Dólar faz Gol disparar 7% e Fibria cair 4%, Vale dispara, Petrobras sobe e JBS cai 5%

Por mais um dia, as ações da Petrobras têm ganhos, após início de sessão volátil; Vale espera por decisão de pagamento de JCP

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa interrompeu uma sequência de três altas e fechou esta terça-feira (14) em queda de 0,51%, a 53.964 pontos, apesar da expressiva alta das ações da Vale e de mais um dia de ganhos da Petrobras.

O movimento de cautela dos bancos por mais uma sessão em meio à piora do cenário macroeconômico e a queda da JBS afetaram negativamente o desempenho da Bovespa. Confira abaixo os principais destaques: 

Petrobras (PETR3, R$ 12,45, +0,24%; PETR4, R$ 12,46, +1,55%) 
A Petrobras teve um início de sessão volátil e passou de alta de quase 4% para perdas. Contudo, entre o final da manhã e o começo da tarde, as ações da companhia tiveram um movimento de maior “calmaria” e fecharam com leves ganhos. Cabe destacar uma boa notícia com a elevação da recomendação dos ADRs da companhia de neutra para compra pelo BofA. De acordo com os analistas, a divulgação dos resultados deve fazer com que a empresa possa começar a trabalhar na redução de suas dívidas e restaurar o fluxo de caixa. 

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Hoje, o mercado repercute a notícia de que o Conselho de Administração da empresa vai se reunir no dia 22 de abril para apreciar as demonstrações contábeis auditadas do 3º trimestre e do ano de 2014, ambas com publicação atrasada em meio a investigações sobre esquema de corrupção envolvendo a estatal.

“A companhia espera divulgar essas demonstrações contábeis ao mercado, após a decisão do Conselho de Administração”, disse em fato relevante. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a PwC já está auditando balanço da Petrobras e, de acordo com informações do Valor Econômico, a companhia pode usar dois tipos de ajustes e as estimativas apuradas indicam um intervalo entre R$ 14 bilhões e R$ 28 bilhões de impacto total. 

De acordo com o analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, a expectativa é de que a Petrobras siga um movimento de forte volatilidade em meio aos diversos acontecimentos que envolvem a companhia. Após as fortes altas, o movimento deve ser de maior cautela na expectativa pela divulgação do balanço. 

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Vale (VALE3, R$ 19,09, +4,66%; VALE5, R$ 15,93, +5,36%
As ações da Vale tiveram fortes ganhos nesta sessão, em meio à reunião do Conselho e à alta do preço do minério de ferro. Nesta terça-feira, o conselho de administração da Vale deve analisar proposta da diretoria executiva de pagamento da primeira parcela de remuneração mínima aos acionistas, no valor total bruto de US$ 1 bilhão, conforme já anunciado em 30 de janeiro. A remuneração será paga integralmente sob a forma de JCP e refere-se à antecipação da destinação do resultado e reservas de 2015.

A proposta equivale ao pagamento do valor bruto de US$ 0,194047593 por ação, considerando a quantidade de ações em circulação em 27 de fevereiro. Caso a proposta seja aprovada, a Vale fará o pagamento no dia 30 de abril. Mas, de acordo com o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, as ações da companhia também sobem por terem registrado fortes baixas, o que representa assim uma “esperança” em relação ao pagamento de proventos e uma alta após fortes baixas. 

O mercado ainda fica de olho na divulgação dos números do Produto Interno Bruto (PIB) da China referente ao primeiro trimestre na quarta-feira e repercute a alta do minério de ferro. As ações da Bradespar (BRAP4), que possuem participação na mineradora, tiveram alta de 2,48%. Com o preço do minério de ferro em alta, as ações da CSN (CSNA3) fecharam com ganhos de 3%. 

JBS (JBSS3, R$ 15,16, -5,25%)
As ações da JBS são destaque de queda na Bolsa nesta terça-feira, com a empresa sendo envolvida mais uma vez na Operação Lava Jato. Contudo, os papéis chegaram a cair 5,25%. Em destaque, está a notícia do jornal O Estado de S. Paulo, que mostrou que a quebra de sigilo mostrou um pagamento de R$ 200 mil da companhia à empresa do ex-deputado André Vargas, que foi preso na 11ª fase da Lava Jato. 

Em esclarecimento, a companhia confirma a realização do pagamento para a empresa Limiar Consultoria e Assessoria em Comunicação Ltda, CNPJ 10.874.328/0001-90, a título de consultoria de marketing, mas destacou que ele foi realizado dentro da legalidade, não havendo ilicitude no ato. “A Receita Federal já havia solicitado esclarecimentos sobre o pagamento em questão, os quais foram prontamente prestados pela JBS. A Companhia reitera que todos os procedimentos legais foram seguidos, incluindo mas não se limitando ao recolhimento de tributos”, informou. 

Marfrig (MRFG3, R$ 4,15, -4,60%)
Assim como a JBS, a Marfrig também registra uma das maiores baixas do índice. No noticiário da companhia, a empresa informou ter precificado por meio de sua subsidiária Moy Park, a reabertura no mercado europeu de sua primeira emissão de notas seniores em libras, adicionando 100 milhões de libras ao montante original de 200 milhões emitidos em maio de 2014.

A emissão tem vencimento em 2021 e cupom fixo de 6,25 por cento ao ano, com taxa de retorno efetiva de 6,55 por cento, disse a Marfrig em comunicado ao mercado.

Gol (GOLL4, R$ 8,41, +7,41%)
As ações da Gol registraram alta expressiva, em mais um dia de queda do dólar, que beneficia as ações de companhias que têm dívidas muito atreladas à moeda americana, caso da empresa aérea. Conforme destaca o analista da Guide Investimentos, Lauro Villares, a queda expressiva do dólar, de cerca de 2%, beneficia a companhia, que sofreu muito com a escalada de alta da moeda americana.

“Há duas semanas, achavam que o dólar poderia ir a R$ 3,50, R$ 4,00, o que fez com que as ações sofressem muito”, ressalta o analista, destacando que as expectativas são de um dólar mais baixo agora. E nem mesmo uma alta do petróleo nesta sessão, superior a 2%, intimida as altas dos papéis. 

Contudo, conforme ressalta o analista da Leme Investimentos, a alta do petróleo de 1,5% nesta sessão prejudica a companhia, ao mesmo tempo em que as áreas sofrem um cenário de dificuldades. 

Klabin, Suzano e Fibria
Enquanto isso, também repercutindo a queda do dólar, estão as ações das empresas do setor de papel e celulose. Os papéis, que foram beneficiadas pela alta do dólar nas últimas semanas, registram baixa, com a Fibria fechando com uma queda superior a 4% e a Suzano caindo quase 1%. 

Vale lembrar que o Santander revisou o setor de papel e celulose, com a Klabin (KLBN11, R$ 18,24, +0,22%) sendo rebaixada de compra para manutenção pelo banco, enquanto o preço-alvo foi elevado de R$ 18 para R$ 20. Já a Fibria (FIBR3, R$ 43,50, -4,40%) tem recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado), enquanto o preço-alvo foi elevado de R$ 26 para R$ 40. Já a Suzano (SUZB5, R$ 14,65, -0,95%) teve a recomendação elevada de manutenção para compra, enquanto o preço-alvo subiu de R$ 10,50 para R$ 17,00. 

Bancos
Após abrirem em leve alta, os bancos voltam a ser pressionados e registram queda nesta sessão, com exceção dos papéis PN do Bradesco. Destaque para o Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,73, 0%), Bradesco (BBDC3, R$ 31,08, -1,02%; BBDC4, R$ 31,12, +0,35%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 24,07, -0,74%), este último com uma queda menos expressiva. 

No radar das instituições financeiras nos últimos dias, os destaques foram para os rumores de um possível aumento da CSLL para os bancos para garantir o ajuste fiscal, passando de 15% para 17%, e a perspectiva de que as instituições, apesar de resilientes, sofram com o cenário de contração econômica. Ontem, a Fitch Ratings fez revisão e coloca BNDES e bancos brasileiros sob risco de rebaixamento.

Kroton (KROT3, R$ 10,85, -4,99%)
As ações da Kroton fecharam em queda de 5%. Além do cenário mais desafiador para a companhia com o Fies, conforme destacado pelo Credit Suisse em relatório repercutido na véspera, o presidente da Kroton Educacional, Rodrigo Galindo, afirmou na segunda-feira, 13, que a empresa espera finalizar a venda da Uniasselvi até o mês de setembro. “Está em processo avançado, esperamos concluir em junho a assinatura e em agosto ou setembro o fechamento do negócio”, afirmou antes de participar do Fórum da Liberdade, na capital gaúcha. A Kroton foi obrigada a se desfazer deste ativo após a fusão com a Anhanguera, por exigência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Galindo não adiantou os valores que vêm sendo negociados, mas disse que o processo envolve “vários players” nacionais e internacionais. “Estamos na penúltima fase. A negociação está avançada e competitiva, o que nos dá um conforto de que faremos uma boa venda”, disse.

Hering (HGTX3, R$ 16,70, -2,62%)
As ações da Hering  fecharam em baixa superior a 2% após as vendas do varejo decepcionarem, ao caírem 0,1% em fevereiro, de acordo com o IBGE. As ações da Natura (NATU3, R$ 26,88, -2,78%) também registraram quedas expressivas. 

General Shopping (GSHP3, R$ 5,86, -4,56%)
As ações da General Shopping passaram de alta no início da sessão em meio à notícia da venda do Shopping Light para forte queda, fechando em baixa superior a 4%. A controlada da General Shopping Levian Participações e Empreendimentos celebrou contrato com Zahav Empreendimentos Imobiliários para alienar 100% do imóvel do Shopping Light, segundo comunicado.

O valor é sujeito a ajustes previstos no compromisso de compra e venda. “Operação somente será consumada após o cumprimento de determinadas condições precedentes comuns a este tipo de operação previstas no Compromisso de Compra e Venda, incluindo a extinção de direito real de uso sobre o Imóvel atualmente detido pelo Consórcio Shopping Light, do qual participa a própria Levian”. 

“Caso as condições precedentes previstas no Compromisso de Compra e Venda venham a se verificar e a operação acima referida seja consumada, a Companhia deixará de deter qualquer participação direta ou indireta no Imóvel e no empreendimento comercial denominado Shopping Light”.


Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.