O fantasma de 1937 está assombrando o Fed e os mercados – mas pode não haver opções

Políticos e observadores do mercado afirmam que os riscos do Fed elevarem os juros muito cedo excedem o de se mover muito tarde - mas agora, risco de manter juro zero pode estar aumentando

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Na tentativa de orientar a economia de 2015, o Federal Reserve está lutando contra o espírito de mau presságio de 1937, conforme destaca reportagem da CNBC.

Os estrategistas de Wall Street estão preocupados, uma vez que a autoridade monetária estaria tão cautelosa sobre não cometer erros que pode perder uma oportunidade boa e sólida de normalizar a economia monetária após sete anos de políticas decididamente anormais.

“Políticos e observadores do mercado afirmam que os riscos do Fed elevarem os juros muito cedo excedem o de se mover muito tarde. Este é o espectro de 1937, quando o Fed elevou as taxas prematuramente e agravou a Grande Depressão”, afirma o chefe de estratégia de investimentos da State Street Global Advisors,  Michael Arone, em uma análise para clientes entitulada “”Why the Federal Reserve Needs to Bury the Ghost of 1937” (em tradução livre: Porque o Federal Reserve precisa enterrar o Fantasma de 1937).

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Naquele ano, o Fed também temia um surto inflacionário, mas teve que voltar atrás à medida que a economia voltava a entrar em recessão.

“A maioria dos investidores assume o consenso de que uma taxa baixa por um longo tempo é altista para ações e títulos”, destaca o estrategista. No entanto, Arone destaca que “o Fed elevar tardiamente as taxas de juros também contribui para a queda do preço dos títulos e, a mais longo prazo, para as ações também.”

O Fomc (Federal Open Market Committee) se reúne nesta semana; há apenas alguns meses, era esperado para esta data o primeiro aumento da taxa em nove anos. No entanto, o crescimento econômico mais lento do que o esperado diminuiu a urgência para o aperto monetário. Agora, muitos operadores nem esperam uma alta da taxa em 2015. Enquanto Arone não acredita que o Fed deva se mover agora, ele avalia que os riscos de aumentar os juros tarde excedem e muito os riscos de subir juros agora.

Continua depois da publicidade

“Os riscos neste ambiente estão crescendo, não diminuindo”, disse ele, que destaca que, apesar da recessão ter terminado oficialmente em 2009, o Fed não mudou a sua política. Além das taxas zero, também ocorreu um programa de liquidez com compra de títulos cujo efeito levou o mercado de ações a subir 220%.

Porém, há algumas diferenças entre 1937 e 2015: naquela época, os preços ao consumidor foram caindo e o desemprego estava subindo, enquanto a dinâmica é exatamente a oposta agora. A comparação mais relevante, disse ele, seria 1999, quando o Fed manteve o pé no pedal durante a bolha pontocom.

“O Fed esperou muito tempo para aumentar as taxas em 1999. A inflação já começou a acelerar antes da primeira subida das taxas”, disse ele. “Como resultado, teve que apertar mais rápido do que de outra forma teria sido necessário. Cinco altas de taxa em 0,25 ponto percentual mais tarde e apenas nove meses após a primeira caminhada, houve o estouro da bolha do mercado de ações.”

Continua depois da publicidade

A esperança, contudo, é que a estrada deve ser mais suave desta vez. “A saída do Fed da taxa zero em 2015 irá se revelar muito menos dramática do que em 1937: os investidores hoje veem um Fed dovish (brando) e não hawkish (duro); a inflação está sob controle, reforçando a credibilidade e a fé dos investidores na recuperação da economia é reforçada por um ciclo virtuoso de aumento da atividade do setor imobiliário, do crédito bancário e da atividade de pequenas empresas “, disse Michael Hartnett, estrategista-chefe de mercado do Bank of America Merrill Lynch, mostrando maior otimismo.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.