Ibovespa volta a cair forte com derrocada da Vale e “temor” do PIB; dólar sobe 1%

Mau humor nas bolsas internacionais colabora para mais um dia pessimista mesmo após aprovação de Medidas Provisórias do ajuste fiscal no Senado

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em queda nesta quinta-feira (28) puxado por fortes quedas de blue chips, principalmente Vale e bancos. Lá fora, as Bolsas caem com preocupações acerca de possíveis medidas do governo da China contra o rali da bolsa no país, além de tensões nas negociações na Grécia e fala de John Williams do Federal Reserve de San Francisco de que os Estados Unidos devem elevar os juros ainda este ano. 

Às 13h30 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira caía 1,19%, a 53.591 pontos, enquanto o dólar comercial subia 1,13%, a R$ 3,1799 na compra e a R$ 3,1807. 

Hoje houve a aprovação da Medida Provisória 664, mais uma do ajuste fiscal. A mudança no Fator Previdenciário que veio com ela preocupa o ministro Joaquim Levy e deve ser vetada pela presidente Dilma Rousseff (PT). Depois da 664, senadores devem votar hoje a MP 668, que trata do aumento das alíquotas de PIS/Cofins para importações.

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Antes disso, contudo, será divulgado o resultado primário do Governo Central, que deve mostrar superávit de R$ 11,3 bilhões, resultado maior que os R$ 1,5 bilhões de março, mas pior do que os R$ 16,6 bilhões de abril de 2014, de acordo com pesquisa da Bloomberg. 

Para o analista da Spinelli, Elad Revi, o movimento do Ibovespa hoje tem a ver com o mau humor no exterior, mas também é influenciado pelas expectativas em relação ao desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do primeiro trimestre de 2015 que será divulgado amanhã. Segundo ele, há preocupações de que o número venha ruim que se somam às incertezas com relação aos efeitos futuros das medidas de ajuste fiscal. “Esta foi uma semana boa para o ajuste com a aprovação das medidas, mas não sabemos quanto tempo vai levar para elas surtirem efeito”, explica. 

Uma retração muito forte na economia pode afetar o ajuste fiscal na medida em que reduz a arrecadação e deve provocar um aumento do desemprego, que levará a um aumento do número de pedidos de seguro-desemprego justo no momento em que o governo tenta cortar esta despesa. 

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Ainda no quadro político, segundo informações do jornal Valor Econômico de hoje, dirigentes petistas teriam dito que se Dilma tiver que decidir entre o Levy e o Nelson, “sem dúvida, sai o Nelson”. A informação reduz um pouco da pressão do cenário político com rumores de discórdia entre Levy e a presidente. 

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 13,51, -0,07%PETR4, R$ 12,54, -0,08%) viraram novamente para queda mesmo com informações de que a estatal pretende fazer o IPO (Oferta Pública Inicial) da BR Distribuidora já no segundo semestre. A Petrobras estuda combinar uma oferta primária com uma secundária, oferecendo uma parte do capital da BR Distribuidora existente junto com um aumento de capital, que assim teria uma injeção de recursos no seu caixa. 

Ainda no radar da companhia, o BTG Pactual cortou em relatório a estimativa de crescimento da produção entre 2016 e 2018. A curva de crescimento passou de leve queda de 0,2% em 2016, alta de 8,2% em 2017 e 16% em 2018 para queda de 0,9% em 2016, alta de 6,3% em 2017 e alta de 15,9% em 2018. Os ADRs (American Depositary Receipts) da estatal negociados no pré-market da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) caíam 0,7%, a US$ 8,54. 

As ações da Vale (VALE3, R$ 20,46, -2,34%; VALE5, R$ 17,10, -2,73%) e de siderúrgicas registram queda, com leve queda do preço de minério de ferro na China e em meio às expectativas de desinvestimentos da Vale no Canadá, segundo informações do jornal Globe and Mail. De acordo com o analista da WinTrade, Bruno Gonçalves, a mineradora vive um momento de realização, visto que os últimos pregões foram de alta e a forte queda da bolsa de Xangai está pesando.

Já para Pedro Galdi, analista independente do blog Whatscall, disse que o desinvestimento da empresa no Canadá já estava no radar, mas que a visão de que algo não está bem na China voltou ao radar, o que impacta commodities e mineradoras. 

As ações da Eletrobras (ELET3, R$ 6,92, -0,72%; ELET6, R$ 9,83, -0,72%) viraram para queda, apesar de novidades após a aplicação de multa à União pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários)  por conflito de interesse em assembleia na estatal. 

Segundo informações do Valor, um grupo de acionistas minoritários da Eletrobras estuda ir à Justiça para pedir indenizações ou até mesmo anulação da assembleia da Eletrobras realizada em 2012, quando foi aprovada a renovação antecipada de concessões. 

A CSN (CSNA3, R$ 6,57, -6,81%) teve seu preço-alvo cortado em 27% pelo BTG Pactual, para R$ 5,00 por ação. A recomendação também foi revisada para baixo, de neutra para venda. Com isso, as ações da companhia registram queda superior a 2%.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 CSNA3 SID NACIONAL ON 6,57 -6,81
 USIM5 USIMINAS PNA 5,18 -4,25
 CSAN3 COSAN ON 25,92 -3,43
 BRKM5 BRASKEM PNA 12,97 -3,35
 RUMO3 RUMO LOG ON 1,29 -3,01

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 CCRO3 CCR SA ON 15,83 +2,79
 GOLL4 GOL PN N2 7,77 +1,83
 QUAL3 QUALICORP ON 23,23 +0,78
 EMBR3 EMBRAER ON 24,24 +0,75
 ESTC3 ESTACIO PART ON 17,70 +0,74
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

China despenca
O ocidente acordou nessa quinta-feira (28) de olho nas fortes quedas do mercado acionário chinês, com o índice Shanghai Composite Index fechando com perdas acumuladas na casa dos 6,5% – seu maior recuo em quatro meses, quando registrou perdas de 7,7% (19 de janeiro), após o governo do gigante asiático alterar algumas regras de comércio. Desta forma, o benchmark encerrou a sessão aos 4.620 pontos.

De acordo com agências internacionais, o movimento desta sessão foi atribuído aos registros de que o China Central Huijin Investment, unidade de fundo soberano do país, reduziu suas participação nos maiores bancos estatais pela primeira vez. O noticiário abalou a confiança dos investidores e estimulou um forte movimento de venda de papéis, sobretudo no setor bancário.

Acompanhando o movimento de maior pessimismo do mercado com relação à China, o índice MSCI dos países emergentes registrou queda pelo 4º pregão consecutivo. No sentido oposto do mercado chinês, o índice japonês Nikkei 225 encerrou o pregão com ganhos de 0,38%, aos 20.551 pontos, em a décima alta consecutiva, a mais longa sequência de ganhos desde fevereiro de 1988 e a máxima de fechamento em 15 anos, impulsionado pelo iene mais fraco.

Já na Europa, o é de baixas moderadas, tendo como pano de fundo a notícia de que Alemanha e França advertiram a Grécia sobre negociações com credores. No mercado de commodities, o petróleo interrompeu uma sequência de 3 quedas, mantendo-se ao redor de US$ 57/barril, antes de dados que podem mostrar queda dos estoques americanos.

A presidente do FMI (Fundo Monetário Internacional) disse que a saída da Grécia da zona do euro é uma possibilidade. 

(com Reuters)

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