$ 7,49, -3,35%), Gerdau Metalúrgica (GOAU4, R$ 6,37, -4,35%) e CSN (CSNA3, R$ 5,17, -2,82%). 

No radar, a Usiminas comunicou ontem que a partir de 3 de julho, a sede de Belo Horizonte (MG), não funcionará às sextas-feiras com intuito de reduzir custos. A medida vigorará pelos próximos três meses e pode ser prorrogada por igual período, visando adequar os custos de pessoal e a melhoria da competitividade da companhia no cenário atual do mercado.

Além disso, o Ministério Público Federal pediu suspensão das operações da CSN em Volta Redonda. Em comunicado, o MPF alegou que a empresa não possui licença de operação desde 2012 e não cumpre obrigações estipuladas em termo de ajustamento de conduta (TAC) feito com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

Frigoríficos
As ações dos frigoríficos Marfrig (MRFG3, R$ 5,69, +0,89%), JBS (JBSS3, R$ 16,36, +2,70%) e Minerva (BEEF3, R$ 11,48, +1,59%) amenizaram os ganhos após uma disparada mais cedo. Os papéis reagem ao anúncio da liberação dos Estados Unidos à importação da carne bovina brasileira in natura. A medida encerra uma restrição praticada há 15 anos e favorece 95% da agroindústria exportadora brasileira.

Segundo o BTG Pactual, a notícia é positiva para todos os frigoríficos brasileiros, especialmente o Minerva. Para a equipe de análise do banco, a liberação dos EUA à importação poderá facilitar a entrada do produto em outros mercados rentáveis como Canadá, México, Japão e Coreia do Sul. Eles preveem que a exportação inicial aos EUA será de 40 milhões de toneladas, com potencial de 100 milhões de toneladas no longo prazo.  

Para a Concórdia Corretora, a notícia é claramente positiva, não apenas pelo tamanho e potencial do mercado americano em si, mas também por contrapor o conjunto enfraquecido de mercados compradores. Nos últimos trimestres, além da desaceleração nacional, importantes mercados consumidores, como Russia e Venezuela, vêm sofrendo crises econômicas relevantes de maneira a afetar volume e mix de vendas brasileiras, ainda sem o benefício da desvalorização do real, visto que suas moedas apresentaram comportamento semelhante. 

Já nos EUA essa história é outra. Com bom desempenho econômico e moeda mais valorizada, a abertura do mercado interno deve servir de catalizador para as frigoríficas brasileiras. Entretanto, é necessário destacar que o mercado de carne bovina nos EUA possui escala e é bastante competitivo, implicando em concorrência relevante para as empresas exportadoras, comentaram os analistas da Concórdia.

Papel e Celulose
Ontem, as ações do setor de papel e celulose caíram forte na Bolsa. Hoje, Suzano (SUZB5, R$ 16,54, +1,60%) conseguiu sustentar uma ligeira alta, enquanto a Fibria (FIBR3, R$ 42,42, -0,12%) recua fechou em queda. Segundo analistas do Credit Suisse, não houve motivo para tal movimento ontem dado que os números fracos da exportação brasileira de maio são dados antigos e que desde então o preço de celulose subiu de forma consistente.

Um exemplo, citam, são alguns analistas que esperavam uma queda ou manutenção dos preços de celulose (fibra curta) que foram anunciados hoje, porém houve um aumento de celulse de US$ 1,00 a tonelada na Europa e US$ 3,00 a tonelada na China, afastando a possibilidade de queda no curto prazo. “Muito especulação em cima do tema, mas acreditamos que os papéis do setor devem ter uma recuperação”, disseram os analistas.

Eletropaulo (ELPL4, R$ 17,79, +1,48%)
Depois de um “susto” nesta manhã, as ações da Eletropaulo retomaram ganhos nesta sessão. Da máxima para mínima, os papéis chegaram a cair 7%, mas conseguiram fechar no positivo. Nesta manhã, saiu a notícia de que a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou aumento médio de 15,23% nas tarifas da Eletropaulo, dentro do processo do quarto ciclo de revisão tarifária da distribuidora paulista.

O índice ficou ligeiramente acima da proposta inicial apresentada pela agência, em maio, de um aumento médio de 15,16 por cento. A proposta passou por audiência pública, foi ajustada e chegou ao valor anunciado nesta terça. O aumento começa a valer a partir do dia 4 de julho.

Telefônica (VIVT4, R$ 43,56, +1,21%)
Para quem olha a Telefônica, o FTSE confirmou ontem à noite um aumento de peso em seu índice FTSE Brazil da ordem de R$ 1,72 milhões de ações preferenciais. O rebalanceamento está previsto para terça-feira, dia 7 de julho, representando aproximadamente 0,5 dia de negociação. No final de agosto, terá também o rebalanceamento do MSCI para as ações da companhia. 

Na semana passada, o Credit Suisse retomou cobertura da ação da Telefônica com recomendação outperform (desempenho acima da média) e preço-alvo de R$ 53,00 por ação. 

Educacionais
As ações das educacionais apareceram entre as maiores altas do Ibovespa nesta sessão depois de fortes quedas nos últimos dias. Na Bolsa, destaque para Kroton (KROT3, R$ 11,89, +2,06%), Estácio (ESTC3, R$ 18,00, +4,65%), Ser Educacional (SEER3, R$ 14,38, +3,45%) e Anima (ANIM3, R$ 21,75, +3,57%).

No radar, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação publicou nesta terça-feira portaria que prorroga para 20 de julho o prazo para a renovação semestral dos contratos de financiamento concedidos pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) que venceria hoje. Segundo portaria publicada no Diário Oficial da União, a renovação pode ser feita para contratos simplificados e não simplificados do primeiro semestre. O mesmo prazo vale para a realização de transferência integral de curso ou de instituição de ensino, de acordo com a portaria.

Em entrevista à Bloomberg hoje, o presidente da Kroton, Rodrigo Galindo, disse que vê expansão da margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) nos próximos anos com a redução da taxa de evasão escolar e aumento do número de alunos em salas de aula. Segundo ele, a venda da Uniasselvi será anunciada em cerca de 45 dias. “Ainda vemos muito espaço para fusões e aquisições”, disse.

Via Varejo (VVAR11, R$ 11,23, -2,01%)
A equipe de análise do Credit Suisse conversou com alguns varejistas nos últimos dias e a impressão foi que o cenário macroeconômico está se deteriorando mais rápido do que o esperado. Eles esperam que a “vendas nas mesmas lojas” (que considera lojas abertas há pelo menos um ano) da Via Varejo, dona da Casas Bahia e Ponto Frio, tenham uma queda de até 20% em 2015 contra o ano anterior. Segundo os analistas, a empresa tem negociado contratos de aluguel e buscado outras formas de reduzir despesas, mas ainda assim os impactos do cenário adverso devem ser sentidos um pouco mais para frente, entre o terceiro e quarto trimestre. 

Veja mais em: O que ocorre com a dona da Casas Bahia? Crise provoca demissões e queda das ações