Fundos dobram aposta em Renner e Pão de Açúcar, mas gestores alertam: cuidado com varejo

Algumas varejistas estão atraindo investimento de fundos mesmo em tempo de consumo fraco, mas otimismo pode não ser com todo o setor

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O consumo dos brasileiros não está tão forte em 2015 como costumava ser e a economia deve sofrer retração em 2015. Mas, mesmo assim, tem chamado a atenção o forte posicionamento de fundos de investimento em ações de empresas varejistas. Na semana passada a T. Rowe Price elevou sua participação de 5,38% para 15,05% no capital social das Lojas Renner (LREN3), enquanto o Oppenheimer elevou sua participação em Pão de Açúcar (PCAR4) de 5,24% para 10,37%. Por que mesmo com as condições adversas os grandes fundos estão “dobrando as apostas” nestas empresas?

Para entender este movimento, em primeiro lugar, é preciso olhar para a estratégia de cada um destes fundos. Na avaliação de Frederico Mesnik, sócio-gestor da Humaitá Investimentos, o motivo por que algumas instituições estão enchendo o bolso de ações destas companhias é porque eles operam no longuíssimo prazo, procurando ativos bons e resilientes para investir dentro da filosofia de megainvestidores como Warren Buffett. Assim, a conjuntura econômica do Brasil atual não influi tanto na decisão de compra. “O Brasil tem 200 milhões de habitantes e é uma economia que vai sair dessa situação”, afirma.

Ele lembra que os dois ativos, LREN3 e PCAR4, possuem um histórico de boa gestão, que fazem deles boas apostas para operações de buy and hold.

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Escolha bem
Outra questão para ter cuidado com qualquer afirmação que venham fazer sobre o varejo é que os papéis do setor estão tendo desempenhos díspares o bastante para que seja difícil colocar todos em um mesmo bloco. O analista da XP Investimentos, Ricardo Kim, ressalva que como a questão macroeconômica pega todas as empresas, as que têm resultados melhores acabam concentrando os investimentos.

Ele lembra que no próprio setor há um exemplo de ação que não está atraindo os investidores, que é a Hering (HGTX3), dona de uma desvalorização de 36,79% no ano. Também têm desempenhos bem diferentes os papéis da Restoque (LLIS3) que tem 2,77% de queda no ano, da Marisa (AMAR3), que cai 22,20% e da Guararapes, controladora da Riachuelo (GUAR4), com queda de 3,69%. Ou seja, por mais que algumas ações do setor ganhem até um “status” de defensivas, não é toda varejista que têm boas perspectivas de prosperar na Bolsa. Dentro de um segmento tão afetado pelo desempenho da economia, o “stock picking” (escolha de ações) é de extrema importância. 

Na mesma linha de pensamento vai o gestor da Athena Capital, André Vainer. Para ele, quem ainda pode ser considerado um “ótimo investimento” dentro do setor é a Renner, que vê seus papéis se valorizarem em 45% no ano. E o motivo, na sua opinião, é que ela colhe agora os frutos que plantou anos atrás quando começou a se remedolar para sair do mercado de venda de roupas “commoditizadas” para entrar no mercado de fast fashion. “Isso faz com que ela tenha uma assertividade maior e suba o preço dos seus produtos”, explica. 

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Dentro deste cenário, a fraqueza que atinge o setor é vista até mesmo como positiva, já que enfraquece os concorrentes e faz com que a companhia ganhe mais participação no mercado. No entanto, isso é no curto prazo. Vainer lembra que se a economia brasileira continuar patinando durante longos períodos, eventualmente mesmo as empresas com boa gestão como a Renner irão desacelerar. 

Com relação ao Pão de Açúcar, Vainer diz que ele e sua gestora ainda esperam um pouco para conhecer melhor e ter certeza de que a estratégia da empresa continuará a mesma que era praticada antes da saída do empresário Abílio Diniz. “Houve uma mudança de capital humano muito forte, o que é algo muito relevante no varejo”, diz. 

Ou seja, mais importante do que nunca é olhar para os fundamentos e o histórico das companhias quando se pensa em investir no varejo. Isso e lembrar que por melhor seja uma gestão, a economia deve estar sempre no foco quando se lida com um segmento que depende tanto do aquecimento do consumo.