Levy, Petrobras e mais 5 eventos devem agitar a Bolsa na próxima semana

Entre os destaques ainda está a continuação dos discursos dos membros regionais do Federal Reserve, que servem de "termômetro" para as próximas decisões do banco central por lá

Marina Neves

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SÃO PAULO – A semana que chega ao fim nesta sexta-feira (27) foi bastante agitada para a Bolsa, com a renúncia de Guido Mantega do Conselho de Administração da Petrobras, e substituição por Luciano Coutinho, além do anúncio do término do programa diário de swaps cambiais – que deixa de vigorar no dia 1º – pelo Alexandre Tombini, do Banco Central. A semana ainda trouxe o PIB do ano passado, que demonstrou crescimento de 0,1%.

Ainda foi destaque nesta semana a briga entre o Iêmen e os hutis, que foram bombardeados pela Arábia Saudita. A tensão entre as partes fez com que o mercado ficasse temeroso sobre uma possível paralisação da distribuição de petróleo produzido pela região, uma vez que os navios que transportam a commodity passam pelo Iêmen.

Vale mencionar que semana que vem, na sexta-feira (3), a BM&FBovespa não irá operar, uma vez que será feriado nacional. Veja abaixo os eventos que agitarão a Bolsa entre os dias 30 e 2:

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1) Discursos do Fed
Após semana permeada de discursos dos integrantes do Federal Reserve, banco central dos EUA, a próxima semana aguarda mais falas dos presidentes regionais. É importante que o mercado acompanhe as declarações uma vez que as falas de Janet Yellen após a reunião do Fomc foram tomadas pelo mercado como “ambíguas”. Falarão, nos próximos cinco dias, Jeffrey Lacker, do Fed de Richmond, Dennis Lockhart, do Fed de Atlanta, Loretta Mester, do Fed de Cleveland, John Williams, do Fed de São Francisco, e Esther George, do Fed de Kansas.

Os discursos serão bastante acompanhados, uma vez que as indicações de Yellen mostraram que o Fed está buscando mais independência das expectativas do mercado. As falas dos representantes ajudam o mercado a acompanhar com mais “precisão” as decisões tomadas nas reuniões do Fomc.

Alguns dados paralelos às decisões do comitê deverão ser bastante acompanhados, não só para a semana que vem, como para as próximas reuniões do Fed, como os de produção industrial norte-americana, mercado de trabalho e confiança do consumidor, uma vez que é um termômetro da economia por lá: se os dados continuarem demonstrando melhorias e aquecimento econômico, é possível que os aumentos na taxa de juros venham mais cedo.

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Ainda valerá acompanhar os dados dos estoques de petróleo, que serão divulgados na quarta-feira e trarão mais detalhes sobre como está a demanda e a oferta da commodity. É especialmente importante na semana que vem, uma vez que nos últimos cinco dias a Arábia Saudita bombardeou alvos hutis que brigam com o governo do Iêmen, o que trouxe o temor aos mercados de que, pelo Iêmen ser uma região onde passam os navios de petróleo que são distribuídos para o restante do globo, a tensão poderá ocasionar em uma paralisação da distribuição da commodity, o que levaria os preços a aumentarem.

2) Zona do Euro
O PMI Industrial da zona do Euro, assim como o PMI da Alemanha também deverão ser acompanhados, mesmo que em menor importância. Os dados também servirão para o mercado saber como está a desaceleração econômica por lá, e principalmente, se a injeção de dinheiro do Banco Central Europeu já está surtindo algum efeito tanto na economia, quanto nas expectativas macroeconômicas. Outros dados que contribuirão para a análise de como a injeção de euros na economia europeia está sendo absorvida pelo mercado serão os dados de confiança do empresário, industrial e do consumidor.

3) Discurso do Joaquim Levy
Na terça-feira (31), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, irá discursar na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal, o que deverá ser acompanhado de perto pelo mercado uma vez que fica a expectativa de que o ministro falará sobre possíveis próximas medidas monetárias que o governo está programando. É importante também uma vez que nesta semana, discursando no CAE, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deu fim ao programa diário de swaps cambiais, o que fez com que o dólar fechasse com alta nesta semana, cotado a R$ 3,2405.

4) Brasil
Além do discurso do ministro da Fazenda, na semana que vem são aguardados dados fiscais de fevereiro, que devem chamar atenção do mercado, mesmo com as questões relacionadas à política monetária, à desaceleração da economia e às pressões inflacionárias sigam no radar dos investidores. De acordo com analistas do Bradesco, as projeções para o resultado primário do governo central, que será divulgado na segunda-feira pelo Tesouro, são de déficit de R$ 3,9 bilhões.

A equipe de análises da Coinvalores analisa que as contas públicas devem ser “cruciais” para estabelecer expectativas quanto ao andamento da meta de superávit para este ano. “Consideramos que embora existam atritos entre congresso e a presidência da república, a nova equipe econômica vem angariando positivos avanços nas intermediações políticas,com vistas a redirecionar as contas públicas para um maior superávit”.

A corretora do banco ainda diz que, reforçando a tendência de enfraquecimento da atividade econômica, a produção industrial, divulgada na quarta-feira, apontará para retração de 0,8% entre janeiro e fevereiro. Nesta semana ainda será divulgado os dados do IGP-M, no qual o Bradesco projeta alta de 0,99%. Para completar a agenda nacional da semana que vem, a balança comercial de março deve mostrar déficit de US$ 400 milhões, na opinião dos analistas.

5) PMI da China
Já na terça-feira (31) o mercado observará dados do PMI industrial da China, que serve de termômetro para calcularmos a desaceleração econômica do gigante asiático. É um dado bastante acompanhado pois ultimamente a China tem demonstrado uma desaceleração mais forte do que o mercado estava esperando e isto poderá ser confirmado – ou não – com os dados do PMI. 

De acordo com os analistas, o PMI deve ser destaque pois apesar da desaceleração da economia chinesa já esteja sendo precificada, dados abaixo do esperado podem reacender discussões quanto ao “hard landing”, que indica que a economia está desacelerando de forma mais rápida que o mercado aguardava.

É um indicador que influencia diretamente nas ações da Vale (VALE3; VALE5), que tem no país seu principal comprador de minério de ferro. Com a desaceleração econômica, a demanda pela commodity reduz, e a Vale se prejudica, o que é precificado pelo mercado e evidenciado na Bovespa.

6) Vendas de veículos
A Fenabrave divulgará as vendas de veículos em unidades na próxima quarta-feira (1), que deve ser acompanhada pelo mercado pois costuma influenciar em ações como as da Randon e Marcopolo, que são montadoras, além das ações das siderúrgicas, que fornecem aço para o mercado automobilístico, como explica o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos. 

7) Petrobras
Mesmo sem data prevista e sendo um evento atemporal, vale ficar de olho ainda na Petrobras (PETR3; PETR4), que após a renúncia de Guido Mantega do posto de presidente do Conselho de Administração, passou a ser presidido por Luciano Coutinho na última quinta-feira. A estatal segue no radar, principalmente com o mercado ainda de olho na divulgação dos balanços da companhia, que estão sendo aguardados pelo mercado para serem divulgados em abril.