BB cai 5% e Petrobras fecha em leve alta, enquanto Vale e siderúrgicas têm forte baixa

Confira os principais destaques da Bolsa nesta sexta-feira (17)

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Em seu segundo dia de queda acompanhando o cenário de maior tensão no exterior e também os dados decepcionantes da inflação reveladas pelo IBGE através do IPCA-15, o Ibovespa teve uma baixa de 1,32%, com as blue chips sofrendo novamente.

Um dos setores de maior peso no Ibovespa, os bancos têm mais um dia de queda. A última semana foi complicada para as instituições financeiras, em meio às revisões para o setor e com o cenário macroeconômico complicado, o que levou à queda dos papéis nesta semana. E hoje, a Fitch Ratings destacou que as investigações novas e em curso sobre corrupção criaram um ambiente litigioso mais intenso no país, que pode resultar em desafios para os bancos brasileiros no curto prazo.

As novas investigações aumentam a incerteza sobre as consequências do caso Lava-Jato, que envolve a Petrobras e várias grandes empresas do Brasil. Além disso, há o processo relativo aos rendimentos da caderneta de poupança durante os planos econômicos da década de 1980, cuja decisão final ainda precisa ser emitida pelo Supremo Tribunal Federal. […] O caso mais recente a ser investigado se refere a uma grande investigação de corrupção ligada a crimes de evasão fiscal e propinas pagas ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais”. O Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,51, -1,27%), Bradesco (BBDC4, R$ 30,80, -2,56%) e o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 24,55, -4,81%) registram queda nesta sessão. Confira mais destaques do dia: 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Vale  (VALE3, R$ 17,80, -1,44%; VALE5, R$ 14,95, -1,58%)
As ações da Vale tiveram mais um dia de queda, em meio às revisões para baixo do preço do minério de ferro pelo Goldman Sachs para US$ 44 a tonelada e de US$ 40 para a Moody’s. Mas, segundo o diretor-executivo de finanças da Vale, Luciano Siani, o mercado global de minério de ferro está em um momento de transição e em busca de um ponto de equilíbrio, o que torna difícil fazer projeções. 

“Agora tudo é adivinhação. O fato de as pessoas estarem revendo projeções a cada dia que passa é sinal de que ninguém sabe nada, na minha opinião”, afirmou ao ser questionado sobre a redução das estimativas da Moody’s para o preço da commodity, divulgada ontem.

A mineradora ainda rebateu as acusações de desrespeito aos direitos humanos e ambientais, que constam do Relatório de Insustentabilidade da Vale 2015, divulgado hoje (16) pela organização Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, no qual fazem contraponto ao Relatório de Sustentabilidade da Vale.

Continua depois da publicidade

Em nota divulgada no início da noite, a mineradora negou que haja licenciamento irregular, sem realização de audiências públicas e de consultas prévias, para ampliação da produção, em Carajás (PA), com a duplicação da Estrada de Ferro Carajás. Segundo a empresa, todos os processos de licenciamento ambiental para os projetos seguem rigorosamente a legislação sobre o tema.

As ações da CSN, que tiveram forte alta na véspera, fecharam em queda de 7,15% em um movimento de realização após disparar na véspera em meio à notícia de que estuda se desfazer da participação da Usiminas (USIM5). Os papéis PNA da Usiminas também caíram, 4,20%, após dispararem ontem, seguindo as notícias de que a CVM decidiu que a operação de compra da participação da Previ na Usiminas pela Ternium disparou a obrigação de oferta pública de aquisição pelas ações ordinárias da siderúrgica brasileira. Os ativos ON (USIM3) fecharam em leve queda de 0,17%. 

Petrobras (PETR3, R$ 13,27, +0,68%; PETR4, R$ 13,01, +0,62%)
A Petrobras, após abrir em queda, virou para alta e seguiu com ganhos de mais de 2%, mas fechou com ganhos menores, em mais um dia de noticiário movimentado para a companhia. De acordo com o analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, em meio à proximidade do vencimento de opções sobre ações na próxima segunda-feira, o movimento deve ser de volatilidade para os ativos. Além disso, destaque para as notícias sobre novos financiamentos para a companhia. 

No noticiário da companhia, ela reiterou que as demonstrações contábeis da empresa serão divulgadas no próximo dia 22 e esclareceu as informações de que não deve distribuir dividendos sobre o resultado de 2014 aos seus acionistas.

Em esclarecimento, a companhia disse não serem “legítimas outras estimativas que não sejam aquelas divulgadas pela própria companhia através de comunicados e fatos relevantes ao mercado”. “Considerações sobre os resultados de 2014 estão sendo inferidas a partir de documentos já divulgados, ou seja, tornados públicos pela própria Petrobras, assim como por estimativas de terceiros que utilizam metodologias e princípios contábeis de domínio público”, afirmou a companhia. 

E, segundo o Valor, a Petrobras garante “waiver” com credor e  tem garantia de que dívidas não serão executadas mesmo que balanço não saia no prazo.

A Petrobras anunciou ainda na quinta-feira que sua produção total de petróleo e gás natural no Brasil em março foi de 2,574 milhões de barris de óleo equivalente (boed), volume 1,4 por cento inferior ao de fevereiro, porém 10,4 por cento acima do volume de março do ano passado. 

Eneva e BTG
As units do BTG Pactual (BBTG11) registraram queda de 0,94%, a R$ 29,52, em meio às notícias de que o banco quer assumir o controle da Eneva (ENEV3). Segundo o Valor Econômico, o BTG Pactual negocia o apoio do Itaú BBA e do Citi para assumir o controle da Eneva, empresa controlada por Eike e pela E.ON. Os três bancos são credores da empresa e esperam reativar a ex-MPX. As ações da Eneva, depois de 40 minutos, abriram com alta de 11,11%, a R$ 0,30 e fecharam cos ganhos de 14,81%, a R$ 0,31, chegando a subir 18,52%. Contudo, vale ressaltar que, com o baixo valor de face dos ativos, qualquer variação de centavos nos papéis leva a uma variação grande em termos porcentuais. 

EzTec (EZTC3, R$ 20,64, -1,67%)
As ações da Eztec registraram baixa em meio aos dados operacionais divulgados na noite de ontem. Os lançamentos da companhia no primeiro trimestre de 2015 somaram R$ 72 milhões em valor geral de vendas (VGV), o que representa queda de 77% ante o mesmo período do ano anterior. No período, foi lançamento um projeto residencial na zona sul de São Paulo, com 44 unidades de alto padrão. “Esse é um projeto cujas unidades vendidas a partem de R$ 1,5 milhão e estava 64% vendido até o final do trimestre, já gerando receita a partir do 1T15”, diz a companhia, no comunicado.

A Eztec afirma que tem a sua disposição mais de R$ 2 bilhões em projetos em aprovação ou aprovados “e entendeu que, considerando o momento econômico e político atual, deveria privilegiar a venda de estoques prontos e em fase de construção, fazendo lançamentos passo a passo”.

“Para o segundo trimestre, já temos preparados lançamentos em Osasco e na Vila Carrão, Zona Leste da cidade de São Paulo, cujo VGV Eztec pode superar R$ 220 milhões”, afirma.

Fibria (FIBR3, R$ 44,73, +0,63%) e Suzano (SUZB5, R$ 15,00, +0,60%)
As ações da Fibria e Suzano fecharam em alta, mas com ganhos menores em relação aos ganhos de 1,5% do início da tarde, em um dia de aversão ao risco para a renda variável. Os papéis do setor se beneficiam com a alta do dólar nesta sessão, uma vez que a receita dessas companhias é atrelada à moeda americana. O dólar fechou com ganhos de 0,82%, a R$ 3,041 na venda. 

Gol (GOLL4, R$ 8,02, -4,81%)
Enquanto as ações das empresas exportadoras sobem, os papéis de empresas que têm dívidas atreladas à moeda estrangeira caem, como é o caso da Gol, que viu os papéis caírem mais de 4%.  

CCR (CCRO3, R$ 16,00, -4,15%)
A CCR teve uma das maiores baixas do Ibovespa. A partir da meia noite desta sexta-feira, suas concessionárias controladas de rodovias estaduais e federais do Paraná e Rio de Janeiro deixam de cobrar pedágio relativo aos eixos suspensos de caminhões vazios, enquanto as concessionárias do Estado de São Paulo manterão a cobrança, conforme decisão da Artesp, agência reguladora do Estado.

A medida ocorre em cumprimento à lei 13.103/2015, conhecida como Lei dos Caminhoneiros, afirmou a concessionária de infraestrutura em comunicado divulgado na noite de quinta-feira.

As concessionárias da CCR ViaOeste e Autoban disseram separadamente que manterão a cobrança normalmente por decisão da Artesp, que definiu que as disposições da lei não se aplicam às rodovias paulistas.

“A perda de receita decorrente da referida medida legal é passível de reequilíbrio contratual, nos termos das normas que regem a concessão”, afirmou a CCR sobre as rodovias no Paraná e Rio de Janeiro que deixarão de realizar a cobrança.

As concessionárias de rodovias vêm afirmando que, com as quedas nas receitas e aumentos de custos causados pela nova lei, têm direito a reequilíbrio dos contratos, com aumento da tarifa de pedágio.

Educacionais
As ações da Kroton (KROT3, R$ 10,25, -2,38%) e da Estácio (ESTC3, R$ 19,50, -1,76%) tiveram queda em meio ao cenário de maior cautela para o setor e após a portaria do ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, determinando economia de recursos do MEC, para que integrem esforços ao desenvolvimento de ações destinadas à melhoria da eficiência no uso racional de recursos públicos.  

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.