Petrobras e Vale desabam e “apagam” terça-feira; elétricas voltam a disparar

Confira os destaques da Bovespa do pregão desta quarta-feira (6)

Paula Barra

Setor extrativo foi destaque de baixa em janeiro, mas projeções para o ano são boas

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SÃO PAULO – A Bolsa até ameaçou estender ganhos hoje, mas ainda pela manhã virou para o negativo. O mercado não encontrou forças para romper a importante “barreira” dos 58.000 pontos e deixou para trás três pregões seguidos de ganhos, pressionado pelas ações da Vale e Petrobras, que passaram a cair forte. Com a queda de hoje, os papéis das duas companhias “apagam” as altas registradas na terça-feira. No radar, destaque para a temporada de resultados, que agita os papéis de diversas companhia, entre elas a Ambev, CSN e Gerdau.

Confira os destaques desta quarta-feira (6):

Petrobras (PETR3, R$ 14,81, -5,43%PETR4, R$ 13,64, -5,15%)
A Justiça Federal do Paraná autorizou a devolução de R$ 157 milhões à Petrobras dos recursos repatriados de contas no exterior do ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, e sugeriu que pelo menos parte dos recursos seja utilizada para melhorar os controles internos da petroleira. Foram repatriados de contas de Barusco cerca de R$ 204,8 milhões, mas o Ministério Público pediu, e a Justiça acatou, que 80% deste montante fosse imediatamente devolvido à Petrobras.

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Além disso, a companhia enviou comunicado ao mercado na noite desta de ontem e confirmou que irá apresentar seus números no dia 15 de maio, sexta-feira, após o fechamento da Bovespa. Com isso, a petrolífera informou que a partir de ontem até a divulgação do balanço ela estará em período de silêncio, quando não poderá prestar esclarecimentos ou comentar qualquer tipo de informação relacionada aos resultados do trimestre e perspectivas.

Vale (VALE3, R$ 24,93-7,87%VALE5, R$ 19,38, -4,53%)
As ações da Vale tiveram pregão de correção nesta quarta-feira, depois da forte disparada na véspera. Operadores comentaram hoje que o movimento de ontem pode ter sido motivado por um “short squeeze” nas ações ordinárias da mineradora. Tanto o Credit Suisse e XP Corretora destacaram que o aluguel papel “secou” no BTC e vem sendo o nome mais procurado nos últimos dias. “Mesmo após a ação subir 9% ontem, vimos um grande número de investidores dispostos a tomar mais ações alugadas, infelizmente, não há mais papel disponível”, Guilherme Belloni, operador da mesa de BTC da XP. 

Para hoje, ele acredita que o movimento é uma natural correção do mercado após tantos dias de alta. Apesar de caírem hoje, os preços do minério de ferro no mercado à vista na China registraram nesta quarta-feira a sua terceira alta consecutiva, superando o patamar de US$ 60 por tonelada.

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Ambev (ABEV3, R$ 19,70, +0,46%)
A Ambev encerrou o primeiro trimestre de 2015 com lucro líquido de R$ 2,8 bilhões, alta de 10,4% sobre o mesmo período do ano passado. A receita líquida da companhia avançou 19,1%, totalizando R$ 10,8 bilhões. A XP Investimentos comentou que, embora a empresa siga apresentando uma excelente gestão, reduzindo os custos e melhorando as margens via distribuição direta e também pela melhoria do mix de produtos vendidos, o maior problema é o crescimento de volume, que na comparação anual foi de apenas 0,46%. Quando comparado com o primeiro trimestre de 2012, o crescimento foi de apenas 2,37% em três anos.

CSN (CSNA3, R$ 9,05, -0,33%)
A CSN apresentou um lucro líquido de R$ 392 milhões no primeiro trimestre deste ano, contra R$ 55,3 milhões nos mesmos meses de 2014, alta de 609%. Já a receita líquida ficou em R$ 4,01 bilhões no período, valor superior a estimativa compilada pela Bloomberg, que mostrava receita de R$ 3,73 bilhões. Segundo a XP Investimentos, a empresa conseguiu entregar um bom crescimento na receita, mas a margem e segmento de mineração deixaram a desejar. Outro ponto que chamou atenção é a alavancagem da empresa. O indicador dívida líquida/Ebitda, que mensura em quantos anos a geração de caixa da empresa quitará sua dívida líquida, passou de vezes para 4,8% no primeiro trimestre. Os analistas da corretora continuam céticos com o papel, porém algumas questões como recompra de ações, especulações com relação à venda da participação da Usiminas e possibilidade de tag along podem suportar o nível atual das ações.

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Enquanto as ações da CSN tiveram leve alta, as ações da concorrente Usiminas (USIM5) figuraram como a segunda maior valorização do Ibovespa. Vale lembrar que a companhia divulgou seu resultado dia 23 de abril, que teve boa leitura pelos analistas. De lá para cá, seus papéis subiram 25% na Bolsa.  

Gerdau (GGBR4, R$ 10,25, -4,03%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 10,15, -2,68%)
A Gerdau teve queda de 39,3% no lucro líquido do primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, a R$ 267 milhões, divulgou nesta quarta-feira. O Ebitda da companhia totalizou R$ 1,089 bilhão no mesmo período, recuo de 8,9% na mesma base de comparação.

Segundo a Gerdau, a queda nas receitas deveu-se ao menor volume vendido, efeito que foi parcialmente compensado pela maior receita líquida por tonelada. O resultado financeiro líquido da siderúrgica nos três primeiros meses do ano ficou negativo em R$ 898 milhões, pressionado, sobretudo, pelo impacto da variação cambial no intervalo sobre a parcela da dívida que está denominada em moeda estrangeira, com efeito líquido negativo de R$ 651 milhões nessa linha.

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Natura (NATU3, R$ 33,15, +2,79%)
As ações da Natura também dispararam hoje, chegando ao seu quarto pregão seguido de ganhos. O movimento ocorreu em meio à balanço do primeiro trimestre bem recebido pelo mercado e notícia de a empresa vai aumentar os preços de algumas categorias de produtos. Ontem, em específico, operadores comentaram que a disparada deve-se a falta de aluguel do papel para “tomar “no BTC, enquanto a demanda segue aquecida, o que pode ter provocado a recompra das ações por parte de alguns vendidos, gerando uma força compradora na ação.

Segundo Guilherme Belloni, da mesa de BTC da XP Investimentos, houve forte demanda ontem pelo aluguel do papel e hoje eles não conseguiram a ação para “tomar”. “Está bem difícil conseguir ‘doador’ (investidor que disponibiliza o papel para aluguel)”, comentou. Na segunda, o aluguel com ações da Natura bateu o número de 15.031.206, o maior desde agosto de 2014. 

TIM (TIMP3, R$ 9,14, -5,38%)
A TIM teve lucro líquido de R$ 312,7 milhões no primeiro trimestre, queda de 16% na comparação anual. A média das estimativas de analistas apontava lucro de R$ 308 milhões. O resultado foi pressionado por despesas financeiras maiores (que subiram 38,9% ano a ano, a R$ 247 milhões) e um leve recuo da receita no período. A receita líquida total da TIM caiu 3,3% e encerrou o trimestre em R$ 4,5 bilhões. O Ebitda no período subiu 1,7%, a R$ 1,3 bilhão. Para o Credit Suisse, o resultado ficou levemente abaixo das sua expectativa – que, por sinal, já estava abaixo do consenso do mercado. A empresa mostrou uma tendência bem fraca com o aumento do uso de dados sendo bem prejudicial à receita de voz e sms, disseram os analistas.

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Marfrig (MRFG3, R$ 4,50, -5,06%)
A companhia operou entre as maiores altas do Ibovespa, seguindo o movimento de ontem, quando subiu quase 10%. No noticiário do setor, segue o anúncio do secretário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Dimarzio, de que o Brasil poderá dar início a venda de carne bovina in natura ainda este ano para os Estados Unidos. Em relação à China e Rússia, o ministério espera fazer mais visitas para alinhar possíveis acordos de fornecimento de carne, o que alavancaria mais o mercado de exportação de carne brasileira.

Elétricas
Chegando na terceira alta consecutiva, chamaram atenção as ações da Eletrobras (ELET3, R$ 8,66, +3,22%; ELET6 R$ 10,60, +3,01%), Cemig (CMIG4 R$ 15,75, +3,14%) e Eletropaulo (ELPL4 R$ 12,65, +7,20%), que já atingem alta de até 20% na semana. No caso da Eletrobras, o que está ajudando as ações é o julgamento marcado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para 19 de maio sobre um possível voto abusivo da União na aprovação da renovação das concessões da estatal de energia em 2012, segundo analista da XP Investimentos, Celso Plácido.

Já para a Eletropaulo, está impulsionando os papéis a notícia de que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) propôs ontem que as contas de luz dos clientes da companhia, distribuidora que atende a cerca de 20 milhões de pessoas em São Paulo e cidades vizinhas, sejam reajustadas, em média, em 15,16%.

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“Só vamos conseguir tirar conclusões precisas depois de olhar as notas técnicas da Aneel mas a primeira impressão foi positiva para o papel e um Fator X de -1,35% nos pareceu interessante”, disseram analistas do Credit Suisse. A indicacao preliminar da Aneel de opex (custo operacional) para o quarto ciclo esta em aproximadamente R$ 1,380 milhões por ano, contra estimativa do banco de R$ 1,337 milhões.

Por fim, impulsiona as ações da Cemig a confirmação de que a companhia irá pagar menos dividendos do que o previsto inicialmente. A empresa esclareceu que, embora seu estatuto social estabeleça que 50% do lucro líquido do exercício será distribuído como dividendo obrigatório, a assembleia geral de acionistas aprovou que seja pago apenas 25% do lucro, ou seja, R$ 797 milhões. Segundo a companhia, os valores que deixaram de ser distribuídos como dividendos obrigatórios, no montante de R$ 797 milhões, serão mantidos no patrimônio líquido, na conta de reserva de dividendos obrigatórios não distribuídos, para serem pagos “assim que a situação financeira da companhia o permitir”. 

BR Malls (BRML3, R$ 16,24, -3,33%)
A administradora de shoppings centers teve prejuízo líquido de R$ 132,7 milhões no primeiro trimestre, ante lucro de R$ 53,8 milhões um ano antes. O lucro líquido ajustado, desconsiderando a variação cambial, foi de R$ 112 milhões, alta de 45% ante o mesmo período de 2014. A média das estimativas de analistas apontava para lucro de R$ 75,5 milhões. Segundo o Credit Suisse, a empresa entregou bons números no primeiro trimestre, com crescimento modesto na receita líquida, mas com indicações de que deve acelerar ao longo do ano.