Credit corta Itaú, Bradesco e BB; “difíceis de quebrar, mas não invulneráveis”

Bancos brasileiros tiveram as piores performances na América Latina em dólar, de acordo com o banco suíço

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Sempre presentes em carteiras recomendadas e reconhecidos como os mais sólidos investimentos da Bovespa nos últimos anos, os bancos brasileiros começam a perder o posto de “queridinho” dos analistas. O Credit Suisse divulgou um relatório aos seus clientes informando o corte na recomendação das ações de Itaú Unibanco (ITUB4), Itaúsa (ITSA4), Bradesco (BBDC3; BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), de “outperform” (compra) para “marketperform” (neutro). O preço-alvo deles também foi reduzido, com exceção das ações da holding de investimentos do Itaú.

Para o time do Credit, formado por Marcelo Telles, Daniel Magalhães, Alonso Garcia e Victor Schabbel, não basta que os gigantes do setor financeiro no Brasil tenham um bom desempenho no mercado local quando os desafios no cenário macroeconômico não param de piorar. Os analistas destacam PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, que deve sofrer recuo este ano de 1,3%, ante expectativas anteriores de uma retração de 0,5%.

Não bastasse isso, o desenrolar da crise envolvendo a Petrobras pode contaminar toda a cadeia produtiva do País – lembrando que a estatal possui uma parcela muito expressiva do PIB -, o que significa maior risco para os empréstimos bancários. “Em um ano em que um forte ajuste fiscal é necessário e a habilidade do governo de reduzir despesas tem suas limitações, nós acreditamos que medidas que podem ser tomadas para turbinar as receitas fiscais são um risco permanente que não deve ser ignorado”, avalia o banco suíço no relatório intitulado Hard to break into but not invulnerable (tradução livre: Difíceis de quebrar, mas não invulneráveis).

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Soma-se a isso a expectativa de que seja esperado “mais surpresas negativas do que positivas”. Coincidência ou não, uma notícia veiculada na Revista Exame disse que a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) foi informada que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, planeja aumentar o imposto CSLL para instituições financeiras de 15% para 17%. As ações do setor lideraram as perdas do Ibovespa nesta quinta-feira (9). 

Lucro crescente não é suficiente
O corte de recomendação do Credit Suisse vai na contramão da expectativa para o lucro dos grandes bancos brasileiros, que continuam representando um crescimento de 16% em relação a 2014. Para os analistas, a evolução no lucro não é suficiente para ofuscar o cenário macroeconômico desfavorável que começa a ganhar corpo, o que inclusive justifica a fraca performance das ações de Itaú, Bradesco e BB em relação aos outros bancos da América Latina.

Ademais, essa deterioração econômica fez com que o Credit Suisse reduzisse o preço-alvo para as ações, já que isso elevou a “taxa livre de risco” adotada pelo banco para fazer o cálculo de suas projeções. O preço-alvo da ação do Itaú, por exemplo, foi cortado de R$ 42 para R$ 40, o que indica um potencial de valorização de 8,9%, considerando o fechamento desta quinta. Bradesco teve o “target” ajustado de R$ 35,80 para R$ 35 (upside de 14,3%), enquanto o do BB caiu em R$ 2, para R$ 27 (upside de 15,4%).

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O único que viu seu preço-alvo subir foi a Itaúsa, que foi elevado de R$ 9,94 para R$ 11,70, devido ao menor “prêmio” utilizado pelos analistas do Credit Suisse para calcular o valuation da holding de investimentos em relação ao Itaú.

Bradesco é o preferido
Dentre os três grandes, o Credit manifestou preferência pelo Bradesco, que se valorizou menos do que seus pares e que possui um upside maior do que o do Itaú. Por sinal, a “queridinha” dos analistas, Itaú, tornou-se apenas a terceira mais recomendada, uma vez que a Itaúsa possui uma possibilidade de upside mais atrativa, que veio junto com o desconto do spread entre os preços de ITUB4 e ITSA4. 

Já o Banco do Brasil, seria de todos o mais “problemático”, por ser de economia mista, ter uma capacidade de produzir lucros menor e por operar mais alavancado que os rivais.