Ibovespa fecha em queda e tem a pior semana do ano; dólar sobe a R$ 3,09

Aumento da CSLL para os bancos e alta do minério foram drivers em novo dia de forte volatilidade da Bolsa; contingenciamento de verbas do governo será de R$ 69,9 bilhões

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (22) com recuos de Petrobras, elétricas e bancos. Os investidores ficam de olho no contingenciamento do orçamento, aumento da CSLL e divulgação do IPCA-15. O tamanho do corte no Orçamento foi de R$ 69,9 blihões e a previsão da queda do PIB (Produto Interno Bruto) foi revisada para uma retração de 1,2%. Lá fora, as bolsas dos Estados Unidos operam entre perdas e ganhos.

O benchmark da Bolsa brasileira sofreu desvalorização de 1,33%, a 54.377 pontos, a quarta baixa em cinco pregões. Assim, ele caiu 5,02% na semana, ou 3 mil pontos, o pior desempenho semanal de 2015. Enquanto isso, o dólar comercial registrava ganhos de 1,72%, a R$ 3,0944 na compra e a R$ 3,0951 na venda. O volume financeiro total negociado no pregão foi de R$ 7,779 bilhões. 

Resumo da semana
Os últimos cinco dias foram agitadíssimos para o mercado de ações brasileiros, tendo desde rumores preocupantes para o investidor de longo prazo até o tão aguardado número do quanto será cortado nos gastos do governo. Relembre os quatro fatos mais importantes:

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1. O fim dos juros sobre capital próprio
Uma modalidade de provento típica do brasileiro pode estar com os dias contados sob a tesoura do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Distribuição do lucro das empresas que reduz a base de tributação sobre o lucro, não fossem os JCP, o governo teria arrecadado R$ 15 bilhões a mais em 2014. O rumor de que o ministro quer acabar com esta farra fez com que ações que recorrem muito ao provento caíssem, como foi o caso de Ambev (ABEV3) e bancos. 

2. Ata do Fomc
Não é provável que o Comitê Federal de Mercado Aberto dos Estados Unidos eleve os juros na reunião de junho. Isso é praticamente tudo o que o investidor queria ler na ata que explica a última reunião do Fomc. Com a economia saindo da crise aos trancos e barrancos e inflação difícil de subir, é mais provável mesmo que os membros responsáveis por decidir os rumos da política monetária do país esperem um pouco mais antes de realizar o aperto que o mercado tanto teme. 

3. CSLL
Os bancos, especialmente Bradesco e Itaú Unibanco, tiveram a sua pior semana do ano também graças ao ajuste fiscal. No caso deles, foi o aumento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) de 15% para 20% que fez com que eles caíssem tanto. A decisão de elevar o imposto foi oficializada nesta sexta.

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4. Contingenciamento do governo
O governo anunciou nesta tarde hoje o tão esperado contingenciamento do Orçamento num valor de R$ 69,9 bilhões, sendo que R$ 25,7 bilhões serão contingenciados do PAC. Em termos nominais, foi o maior contingenciamento de recursos da história. A informação consta no decreto de programação orçamentária de 2015. 

Desempenho das ações nesta sexta
Subiram forte os papéis da Vale (VALE3R$ 20,26, +0,05%VALE5R$ 17,05, +1,31%), beneficiados pela disparada do minério de ferro nesta sexta. O preço do minério à vista no porto de Qingdao na China teve forte alta de 3,54%, a US$ 59,96 a tonelada. 

Já as ações da Petrobras (PETR3R$ 14,10, -2,22%;  PETR4, R$ 13,08, -3,05%) fecharam em queda. No radar, a estatal já teria escolhido os ativos que colocará à venda para melhorar o caixa e diminuir seu endividamento. A ideia é vender a participações minoritárias de algumas subsidiárias, como a BR Distribuidora e a Gaspetro, e de seu parque de geradoras de energia térmica, informou o Valor. Segundo o jornal, a estatal quer também alienar fatias em alguns blocos do pré-sal. 

Também do lado da queda, os bancos como Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,30, -2,11%), Bradesco (BBDC3, R$ 27,28, -3,26%BBDC4R$ 29,10, -2,12%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 23,35, -3,43%) tiveram desempenho negativo depois que o governo oficializou o aumento da CSLL de 15% para 20% nas instituições financeiras. O último aumento da CSLL ocorreu em 2008, no 2º mandado do presidente Lula, ocasião em que a econômica brasileira também passava por um cenário preocupante na área da política monetária. Na ocasião, a alíquota subiu de 9% para os atuais 15%. Em reflexo, os papéis de bancos e seguradoras voltam a sofrer hoje.

Perto do fim do pregão, as ações da Eletrobras (ELET3, R$ 6,70, +1,52%ELET6, R$ 9,22, -1,07%) caíram depois que a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating em moeda estrangeira da companhia para “Ba1”, ante “Baa3”, retirando da estatal brasileira o grau de investimento. A Moody’s, que colocou o rating sob revisão para possível novo rebaixamento, disse que as métricas de crédito da Eletrobras não eram condizentes com o grau de investimento, mesmo após a melhora financeira registrada no primeiro trimestre. 

Já as ações do setor educacional tiveram leves perdas. No Ibovespa, Kroton (KROT3, R$ 12,56, -0,32%) e Estácio (ESTC3, R$ 18,90, -0,53%) caíram. Segundo fontes disseram à Reuters, o contingenciamento de verbas do setor ficará em R$ 69,9 bilhões. Para a Educação, o corte ficou em R$ 9,4 bilhões. 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 BRKM5 BRASKEM PNA 13,25 -4,68 -20,28
 SBSP3 SABESP ON 18,31 -4,04 +9,80
 DTEX3 DURATEX ON 7,87 -3,67 -1,17
 BBAS3 BRASIL ON ED 23,35 -3,43 +2,43
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 33,83 -3,34 +8,01

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 EMBR3 EMBRAER ON 25,15 +2,99 +3,17
 FIBR3 FIBRIA ON 42,40 +2,91 +31,24
 GOLL4 GOL PN N2 7,80 +2,23 -48,62
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 15,49 +1,91 +38,88
 RUMO3 RUMO LOG ON 1,29 +1,57 -26,12

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 35,30 -2,11 822,19M
 PETR4 PETROBRAS PN 13,08 -2,75 689,30M
 BBDC4 BRADESCO PN 29,10 -2,12 527,06M
 KROT3 KROTON ON ED 12,56 -0,32 402,52M
 VALE5 VALE PNA 17,05 +1,31 309,31M
 ITSA4 ITAUSA PN 9,00 -2,91 258,01M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,78 0,00 229,32M
 PETR3 PETROBRAS ON 14,10 -2,22 198,03M
 BBAS3 BRASIL ON ED 23,35 -3,43 196,24M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN ED 88,68 -1,37 194,87M

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Economia
A inflação medida pelo IPCA-15 ficou em linha com o que a mediana dos especialistas esperavam, que era um avanço de 0,59%. Em abril, o índice havia subido 1,07%. Em 12 meses, a inflação acumulada do IPCA-15 está em 8,24% ante estimativas de 8,23%. 

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini e a presidente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Cristine Lagarde, participam de seminário sobre metas de inflação. Além disso, foram divulgados os indicadores de criação de novas vagas no mercado de trabalho brasileiro pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que mostraram o pior abril desde 1992. Foram 97,828 mil novas vagas de trabalho com carteira assinada ao longo do mês de abril. 

Além disso, o presidente do Federal Reserve de São Francisco, John Williams, afirmou hoje que regras para a política monetária podem ser benéficas, mas trazem alguns problemas. Um deles é que, para serem efetivas, elas precisam dizer o que o Fed faria no momento em que precisasse reduzir os juros de curto prazo para próximo de zero, como em momentos de crise econômica. “Não há dúvidas de que iremos chegar a esse ponto” em algum momento no futuro, disse Williams.

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor subiu 0,1% em abril, dentro da mediana das expectativas do mercado, apesar de um pouco abaixo do resultado de março, quando avançou 0,2%. Os juros dos títulos soberanos dos EUA caem.

Na Alemanha, o PIB da maior economia da zona do euro cresceu 1% no primeiro trimestre de 2015 na comparação anual, em linha com a previsão. Enquanto isso, o índice Ifo de sentimento das empresas no país caiu a 108,5 em maio, levemente acima da previsão de mercado.

Bolsas mundiais
Os índices acionários asiáticos fecharam em alta nesta sexta-feira, após Wall Street marcar outra máxima recorde diante de expectativas quase totais de que o Federal Reserve não deve elevar a taxa de juros em junho. O índice Nikkei, por sua vez, alcançou a máxima em 15 anos. As ações japonesas foram impulsionadas nesta semana pelo crescimento melhor que as estimativas de analistas no primeiro trimestre. Como amplamente esperado, o banco central japonês deixou a política monetária inalterada e disse que a economia japonesa está melhorando.

Já o principal índice europeu de ações fechou em leve queda nesta sexta-feira, pressionado pelo setor de luxo após a Richemont alertar que os negócios seguem difíceis em importantes mercados asiáticos, mas continuou perto das máximas em três semanas devido à queda do euro. O índice FTSEurofirst 300 recuou 0,12 por cento, a 1.617 pontos.

O índice acumulou alta de quase 20 por cento em 2015 na esteira do programa de compra de títulos do Banco Central Europeu (BCE) e de taxas de juros nas mínimas históricas, afastando investidores do mercado de títulos e levando-os na direção de ações. No entanto, alguns operadores começavam a adotar uma atitude mais cautelosa, buscando realizar lucro após as altas recentes para se proteger de um recuo, considerando a volatilidade recente no mercado de títulos.

“Estamos buscando vender quando o mercado está forte”, disse Harry Shann, da Logic Investments. A ação da Richemont caiu 1 por cento, após divulgar vendas fracas e alertar que os negócios seguem difíceis em Hong Kong e Macau. O declínio do papel da Richemont arrastou para baixo ações de seus pares, como Swatch e Kering.

(Com Reuters e Agência Estado) 

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