Bolsa afunda e dólar sobre forte com membro do Fed indicando alta dos juros em junho

Aumentam as apostas de que a tão aguardada elevação dos juros pelo Fed venha nas próximas reuniões com a melhora maior que o esperado da economia norte-americana

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Se a divulgação dos dados de emprego melhores do que o esperado nos Estados Unidos já provocavam uma queda do Ibovespa, fala do presidente do Federal Reserve de Richmond, ajudou a azedar de vez os mercados. Jeffrey Lacker, um dos membros votantes do FOMC (Federal Open Market Comittee), disse querer que o Fed eleve os juros já em junho. 

Às 16h06 (horário de Brasília), o índice caía 0,83%, a 49.944 pontos. Ao mesmo tempo, o dólar disparava 1,35%, a R$ 3,052, também refletindo esse aumento nas apostas de que o Fed elevará os juros mais cedo por conta dessa melhora da economia. Os juros DI para janeiro de 2017 subiam 29 pontos-base, para 13,44%. As bolsas dos Estados Unidos não ficavam atrás da Bovespa nas perdas e caíam entre 0,92% e 1,31%. 

A taxa de desemprego na maior economia do mundo caiu de 5,7% para 5,5%, com a criação de 295 mil novas vagas ante uma estimativa de 240 mil. Com isso, fica cada vez mais próximo um aumento na taxa de juros dos EUA pelo Federal Reserve.

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Um aumento das taxas de juros nos EUA elevará o retorno dos títulos da dívida norte-americana, tidos como os mais seguros do mundo. Com isso, deverá ocorrer uma retirada de capitais dos ativos de risco, principalmente nas economias emergentes, pelo investidor estrangeiro. Vale lembrar que a participação dos “gringos” na bolsa brasileira é muito alto, chegando a 52% das movimentações, segundo o balanço de operações divulgado ontem pela BM&F Bovespa. 

Além do noticiário externo, a Bolsa também refletia que o medidor oficial de inflação, o IPCA saiu com um avanço de 1,22% em fevereiro após alta de 1,24% em janeiro. Com isso, o índice em 12 meses já chega a 7,7%, bem acima do teto da meta do governo de 6,5% ao ano. O crescimento do nível de preços foi o maior desde 2005. 

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) caíam após notícia de que a estatal pode cortar pela metade a encomenda de 28 sondas à Sete Brasil, devido à falta de dinheiro em caixa e das dificuldades para levantar financiamento com o endividamento atual.

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Ainda na noite de ontem,a estatal informou ao mercado que o juiz da causa movida contra a estatal em Nova York nomeou Universities Superannuation Scheme como autor líder da ação conjunta. Ainda de acordo com comunicado da petrolífera, amanhã será realizada uma teleconferência entre o juiz, a Petrobras e o autor líder para agendar as próximas etapas do processo. 

Os papéis da Vale (VALE3; VALE5) também viam desvalorização com a queda nos preços do minério. O minério segue em queda, abaixo de US$60 a tonelada. A cotação da commodity ainda sofre com a previsão de que a economia chinesa crescerá “apenas” 7% em 2015, a menor projeção em 11 anos. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 4,30 -4,02 -29,51 11,06M
 ALLL3 ALL AMER LAT ON 4,63 -3,94 -8,50 19,38M
 OIBR4 OI PN 6,40 -3,18 -25,67 37,55M
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 34,85 -3,09 +3,35 440,93M
 BRML3 BR MALLS PAR ON 15,65 -3,04 -4,75 25,37M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRVE3 MRV ON 6,82 +3,49 -9,07 21,66M
 JBSS3 JBS ON 13,14 +3,06 +17,32 62,95M
 BRKM5 BRASKEM PNA 13,19 +2,97 -24,63 16,75M
 FIBR3 FIBRIA ON 39,49 +2,49 +21,47 53,64M
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 13,10 +1,95 +16,44 34,62M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Cenário externo
Apesar do emprego nos EUA, na Europa, os índices ainda veem um resquício da alta de ontem provocada pelo anúncio de que o programa de compra de ativos para injetar dinheiro na economia da zona do euro começará na semana que vem, no dia 9. 

A produção industrial da Alemanha subiu 0,6% em janeiro deste ano ante dezembro do ano passado, em cálculo ajustado, segundo dados do Ministério da Economia do país. O resultado ficou levemente acima da previsão dos analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que esperavam alta de 0,5%.

No setor manufatureiro, a produção ficou estável em janeiro ante novembro, e o setor de construção subiu 5,0% na mesma comparação. Em relação a janeiro de 2014, a produção industrial alemã registrou avanço de 0,9%.

(Com Reuters)

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