Morgan Stanley eleva recomendação para Bovespa, mas ainda vê 3 riscos para o Brasil

Equipe econômica do Morgan, porém, acredita em uma solução para o ajuste fiscal e vê a Petrobras conseguindo divulgar seu balanço no prazo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar de todos os problemas econômicos e as tensões políticas que pressionam o Brasil, há quem comece a se animar para uma possível recuperação do mercado nacional. Como é o caso do Morgan Stanley, que dado o fraco desempenho recente do Ibovespa e uma projeção animadora sobre a resolução dos principais problemas domésticos, elevou sua recomendação para as ações brasileiras de underweight (desempenho abaixo da média do mercado) para neutra.

Apesar de elevar a recomendação, a equipe econômica do Morgan ainda vê três grandes incertezas: 1) racionamento de energia; 2) ajuste fiscal; e 3) Petrobras. Porém, no relatório intitulado “Is Brazil Too Big To Fail?” (em referência à teoria, muito usada durante a crise de 2008, de que alguns bancos seriam grandes demais para quebrar e por isso teriam suporte do governo), a equipe diz que vê o País chegando à soluções em relação ao ajuste fiscal, o que deve ajudar a manter o rating soberano do Brasil. No geral, eles acreditam que o resultado destes três eventos será melhor que o que o mercado atualmente precifica.

Enquanto isso, eles acreditam que um posicionamento mais defensivo dos investidores na Bolsa deve ajudar a fazer com que o Ibovespa tenha uma recuperação. Os analistas da instituição projetam agora o principal índice de ações da Bolsa encerrando 2015 por volta dos 60 mil pontos, o que hoje representa um ganho de cerca de 18%. Diante dos atuais riscos, a equipe do Morgan traçou três possíveis cenários para o País:

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Cenário positivo
Neste cenário, o Morgan assume que a Petrobras consegue divulgar com êxito suas demonstrações financeiras auditadas no prazo, o que fará com que não ocorra nenhum impacto sobre o rating soberano. Além disso, também há uma confiança maior que o governo terá sucesso na concretização de um ajuste fiscal, mesmo que isso não leve a atingir a ambiciosa meta de superávit primário de 1,2%. Este cenário seria positivo para todas as classes de ativos e também permitirá que o Brasil mantenha seu grau de investimento.

Cenário negativo
No cenário negativo, os ativos brasileiros reagiriam negativamente a uma garantia soberana sendo exigida com a Petrobras falhando em divulgar seus resultados auditados no prazo. “Uma queda, no entanto, poderia ser contida com um rebaixamento imediato podendo ser evitado, em nossa visão”, dizem os analistas no relatório.

Cenário muito negativo
Um rebaixamento é muito provável no cenário muito negativo, que leva em conta a dívida Petrobras acelerando após ela não conseguir apresentar o balanço. Segundo os analistas, isso não só irá causar problemas significativos para a Petrobras, que vai precisar de assistência do governo, mas também teria um impacto negativo nas perspectivas de crescimento. “Nós atribuímos uma baixa probabilidade de que esse cenário ocorra, a queda seria forte devido às saídas de recursos que poderiam se materializar”, afirmam.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.