No melhor mês desde 2012: o que fez a Bolsa disparar 10% em fevereiro?

Índice tem forte alta em mês marcado por grandes eventos no Brasil e no mundo; falas da presidente do Fed e superávit estão entre os principais eventos

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – Fevereiro foi um mês agitado para o Ibovespa com disparada do dólar e das bolsas mundiais. No mês, o índice subiu 9,97%, a 51.583 pontos. Foi a maior alta mensal desde janeiro de 2012, quando subiu 11,13%.

No meio do mês, o benchmark ultrapassou uma importante resistência aos 50 mil pontos e passou a operar acima dela desde então, engatando uma tendência de alta. Enquanto isso, em dólar, a Bolsa ficava “barata” aos olhos estrangeiros – que possuem a maior participação na BM&FBovespa. Isso porque o dólar disparou 5,19% frente ao real no mês, levando o índice dolarizado ao menor patamar desde 2009. 

Juntamente a isso, o mercado mostrava uma forte liquidez global, em meio à notícias positivas como a extensão do prazo de resgate à Grécia, as falas da presidente do Fed, Janet Yellen e o fechamento em máxima das principais bolsas mundiais do lado internacional. Enquanto no Brasil, o mercado se viu dividido entre rebaixamento da Petrobras e o superávit primário de janeiro, que surpreendeu positivamente.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Confira as 5 notícias mais importantes da Bolsa em fevereiro:

Disparada do dólar
O que, normalmente, tem uma relação inversa, andou junto esse mês. O mercado está acostumado a ver a Bolsa subir enquanto o dólar cai, e vice-versa. Isso porque em sinais de aversão ao risco as pessoas buscam tirar o dinheiro de ativos mais arriscados e migrar para papéis mais seguros, como o dólar. Esse mês, no entanto, foi diferente. A moeda americana subiu até perto dos R$ 2,90, atingindo o maior valor desde 2004, enquanto o Ibovespa batia o melhor mês em três anos.

A explicação é porque, com a desvalorização do real, o Ibovespa dolarizado foi muito “barato” aos olhos dos estrangeiros, que detêm a maior parte das ações brasileiras. A bolsa chegou a atingir 16.700 pontos no início de fevereiro em dólar. Com maior liquidez global e o índice mais barato, os estrangeiros acabaram migrando com mais força para cá ou reforçando a posição que já tinham na ponta compradora.

Continua depois da publicidade

Com as bolsas dos EUA atingindo máximas, muitos investidores começaram em falar em início de um “bear market” por lá, de modo que os megainvestidores George Soros e Robert Schiller começaram a tirar dinheiro do país. 

No radar do dólar, explicaram o movimento a expectativa pelo aumento dos juros nos Estados Unidos e preocupações com as contas públicas brasileiras, com déficit fiscal recorde em 2014. Perto do fim do mês, no entanto, a moeda norte-americana desacelerou seu movimento de alta com as falas da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, indicando que o banco central norte-americano permanecerá “paciente” para decidir sobre o momento certo de iniciar a alta de juros no país. Isso porque ainda há muitos americanos desempregados, enquanto o crescimento dos salários ainda está lento e a inflação segue abaixo da meta, segundo ela.

Bolsas lá fora nas máximas
A Bolsa do Japão renovou alta em 15 anos em meio a notícias de que o órgão que gerencia aposentadorias do serviço civil nacional do Japão elevará sua meta de alocação para ações domésticas para 25%, ante 8%. Já o índice FTSEurofirst 300, que reúne os principais papéis do continente, subiu ao maior nível desde o início de 2008 com envio da Grécia para um pedido de extensão do acordo de empréstimos com a zona do euro por seis meses. 

Extensão do resgate grego
Por falar em Grécia, o BCE (Banco Central Europeu) aprovou um acordo de extensão de resgate aos gregos por mais quatro meses.  Na Alemanha, o Parlamento aprovou a extensão do resgate da Grécia, após o ministro das Finanças, Wolfgang Schaeuble, que tem expressado dúvidas sobre a confiabilidade da Grécia, ter dito que não será permitido a Atenas que “chantageie” seus parceiros da zona do euro.

Com 542 parlamentares votando a favor, incluindo quase todos da coalizão da chanceler Angela Merkel mais o Partido Verde, de oposição, a proposta obteve a maioria mais ampla para qualquer pacote de resgate da zona do euro até agora na câmara de 631 assentos.

Superávit Primário
O setor público registrou um superávit primário de R$ 21,1 bilhões em janeiro. O mercado esperava um número bem mais modesto, de receitas superando gastos do setor público em apenas R$ 14,8 bilhões. Apesar do positivo no mês, no acumulado de 12 meses o resultado fiscal do governo continua negativo em 0,61% do PIB (Produto Interno Bruto). Foi divulgado também que o governo busca um ajuste de R$ 72 bilhões, mas aguarda aprovação do orçamento para definir o corte de despesas.  

“Com o superávit de janeiro, agora o governo precisa só R$ 11,5 bilhões para cobrir do rombo [do ano passado]. Esse número traz uma confiança para que o superávit primário [de 2015] venha dentro da meta”, explicou o economista Alex Agostini da Austin Rating. Portanto, também geraria uma convicção maior a Levy, que desde o anúncio da meta foi elogiado por economistas por trazer um número mais dentro da realidade.

Rebaixamento da Petrobras
Em meio ao fluxo positivo de notícias, pesou no final do mês o rebaixamento pela agência de rating Moody’s da nota da Petrobras (PETR3PETR4) de Baa3 para Ba2, grau especulativo. O corte abriu preocupações sobre um possível rebaixamento na nota soberana do Brasil – o que foi posteriormente afastado pelo própria agência. Entretanto, o mercado trabalha com possíveis novos cortes da Standard & Poor’s e Fitch no rating da Petrobras, o que tiraria o grau de investimento da estatal.  

A ação da Moody’s reflete uma preocupação crescente com as investigações de corrupção e pressões de liquidez que possam resultar em atrasos na entrega de demonstrações financeiras auditadas, disse a Moody’s. A agência também acredita que a Petrobras terá de fazer uma significativa redução em seu alto endividamento nos próximos anos.

Tópicos relacionados