Moody’s: investigação na Petrobras pode provocar efeito cascata nos bancos

"Os riscos são maiores para os bancos públicos brasileiros, que poderiam ser obrigados pelo governo a oferecer à Petrobras e seus fornecedores suporte para evitar uma crise de crédito", disse a agência

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A agência de classificação de risco Moody’s (que na semana passada rebaixou a Petrobras para grau especulativo) afirmou em relatório nesta terça-feira (3) que o aprofundamento da investigação do suposto esquema de propinas na Petrobras provocou “preocupação aos bancos brasileiros com exposições não apenas à petroleira controlada pelo Estado, mas também à sua ampla base de fornecedores, assim como ao segmento de indústrias de petróleo e gás e de construção”.

“Os riscos são maiores para os bancos públicos brasileiros, que poderiam ser obrigados pelo governo a oferecer à Petrobras e seus fornecedores suporte para evitar uma crise de crédito”, disse a Moody’s. “A investigação na Petrobras poderia exacerbar a situação para os bancos brasileiros, uma vez que as expectativas para crescimento do crédito em 2015 já eram modestas”, afirma Celina Vansetti-Hutchins, Managing Director da Moody’s.

“Qualquer aumento nas provisões dos bancos contra perdas relacionas à Petrobras e aos seus fornecedores, assim como aos setores de petróleo e gás e de construção, poderia prejudicar lucros e levar a um aperto das condições de crédito, o que poderia ter repercussões na economia brasileira”, explica Celina.

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Ela lembra que os bancos já estão limitando o crédito a setores envolvidos nos casos de corrupção, como petróleo e gás e de construção, enquanto a Petrobras já bloqueou a participação de diversos fornecedores envolvidos na investigação. “No entanto, os bancos provavelmente vão continuar financiando a Petrobras, devido a sua performance operacional relativamente solida e a expectativa de provável apoio do governo”, ressalta ela.

Por fim, Celina faz um alerta: “se a empresa atrasar mais a divulgação de suas demonstrações financeiras de 2014, os credores poderiam decidir exercer seu direito de acelerar os US$ 137 bilhões em obrigações financeiras pendentes da Petrobras. Neste caso, no entanto, outras empresas tomadoras de recursos e que fazem negócios com a Petrobras poderiam entrar em default ou abrir processo de falência, o que poderia fazer com que os bancos executassem garantias que afetariam o sistema financeiro inteiro e a economia”.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.