Habeas corpus de Lula coloca Ronaldo Caiado em destaque, mas quem ganha com isso?

Munido de uma imagem de pedido de habeas corpus, o twitter senador Ronaldo Caiado apareceu hoje como quarto mais acessado do Brasil

Paula Barra

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SÃO PAUO – Munido de uma imagem do pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) ganhou fama nesta quinta-feira (25). Ele teria sido a primeira pessoa a divulgar, o que posteriormente foi desmentido, que Lula teria entrado com pedido preventivo na Justiça Federal do Paraná para não ser preso na Operação Lava Jato. Não para menos, seu perfil no Twitter, no qual a notícia foi espalhada, apareceu hoje como o quarto mais acessado no Brasil. Mas tanta repercussão, que posteriormente foi negada pelo Instituto Lula, foi boa para quem?

A notícia traz um risco na estratégia da oposição, que é sair do tom razoável, o que se espera do jogo político racional, comentou Rafael Cortez, analista político da Tendências Consultoria. Isso porque o habeas corpus não passou de “fogo de palha” hoje. 

Horas depois que a informação começou a circular no mercado, o Instituto Lula negou que o ex-presidente teria entrado com o recurso: “fomos informados pela imprensa da existência do habeas corpus” e não sabemos no momento se esse ato foi feito por algum provocador para gerar um factóide”, disse. Quem teria ajuízado o pedido foi Maurício Ramos Thomaz, que vive em Campinas e já ingressou com 145 habeas corpus no STF (Superior Tribunal Federal), normalmente à revelia – ou seja, sem que os “beneficiados” pelas peças tenham feito qualquer pedido. 

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Apesar de ter saído do tom “razoável” e não ter passado de um falso alarme, Cortez lembra que o momento político ainda é muito desfavorável para o Planalto e o campo governista – Lula e Dilma. “Existe uma crise de representação e, nesse sentido, a Lava Jato só aumenta a magnitude dessa fragilidade, mesmo com os erros estratégicos da oposição”, comentou.

Ele considerou o que ocorreu hoje como um “erro estratégico”, porque passou do campo político e foi para o âmbito da Justiça, sem que houvesse algo de concreto. “Foi uma escolha que extrapola o campo político e não contribuiu para um debate saudável”. Ainda assim, “não dá para desconsiderar o momento no qual o governo está atravessando”.  

Segundo ele, do ponto de vista do Planalto, o prosseguimento da Lava Jato contribui para a permanência desse quadro de incerteza, afetando principalmente a dinâmica dos investimentos, mais do que qualquer efeito de imagem que possa gerar para Lula ou Dilma. “A questão bate diretamente na confiança dos investimentos e na retomada do ciclo de crescimento econômico que [o ministro da Fazenda] Joaquim Levy está tentando implementar”.

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Ele argumenta que o novo ciclo de crescimento econômico precisa ser apoiado com mais investimentos, mas boa parte dele passa pela questão da segurança jurídica e a Lava Jato vai contra essa agenda. “Esse movimento de retomada econômica torna-se cada vez mais difícil, pressionando, consequentemente, ainda mais o governo”, explica.

Agora, se teve um ponto relevante hoje, foi a decisão da CMN (Conselho Monetário Nacional), nesta noite, de reduzir a banda de tolerância da inflação de 2 ponto percentual para 1,5 p.p em 2017, deixando o teto da meta da inflação em 6%. “Um movimento que pode ser lido como o Planalto reforçando uma reconstrução da agenda macroeconômica em pararelo a uma insegurança política. Ninguém esperava por uma mudança em termos de inflação”, concluiu.

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