Ibovespa cai 1,6%, Petrobras afunda 4% e dólar chega a R$ 3 com tensão pré-Copom

Conflitos no Congresso também estão no radar depois do devolvimento da MP sobre o fim da desoneração da folha de pagamento pelo presidente do Senado, Renan Calheiros; juros DI futuros sobem

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa teve nova queda nesta quarta-feira (4) em dia de reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), encontro do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, com a Moody’s e tensão política no Congresso. Do lado internacional, as bolsas norte-americanas caíam novamente depois de alcançarem máximas históricas nos últimos dias. 

O Ibovespa fechou em queda de 1,63%, a 50.468 pontos. Foi a quinta queda em seis pregões e o fechamento mais baixo desde a sexta-feira de carnaval no dia 13 de fevereiro. O volume financeiro negociado foi de R$ 6,537 bilhões. 

O principal destaque nos mercados, no entanto, foi o dólar comercial, que após renovar novamente sua máxima em 11 anos na véspera, voltou a subir forte, com ganhos de 1,80%, atingindo os R$ 2,9787 na compra e R$ 2,9807 na venda. No mercado futuro, a moeda superou os R$ 3,00.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Já os juros DI futuros operavam em alta, com o contrato para janeiro de 2020 subindo 5 pontos-base, a 12,62%. 

Perto do fim do pregão, o Livro Bege do Federal Reserve mostrou otimismo com a economia na maioria das regiões, com alguma pressão do setor de energia e das nevascas do inverno. 

Tensões, Copom e Moody’s
O dia no mercado doméstico é marcado pelo aumento da tensão política após o presidente do Senado, Renan Calheiros devolver a Medida Provisória sobre o fim da desoneração da folha de pagamento, levando a presidente Dilma Rousseff a apresentar em caráter de urgência um Projeto de Lei. Enquanto isso, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entregou ao STF a lista com 54 nomes, com muitos políticos entre eles, para abertura de inquérito em relação às investigações da Lava Jato.

Continua depois da publicidade

Nesta quarta termina a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), onde é esperado um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic. A desvalorização do real e o reajuste dos preços administrados modificaram o cenário esperado pelos economistas, que anteriormente esperavam uma alta máxima de 0,25 p.p..

Por aqui, ainda vale destacar a reunião do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, com representantes da agência de risco S&P, após, na última semana, a Moody’s decidir rebaixar o rating da Petrobras e colocar pressão não só na companhia, mas em um possível corte na nota soberana do País. Lembrando que com a devolução da MP na noite de ontem, os ajustes fiscais programados pelo governo podem ser impactados, o que aumenta a importância da discussão com a S&P.

Entre os indicadores, a produção industrial brasileira subiu 2,0% em janeiro frente a dezembro, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Porém, na comparação com o mesmo período do ano passado, a produção teve queda de 5,2%, 11ª taxa negativa seguida nesse tipo de comparação. A expectativa era que a queda fosse de 5%.

Continua depois da publicidade

Destaques de ações
Entre os destaques, nas poucas altas desta sessão destaque para as companhias de papel e celulose, Fibria (FIBR3, R$ 39,10, +3,49%) e Suzano (SUZB5, R$ 12,90, +3,20%), ambas muito favorecidas pela disparada do dólar nos últimos dias. As duas companhias possuem um perfil exportador, aumentando assim seus ganhos na venda de produtos no exterior.

A Gerdau (GGBR4, R$ 10,23, +4,51%) também apareceu entre as altas mesmo após ver seu lucro líquido cair 20,1% no quarto trimestre de 2014 na comparação anual, passando para R$ 393 milhões. A receita líquida ficou em R$ 10,8 bilhões, crescimento de 5,1%. Juntamente com a divulgação do balanço, na manhã desta quarta-feira (4), a siderúrgica aprovou o pagamento de R$ 0,07 por ação em dividendos aos acionistas. O pagamento será feito em 26 de março e serão calculados com base nas posições acionárias de 16 de março.

A Petrobras (PETR3, R$ 9,15, -3,79%PETR4, R$ 9,21, -4,06%) também esteve em evidência mais uma vez, com forte queda hoje após sair a “lista de Janot” com 54 nomes. Alguns veículos citam que os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, estariam entre eles. 

Publicidade

Além disso, hoje, o juiz da Corte de Nova York, Jed Rakoff, deve escolher o investidor líder da ação coletiva contra a Petrobras. Um dos investidores interessados em ser o líder é a gestora de recursos Skagen, da Noruega, e o Danske Bank, da Dinamarca, que juntos têm perdas que podem chegar a US$ 267 milhões, por conta de aplicações em bônus externos da Petrobras entre 2010 e 2014. Foi o maior prejuízo que apareceu nas petições entregues na Corte.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 PDGR3 PDG REALT ON 0,42 -6,67 -51,16
 ESTC3 ESTACIO PART ON 16,98 -5,93 -28,72
 MRVE3 MRV ON 6,70 -5,63 -10,67
 BBAS3 BRASIL ON 22,44 -5,04 -4,89
 MRFG3 MARFRIG ON 4,45 -4,91 -27,05

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

Continua depois da publicidade

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 GGBR4 GERDAU PN 10,43 +4,51 +8,87
 GOAU4 GERDAU MET PN 11,47 +4,27 +1,50
 USIM5 USIMINAS PNA 4,44 +3,50 -12,08
 FIBR3 FIBRIA ON 39,10 +3,49 +20,27
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 12,90 +3,20 +14,67

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 36,28 -0,87 577,03M
 PETR4 PETROBRAS PN 9,21 -4,06 438,83M
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 36,38 -2,07 332,94M
 BRFS3 BRF SA ON 62,70 -2,64 304,05M
 VALE5 VALE PNA 17,66 -2,32 241,18M
 ABEV3 AMBEV S/A ON EJ 18,23 -1,09 225,88M
 KROT3 KROTON ON 9,80 -2,49 185,63M
 CIEL3 CIELO ON 43,75 -1,46 179,96M
 BBAS3 BRASIL ON 22,44 -5,04 154,34M
 ITSA4 ITAUSA PN ED 9,93 -0,80 145,54M

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Estados Unidos
O aguardado relatório de emprego nos EUA mostrou que a criação de emprego no setor privado cresceu menos do que esperado em fevereiro, como os serviços e bens de produção desacelerando em relação aos últimos meses. Foram adicionados 212 mil postos no mês, ante dado revisado para cima de 250 mil em janeiro, no ritmo mais lento desde agosto de 2014. Economistas consultados pela Reuters esperavam um aumento de 220 mil.

Publicidade

A maior parte dos ganhos vieram do setor de serviços. Embora o setor adicionou 181 mil cargos para o mês, valor 12% menor que os 206 mil de janeiro. Negócios e serviços profissionais também desacelerou, acrescentando 34 mil postos em relação a janeiro, quando atingiu 49 mil.

Bolsas internacionais
Ásia e Europa seguiram o mesmo movimento nesta quarta uma vez que investidores mostraram-se cautelosos antes de reuniões de bancos centrais e dos dados de empregos nos Estados Unidos. A exceção ficou com o mercado chinês, que contrariando a tendência fecharam em alta.

Na zona do euro, as vendas no varejo subiram pelo quarto mês consecutivo em janeiro, com ganho de 1,1% ante dezembro, segundo dados publicados hoje pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. Na comparação anual, o setor varejista da região vendeu 3,7% mais em janeiro que em igual mês do ano passado, garantindo seu melhor desempenho desde agosto de 2005.

Enquanto isso, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, pediu pessoalmente ao ministro de Finanças do país, Yanis Varoufakis, que restrinja seus comentários públicos, informou o jornal alemão Bild nesta quarta-feira. Segundo a publicação, Varoufakis criticou em várias ocasiões o resultado das negociações recentes entre o governo grego e o Eurogrupo, que é formado por ministros de Finanças da zona do euro.

Tópicos relacionados