Poucos meses, 11 setores impactados em R$ 166 bi: veja quem sofrerá com os ajustes de Levy

A maior parte do ajuste é paga pelos consumidores e as empresas são indiretamente impactadas pelo consumo mais fraco, redução e/ou remoção de subsídios e aumento dos impostos, destaca o Bank of America Merrill Lynch

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Nesta semana, o ajuste fiscal ganhou um novo avanço. O Senado aprovou a Medida Provisória 665 que muda os benefícios como seguro-desemprego e abono salarial e deve ajudar o governo a economizar R$ 7 bilhões em 2015. 

Apesar de todos os ruídos políticos, há progresso no ajuste macroeconômico, mas mais aumentos de taxas são possíveis e os investidores estão preocupados no modo de que as empresas podem ser impactadas, conforme destaca relatório do Bank of America Merrill Lynch. 

“Na nossa visão, o principal risco de curto prazo é a eliminação de JCP (Juros sobre Capital Próprio), o que pode reduzir os ganhos do Ibovespa em 8%”, afirmam os estrategistas do banco Felipe Hirai e Ligia Araujo, destacando que o setor financeiro e os bancos são os mais impactados pelo ajuste.

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A maior parte do ajuste é paga pelos consumidores e as empresas são indiretamente impactadas pelo consumo mais fraco, redução e/ou remoção de subsídios e aumento dos impostos.

Já o fim dos JCPs pode ser a próxima medida, mas o BofA destaca que os retornos já estão demasiadamente baixos e os efeitos podem ser menores. O BofA destaca notícias recentes  quesugerem que os benefícios fiscais sobre os juros sobre o capital próprio poderiam ser eliminados. As empresas brasileiras podem deduzir para fins de imposto de renda, que é calculado pela multiplicação do patrimônio líquido pela TJLP (em 6% agora).

“De acordo com nossas estimativas isso poderia ter um impacto sobre as empresas cotadas de R$ 10 bilhões em impostos mais altos e os lucros mais baixos. Como os lucros já estão muito apertadas (o retorno sobre patrimônio líquido tem sido inferior ao custo médio de 10 anos de patrimônio nos últimos 6 anos) e alavancagem crescente (relação entre dívida líquida e o EBITDA em 3 vezes), uma tributação mais elevada poderia forçar empresas a elevar preços, reduzir investimentos e/ou dividendos. Outra medida que poderia impactar as empresas é um imposto sobre os dividendos. No ano passado, as empresas listadas pagaram em conjunto R$ 90 bilhões em dividendos.

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Desta forma, o BofA destacou em tabela quais são os setores impactados pelas medidas de ajuste fiscal, entre já aprovadas e as que podem ser implementadas, e chegaram a um número de R$ 166,8 bilhões de perdas para os mais diversos setores da economia, inclusive para consumidores. 

E, em meio a esse cenário, como fica a Bolsa? Os estrategistas veem o Ibovespa a uma relação entre preço e lucro entre 11 vezes a 14 vezes. As expectativas permanecem desafiadoras e os retornos são baixos e a maior parte da expansão recente deve ser atribuída a taxas de desconto mais baixas.

Confira abaixo as medidas que já foram aprovadas e as que podem ser implementadas (clique na imagem para ampliá-la):

Juros sobre capital próprio
No caso do JCP, os estrategistas destacam que as empresas listadas no País pagaram R$ 45 bilhões para um benefício fiscal. Esta medida exigiria a aprovação do Congresso antes da implementação.

Confira abaixo o impacto potencial para as empresas brasileiras. Para o Ibovespa, a remoção da dedutibilidade dos juros sobre o capital poderia impactar negativamente os ganhos em cerca de 8%.

Impacto nos lucros das companhias com o fim do JCP:

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.