11 ações caíram mais de 20% em janeiro e “ações viciadas” se salvam

Ibovespa encerrou primeiro mês de janeiro com queda de 6,45%, voltando ao patamar de março de 2014

Paula Barra

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SÃO PAULO – Passado três semanas de praticamente marasmo no mercado, o Ibovespa “destravou” nos últimos dias de janeiro, quando foi penalizado principalmente pelas ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,04, -16,16%PETR4, R$ 8,18, -18,36%) e Vale (VALE3, R$ 18,61, -15,06%VALE5, R$ 16,55, -13,94%), que desabaram em meio à divulgação de resultado e perspectiva preocupante para o minério de ferro, nesta ordem. Com o Ibovespa encerrando o primeiro mês de 2015 no negativo, com queda de 6,45%, 46.907, no menor fechamento desde março do ano passado, poucas ações se salvaram em janeiro, com destaque apenas para as “empresas viciadas”. Das 68 ações do índice, 11 fecharam com queda superior a 20%

No período, as ações da Souza Cruz (CRUZ3, R$ 22,49, +16,41%) e Ambev (ABEV3, R$ 17,63, +9,20%) lideraram os ganhos do índice. O que elas têm em comum é que – uma fabricante de cigarros e outra de cerveja – tendem a ser mais resistentes a crises, já que muitos dos seus consumidores são viciados em seus produtos. Em um período de incertezas sobre o rumo da economia, é nelas que os investidores tendem a se ancorar. Apareceu no ranking de melhores ações da Bolsa do mês também a empresa de consumo Hypermarcas (HYPE, R$ 18,23, +9,49%).

Do outro lado, apareceram os papéis da Oi (OIBR4, R$ 4,99, -42,04%), que foram impactados novamentes por incertezas sobre o futuro da operadora de telefonia enquanto hoje ainda pesou a notícia de que seu conselho de administração decidiu aprovar o cancelamento dos dividendos, seguidos por papéis de construtora, educacionais e elétricas ou empresas intensivas em uso de energia. 

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Maiores altas e baixas do Ibovespa em janeiro:

Maiores altas Maiores baixas
Empresa Ticker Variação Empresa Ticker Variação
Souza Cruz CRUZ3 +16,41%  Oi OIBR4 -42,04%
Hypermarcas HYPE3 +9,49% PDG Realty PDGR3 -39,53%
Ambev ABEV3 +9,20%  Usiminas USIM5 -33,66%
Telefônica Brasil VIVT4 +7,15%  Estácio ESTC3  -29,93%
 Cetip CTIP3 +6,99% Braskem BRKM5 -28,86%

Veja os destaques do mês:

PDG Realty (PDGR3, R$ 0,52, -39,53%)
As ações da PDG apareceram como a segunda maior queda do índice, diante de perspectivas negativas que se concretizaram com os dados operacionais da incorporadora no quarto trimestre, que mostraram fraco desempenho operacional, comentou a Citi Corretora, que reiterou recomendação de venda para as ações. Além disso, pressionam os papéis rumores de que a companhia estaria tendo dificuldades nas negociações com credores em relação às suas dívidas, embora a própria empresa tenha dito que está em negociações avançadas com os credores para equacionamento das “eventuais necessidades de rolagem de dívida a partir de março”.

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Usiminas (USIM5, R$ 3,35, -33,66%)
Assim como as ações da Vale, os papéis da Usiminas sofrem em meio a perspectivas desafiadoras para China e minério ferro. Hoje, o BTG Pactual cortou o preço-alvo dos papéis da siderúrgica e da CSN (CSNA3) de R$ 8 e R$ 9, respectivamente, para R$ 5, citando expectativas de baixos volumes, poder de preços prejudicados, pressão nos custos e projeção de preço do minério de ferro a US$ 70 a tonelada, contra US$ 80 anteriormente. A recomendação das duas permaneceu em neutra. No setor, se sobressair a Gerdau (GGBR4, R$ 9,11, -4,91%), que consegue se afastar um pouco dessas perspectivas, por ser a única que tem grande exposição ao mercado norte-americano. 

Vale mencionar que na contramão das ações preferenciais da Usiminas, os papéis ordinários da siderúrgica subiram 38,29%. Isto porque no radar da empresa aparece ainda uma disputa societária entre a Ternium e a Nippon Steel. Uma vez que um acordo entre elas, na atual conjuntura, parece ser algo bem distante, alguma das partes do bloco venderá sua participação na Usiminas. Com uma possível venda, a ação ordinária (USIM3) torna-se muito mais atrativa do que a preferencial (USIM5) por causa do “tag along”, uma ferramenta de proteção aos acionistas minoritários em momentos de troca de controle numa companhia.

Educacionais
Na sequência, ganhou destaque o setor educacional, com as ações da Estácio (ESTC3, R$ 16,69, -29,93%) e Kroton (KROT3, R$ 12,30, -20,65%), além da Ser Educacional (SEER3, R$ 13,50, -54,38%) e Anima (ANIM3, R$ 20,75, -41,30%), que são negociadas fora do Ibovespa. As ações do setor foram penalizadas por conta de incertezas que rondam o futuro das empresas depois das mudanças anunciadas no final de 2014 para o Fies (programa de financiamento estudantil).  

Elétricas
Além disso, as ações do setor elétrico também chamaram bastante atenção, registrando fortes quedas na Bolsa por conta do risco de um racionamento. Além delas, empresas que são grandes consumidoras de energia também caíram forte, como a petroquímica Braskem (BRKM5, R$ 12,45, -28,86%) e a montadora de carrocerias de ônibus Marcopolo (POMO4, R$ 2,68, -19,52%).

Nesta sexta-feira, o ONS (Operador Nacional do Sistema) informou que a previsão de chuvas para fevereiro é de 52% da média histórica nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, valor considerado extremamente baixo para reverter a crise hidrológica que atinge o país. Na mesma toada, os papéis da Sabesp (SBSP3, R$ 13,30, -21,81%) também desabaram no mês. A empresa disse que pode adotar rodízio de cinco dias de água por semana se o volume de chuvas não aumentar no Sistema Cantareira. A ANA (Agência Nacional de Águas) determinou em janeiro que a companhia diminua a captação do Cantareira.