Desinvestimento da Petrobras, joint venture da Ambev, Vale e mais 12 empresas no radar

Entre os destaques, 4 resultados, adiamento do início das aulas da Estácio e mudança de recomendação de Cielo e Comgás

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A terça-feira (3) começa agitada com a temporada de resultados e o noticiário de grandes empresas como Vale e Petrobras prometendo agitar as ações no pregão de hoje. Logo após o encerramento dos negócios ontem, a Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou que sua diretoria executiva aprovou em reunião do dia 26 de fevereiro o plano de desinvestimento da companhia para 2015 e 2016. Segundo fato relevante, a companhia pretende se livrar de US$ 13,7 bilhões em ativos até o ano que vem.

De acordo com a estatal, o valor total do plano será dividido em três: 30% serão referentes às áreas de exploração e produção no Brasil e no exterior, outros 30% representando a área de abastecimento e o restante, equivalente a 40%, à área de gás e energia. 

A petroleira ainda informa que o plano “faz parte do planejamento financeiro da companhia, que visa à redução da alavancagem, preservação do caixa e concentração nos investimentos prioritários, notadamente de produção de óleo e gás no Brasil em áreas de elevada produtividade e retorno”.

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A Petrobras ressalta que os US$ 13,7 bilhões previstos no plano representam a melhor expectativa da companhia quanto ao desinvestimento, e que uma vez que a estatal ainda está exposta a diversas variáveis do mercado como as cotações do petróleo e o crescimento econômico brasileiro e mundial, o montante da meta ainda poderá ser modificado, adequando-se às demandas da empresa. Cada operação de alienação ainda será submetida à avaliação e aprovação da diretoria e do conselho de administração da empresa.

A estatal ainda informou ao mercado que em reunião do dia 27 de fevereiro, seu conselho de administração aprovou a contratação da PricewaterhouseCoopers Auditores Independentes (PwC) para a prestação de serviços de auditoria contábil nos exercícios sociais deste ano e 2016.

“Apesar de vermos positivamente o anúncio de um novo e mais agressivo plano de desinvestimento, acreditamos que a sua execução será chave e demandante, diante do cenário de preços de commodities continuamente volátil e das condições macro brasileiras”, afirmou a equipe de analistas do Santander. “No curto prazo, no entanto, acreditamos que a publicação do balanço auditado de 2014 ainda é o mais importante catalisador”, completaram.

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Vale (VALE3VALE5
A Vale ampliou o contrato com a canadense Silver Wheaton para venda de ouro produzido como subproduto da extração de cobre da mina de Salobo, no Brasil. O aditivo ao acordo original de compra de ouro, datado de fevereiro de 2013, prevê a compra de um fluxo adicional de 25% do ouro pagável durante toda a vida útil da mina.

A Vale receberá um pagamento inicial em dinheiro no valor de US$ 900 milhões, e pagamentos futuros em dinheiro por cada onça de ouro entregue à Silver Wheaton baseado no menor valor entre US$ 400 por onça e o preço de mercado. O valor será atualizado anualmente em 1 por cento a partir de 2017, informou a Vale.

A mineradora disse que não há comprometimento firme em relação às quantidades de ouro entregues. “A Silver Wheaton tem direito a um percentual do ouro produzido como subproduto de Salobo, e não a volumes específicos, assumindo, em parte, o risco operacional do negócio”, disse a Vale em fato relevante.

Segundo a equipe do Itaú BBA, o anúncio é ligeiramente positivo para ação. “Nosso modelo já incorpora a venda de cerca de US$ 2 bilhões em ativos nos próximos trimestres […] Novos desinvestimentos e iniciativas de melhoria do fluxo de caixa serão fundamentais para a redução do risco de alavancagem de curto prazo da empresa”, disseram os analistas.

Ambev (ABEV3)
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou sem restrições a criação de uma joint venture da Ambev e a Whirlpool para a criação de uma empresa focada em pesquisar, desenvolver, produzir, vender, distribuir, comercializar, importar e exportar o B.Blend, que produz bebidas mediante a utilização de cápsulas. A decisão foi divulgada no Diário Oficial da União.

A operação trata da criação da joint venture por meio da constituição de uma empresa pela Whirlpool e posterior aquisição de 50% das ações desta nova companhia pela Ambev, segundo documento do Cade.

Souza Cruz (CRUZ3)
A British American Tobacoo apresentou ontem o pedido para oferta pública para comprar a totalidade das ações da fabricante de cigarros brasileira Souza Cruz. O preço da oferta será de R$ 26,75 por ação, a ser deduzido do valor de dividendos e juros sobre capital próprio eventualmente declarados pela companhia até a data da operação. A Souza Cruz encerrou nesta segunda-feira cotada a R$ 25,14. 

O valor é cerca de 30% superior à média ponderada da cotação da ação nos 3 meses antecedentes ao anúncio da operação. Com o preço proposto, a empresa europeia poderá desembolsar mais de R$ 10 bilhões para tirar a Souza Cruz da BM&FBovespa. A companhia não informou de imediato a data provável para a realização do leilão da oferta pública.

Segundo a Souza Cruz, a realização da oferta está sujeita à aceitação por acionistas detentores de mais de dois terços das ações em circulação habilitadas para o leilão, entre outros fatores. A oferta está sendo coordenada por Santander Brasil, Deutsche Bank e UBS Brasil.

Estácio (ESTC3)
A Estácio Participações adiou o início das aulas presenciais devido a instabilidades para contratação do Fies, programa de financiamento estudantil do governo federal. A data da primeira aula dos calouros passou de 4 para 11 de março e foi modificada em respeito aos alunos que ainda não conseguiram efetivar contratações de financiamento para o primeiro semestre de 2015, informa a empresa.

A intenção é que “todos tenham mais tempo para contratação antes do início de suas atividades acadêmicas”, disse a instituição em comunicado aos estudantes. O sistema para contratação do Fies foi reaberto para contratações há uma semana, e vem apresentando lentidão e instabilidades desde então, em um momento de mudanças nas regras do financiamento.

Kroton (KROT3)
A maior empresa educacional da Bolsa divulgou que recebeu carta da Coronation Fund Managers na qual foi informada de que a instituição da África do Sul detinha 87,6 milhões de ações da companhia, o que equivale a 5,39% do capital da Kroton. É bom lembrar que quando um acionista atinge o limiar de 5% do capital de uma empresa, ele tem que mandar uma carta para que ela divulgue a informação na CVM. O mesmo ocorre quando um acionista passa a deter menos de 5% do capital de uma empresa.

Energias do Brasil (ENBR3)
O resultado da empresa de energia elétrica surpreendeu pelas proporções. O lucro da Energias do Brasil aumentou 664,6% no quarto trimestre de 2014, para R$ 317,3 milhões, ante R$ 41,5 milhões no mesmo período do ano anterior, impulsionado por ganhos regulatórios e aumento de preços de energia e apesar do forte aumento de gastos não gerenciados pela empresa. Na mesma base de comparação, a receita líquida da companhia cresceu 62,1%, para R$ 2,75 bilhões. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) teve um incremento de 223,8%, chegando a R$ 760,3 milhões.

T4F (SHOW3)
A Time For Fun fechou o 4º trimestre com um lucro líquido 1.046% maior do que no mesmo período de 2013, saltando de R$ 3,7 milhões para R$ 42,4 milhões. Com isso, o prejuízo acumulado no ano ficou em R$ 70,3 milhões, ou 378% superior a 2013. A receita líquida de vendas nos 12 meses ficou praticamente estável ao ano anterior, em R$ 552,9 milhões, enquanto o Ebitda passou de R$ 7,9 milhões positivos para R$ 26,1 milhões negativos entre os dois anos, informa a companhia.

O principal motivo para o resultado negativo, segundo a T4F, foi a contratação superdimensionada do espetáculo Corteo do Cirque du Soleil. Estamos confiantes em uma retomada de nossos resultados em 2015, pois além de partir de uma estrutura mais eficiente, 2015 será o primeiro ano sem os efeitos negativos causados por contratações de conteúdos durante o ano de 2012, período de maior intensidade da concorrência ‘irracional’ vivida em nosso setor. Acreditamos que nossos resultados vão mostrar de forma mais concreta o nosso potencial, sem a contaminação dos resultados negativos que carregamos fruto daquele período, em especial com relação ao Cirque du Soleil”, informa a companhia.

Guararapes (GUAR3)
Outro balanço divulgado, a Guararapes apresentou uma receita líquida de R$ 1,59 bilhão no 4º trimestre, alta de 15,6% em relação aos mesmos três meses de 2013. Já o Ebitda ajustado ficou praticamente estável em R$ 322,9 milhões entre outubro e dezembro, por conta do forte crescimento de 26,3% das despesas operacionais – que somaram R$ 70,9 milhões no trimestre.

Por fim, o lucro líquido da controladora da rede varejista de moda Riachuelo ficou em R$ 191,4 milhões, queda de 8% frente ao mesmo intervalo do ano anterior.

Cremer (CREM3)
A fabricante de produtos para cuidados com saúde e primeiros socorros anunciou a abertura de um programa de recompra de 50.499 ações, o que equivale a 10% do capital da empresa em circulação. A recompra terá início no nesta terça-feira (3) e acabará no dia 3 de março de 2016. 

Fertilizantes Heringer (FHER3)
A companhia informou ao mercado que sua receita líquida fechou o quarto trimestre de 2014 em R$ 1,8 bilhão, um avanço de 8% na comparação com igual período do ano anterior, quando totalizou R$ 1,6 bilhão; no ano, a receita líquida totalizou R$ 5,9 bilhões.

A companhia informou ainda que passou de lucro de R$ 19,3 milhões no quarto trimestre de 2013 para prejuízo de R$ 21,7 milhões em igual período de 2014; enquanto isto, no acumulado de 2014, a companhia teve lucro de R$ 7,9 milhões. A Fertilizantes Heringer ainda demonstrou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 115,8 milhões para o quarto trimestre e um acumulado de R$ 331,8 milhões no ano.

Helbor Empreendimentos (HBOR3)
A incorporadora residencial e comercial informou que o BTG Pactual Asset Management (BBTG11) vendeu ações da companhia, passando a deter somente 12,8 milhões de papéis da empresa, ou 4,98% do capital. O banco de investimentos informou, ainda, que tem por objetivo apenas a realização de operações financeiras, sem querer alterar a composição do controle da companhia e que “os Fundos não têm o objetivo de atingir qualquer participação acionária em particular”.

Direcional (DIRR3)
A companhia informou após o fechamento dos mercados nesta segunda-feira que seu conselho de administração aprovou seu plano de recompra de até 7.034.205 de ações ordinárias da companhia, equivalentes a aproximadamente 8,9% do total das ações em “free float” (em circulação no mercado). A Direcional ainda informou por meio de comunicado que o prazo máximo do programa é de 365 dias contados a partir de hoje, com vencimento em 1 de março do ano que vem. O comunicado ainda informa que o objetivo da recompra é a posterior alienação ou cancelamento dos ativos.

Recomendações
Entre as companhias revisadas, a Cielo (CIEL3) voltou a ser acompanhada pelo BTG Pactual, que deixou as ações da empresa recomendadas com “compra”. Enquanto isso, a Comgás (CGAS3) foi elevada para “outperform” (desempenho acima da média) pelo Itaú BBA.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.