Fusão e OPA puxam maiores altas do mês; Petrobras sobe 18% e Gol lidera perdas

Apenas 12 das 68 ações do índice encerraram fevereiro em queda, sendo que apenas 3 caíram mais de 10%; por outro lado, 13 papéis fecharam fevereiro com ganhos de mais de 15%

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Com o Ibovespa registrando seu melhor mês desde janeiro de 2012, avançando 9,97% em fevereiro, apenas 12 das 68 ações do índice encerraram o período em queda, sendo que apenas 3 caíram mais de 10%. Por outro lado, 13 papéis fecharam fevereiro com ganhos de mais de 15%. Ainda assim, vale destacar a Petrobras (PETR3; PETR4) que mesmo em um mês bastante conturbado conseguiu registrar ganhos de mais de 17%.

Os papéis ordinários da estatal tiveram alta de 17,91%, a R$ 9,48, enquanto os preferenciais subiram 16,99%, para R$ 9,57 em fevereiro. Tudo isso em um período onde a companhia foi rebaixada para grau especulativo pela agência de rating Moody’s. Porém, o que realmente ajudou a companhia foi o começo do mês, quando foi confirmada que a presidente Graça Foster iria deixar a empresa, levando as ações a subirem forte em apenas 4 dias.

Porém, com a confirmação da entrada de Aldemir Bendine, os papéis praticamente perderam tudo que haviam ganho, um sinal de que o mercado não gostou muito da escolha, já que o executivo não é completamente “livre” do governo, por ser ex-presidente do Banco do Brasil. Na falta de noticiário, a Petrobras voltou a subir com a recuperação do preço do petróleo, voltando a cair nos últimos dias com a notícia do corte de rating da Moody’s.

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Confira as maiores altas do mês:

ALL (ALLL3, R$ 5,58, +44,94%)
Após terminar janeiro fortemente penalizada, as ações da ALL dispararam logo no início do mês, junto com a Cosan Logística (RLOG3), que encerra fevereiro com alta de 50,23%, a R$ 3,29. Tudo começou antes da reunião do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre a fusão das empresas, o que criou um clima otimista de que o negócio seria aprovado sem grandes limitações, o que levou os papéis a subirem cerca de 30% em poucos pregões.

No dia 11, o Cade aprovou a fusão entre a ALL e Rumo Logística, controlada pela Cosan, com restrições. Entre as condições citadas pelo relator Gilvandro Vasconcelos Coelho de Araujo em seu voto estão garantias de terminais de açúcar para concorrentes e impedimentos a executivos da Cosan, controladora da Rumo, assumirem cargos de direção na nova empresa. “Mesmo com a recente alta, o papel segue negociando em torno de 3,6 vezes o EV/Ebitda estimado para 2015, um múltiplo muito interessante”, disseram os analistas da XP Investimentos.

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BR Properties (BRPR3, R$ 11,59, +30,08%)
Com fortes altas nas últimas semanas, a explicação para os ganhos do mês chegou na última quinta-feira 926), quando o fundo Bridge, do BTG Pactual (BBTG11), anunciou que quer fazer uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) pelas ações da empresa de até a totalidade do seu capital social, sendo que, após a conclusão da oferta, o ofertante deverá deter uma participação mínima de 85% das ações de emissão da empresa. O valor proposto é de R$ 12 por ação.

Uma das condições do Bridge para a realização da oferta é a declaração de dividendos no montante de R$ 3,02 por ação. O valor contempla R$ 0,22 por papel referente a dividendo proposto pelo Conselho de Administração da BR Properties neste mês, além de R$ 2,80 por ação relativos a remuneração adicional aos acionistas sugerida pelo Bridge.

As 5 ações do Ibovespa que mais subiram em fevereiro:

Ação Preço Alta no mês
ALL ON R$ 5,58 +44,94%
BR Properties ON R$ 11,59 +30,08%
Sabesp ON R$ 16,94 +27,37%
CSN ON R$ 5,15 +23,80%
Usiminas PN R$ 4,13 +23,28%

Confira as maiores quedas do mês:

Gol (GOLL4, R$ 10,05, -17,76%)
A Gol teve pior desempenho do Ibovespa em fevereiro, isso em um período onde a companhia deveria ser uma das mais beneficiadas da Bolsa diante da queda do preço do petróleo. A maior empresa aérea do Brasil foi bem-sucedida em diminuir custos ao reduzir o número de voos e cortar postos de trabalho e, mais recentemente, poderia se beneficiar de uma ajuda extra: uma queda histórica nos preços do petróleo poderia contribuir para reduzir drasticamente seus custos com combustível. Mas a empresa não teve tanta sorte.

Em vez de colher os benefícios dos preços mais baixos do petróleo, a queda de 22% do real frente ao dólar nos últimos seis meses está inflando a dívida que a empresa aérea tem no exterior. A Gol obtém 87% de sua receita em reais, enquanto cerca de 75% de seus compromissos financeiros são em moeda estrangeira.

O receio de que a companhia aérea terá dificuldades para pagar sua dívida em dólar levaram os rendimentos de seus títulos a um avanço de mais de 3 pontos porcentuais desde que eles foram vendidos, em setembro, para uma alta de 11,8%. “Eles têm um descasamento grande entre receita em real e dívida em dólar”, disse Carlos Gribel, chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage para a Bloomberg. “Qualquer ajuste no dólar, como esse que vimos recentemente, vai na veia do balanço deles, por mais que não impacte tanto o caixa”, disse.

Kroton (KROT3, R$ 10,39, -15,53%)
As educacionais até ameaçaram uma recuperação neste mês, mas diante de tantas dúvidas envolvendo os programas do governo no setor, mais uma vez a Kroton ficou entre as maiores quedas do Ibovespa. O mercado ainda não tem 100% de certeza de como será com as mudanças anunciadas no Fies, o que tem levado os papéis a “apanharem” na Bolsa.

Segundo uma reportagem do Valor desta sexta-feira, o governo está limitando o volume de novos contratos do programa. Cada instituição está conseguindo inscrever o equivalente a um terço do total de alunos que conseguiram financiamento em 2014. “Ainda é prematuro dizer o impacto, já que até agora não houve anúncio oficial e não sabemos até quando vai durar, mas o efeito no curto prazo é bastante negativo”, disse o analista da XP Investimentos, Ricardo Kim.

Marcopolo (POMO4, R$ 2,26, -14,50%)
A Marcopolo, fabricante de carrocerias de ônibus, informou na noite de ontem que seu conselho de administração aprovou hoje o programa de recompra de até 20 milhões de ações preferenciais da companhia, o que representa 3,70% do total das ações em “free float” (em circulação no mercado), em um prazo de 120 dias. O anúncio vinha sendo aguardo pelo mercado.

Nos últimos dias, analistas atribuíram a alta das ações de 12% em seis pregões à possibilidade da recompra. A recuperação dos papéis veio após ter batido sua mínima de agosto de 2010 no dia 11 de fevereiro. Segundo a Guide Investimentos, o curto espaço da recompra pode ter um impacto positivo e leva em consideração 9,2 “trading days”.

PDG Realty (PDGR3, R$ 0,47, -9,62%)
As ações da companhia de construção caíram forte após iniciarem bem o mês. Sem nenhuma notícia que realmente justificasse esse desempenho, o papel vem sofrendo diante de perspectivas negativas que se concretizaram com os dados operacionais da incorporadora no quarto trimestre, que mostraram fraco desempenho operacional.

Além disso, pressionam os papéis rumores de que a companhia estaria tendo dificuldades nas negociações com credores em relação às suas dívidas, embora a própria empresa tenha dito que está em negociações avançadas com os credores para equacionamento das “eventuais necessidades de rolagem de dívida a partir de março”. Tudo isso culminou no corte de rating da companhia para B3/B1.br pela Moody’s.

As 5 ações do Ibovespa que mais caíram em fevereiro:

Ações Preço Queda no mês
Gol PN R$ 10,05 -17,76%
Kroton ON R$ 10,39 -15,53%
Marcopolo PN R$ 2,26 -14,50%
PDG Realty ON R$ 0,47 -9,62%
Natura ON R$ 28,12 -6,91%

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.