MST invade empresa de eucalipto transgênico da Suzano e votação sobre liberação é adiada

Segundo o MST, a invasão das mulheres, parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, destruiu mudas dos eucaliptos transgênicos da companhia

Reuters

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SÃO PAULO – A votação que ocorreria nesta quinta-feira na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) sobre liberação de plantio comercial de eucalipto geneticamente modificado da Futuragene, empresa da Suzano Papel e Celulose (SUZB5), foi adiada para abril após protestos de manifestantes contrários à tecnologia.

Cerca de 1.000 mulheres integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram a sede da empresa de biotecnologia em Itapetininga (SP) e, em paralelo, manifestantes protestaram em Brasília no prédio da Agencia Espacial Brasileira (AEB), onde ocorreria a votação.

Segundo o MST, a invasão das mulheres, parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, destruiu mudas dos eucaliptos transgênicos da companhia.

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“A ação pretende denunciar os males que uma possível liberação de eucalipto transgênico pode causar ao meio ambiente”, afirmou o MST em comunicado.

“Se aprovado pela comissão, o eucalipto reduziria sua rotação de seis a sete anos para, apenas, quatro anos. O gasto de água será maior que os 25 a 30 litros por dia por cada eucalipto plantado que se utiliza hoje. Estamos, novamente, chamando atenção para o perigo dos desertos verdes”, afirmou Catiane Cinelli, integrante do Movimento de Mulheres Camponesas.

Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que engloba a CTNBio, a votação foi adiada por motivos de segurança. Nova reunião sobre o pedido de autorização para o plantio do eucalipto transgênico está prevista para 9 de abril. Além do eucalipto da Futuragene, a CTNBio analisaria pedidos envolvendo duas novas variedades de milho.

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A Futuragene afirma que o eucalipto geneticamente modificado traz ganhos de produtividade da ordem de 20 por cento em relação ao eucalipto natural e é avaliado em campo pela companhia desde 2006. O ganho de produtividade se dá por conta do maior crescimento em altura e em diâmetro do eucalipto transgênico, o que resulta em maior volume de madeira produzido por hectare.

A indústria nacional de mel também se mostra contra a liberação, alegando que teria as exportações prejudicadas, diante da resistência de países europeus a organismos geneticamente modificados.

Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, um dos grandes riscos da variedade transgênica de eucalipto é a contaminação de plantios convencionais da árvore que subsidiam grande parte da produção de mel no Brasil.

Procurada, a Futuragene afirmou que a invasão destruiu estufas, sistemas de irrigação e revirou mudas de eucaliptos que estavam sendo estudadas. Os manifestantes não chegaram a invadir os laboratórios da empresa.

“Todos os estudos exigidos pela CTNBio foram apresentados pela empresa. Tanto que chegamos à última fase de aprovação comercial”, afirmou a Futuragene, acrescentando que ainda não é possível calcular o prejuízo material e tecnológico causado pela invasão.

(Por Priscila Jordão, com reportagem adicional de Alberto Alerigi Jr., edição de Luciana Bruno)