Ibovespa fecha em baixa com desconfiança no cenário interno, mas fica longe da mínima

Benchmark tem novo dia de queda influenciado por pessimismo com a economia brasileira e preocupações com a zona do euro;

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em baixa nesta segunda-feira (26) repercutindo previsões mais pessimistas para a situação macroeconômica brasileira, além da queda das commodities e, mais limitadamente, um temor em relação ao cenário europeu após a eleição do partido de esquerda anti-austeridade, Syriza. O índice fechou contrariando a tendência geral das bolsas mundiais e caiu 0,41%, a 48.576 pontos. O volume financeiro negociado foi de US$ 4,721 bilhões. 

Durante a tarde, pouco depois da abertura das bolsas norte-americanas, ações do Bradesco (BBDC3, R$ 34,62, +1,11%; BBDC4, R$ 35,94, +1,61%) e do Itaú (ITUB4, R$ 34,43, +1,18%) passaram a subir e ajudaram a amenizar as perdas que marcaram o pregão desde o início com as baixas da ação preferencial da Petrobras (PETR3, R$ 9,54, +0,21%; PETR4, R$ 9,91, -0,90%) e Vale (VALE3, R$ 19,58, -4,58%; VALE5, R$ 17,48, -4,59%). 

O movimento de queda no Brasil apesar da alta na Europa, com a Grécia tendo efeito limitado, teve a ver mais com questões internas do que com o cenário externo, de acordo com o economista da Guide Investimentos, Ignácio Crespo. Para ele, o risco cada vez maior de um racionamento e a desconfiança acerca do quanto a presidente Dilma Rousseff (PT) endossa as medidas de aperto fiscal prometidas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy trazem cautela. 

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Além disso, o otimismo na semana passada, seguindo o anúncio de um programa de compra de ativos dos 19 países da zona do euro em 60 bilhões de euros mensais pelo BCE (Banco Central Europeu), pode ter sido exagerado. Segundo Ignácio, assim como o aumento da quantidade de moeda disponível pode levar a mais investimento nos emergentes, esse capital também pode ser aplicado nos Estados Unidos, que está em recuperação e deve aumentar juros no futuro, na contramão do mundo. 

Quem concorda em certa medida com ele no que se refere à Grécia é o analista independente Flávio Conde, que explicou ser um discurso do “calor da vitória” aquele proferido por Alexis Tsipras de fim da era de atender às exigências internacionais. “O mais importante é que a Grécia não deve abandonar o euro nem a comunidade europeia, mas sim conseguir alguma flexibilização no programa de ajuda patrocinado pela troika [BCE, Comissão Europeia e FMI]”.

Ações em destaque
Petrobras e Vale caíram também repercutindo cortes nas suas recomendações por instituições financeiras.

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No caso da estatal, fica no radar a expectativa para a divulgação do balanço não auditado da petroleira para amanhã, terça-feira. A companhia teve sua recomendação cortada pelo BMO Capital Markets para underperform (desempenho abaixo da média).

Já para a mineradora, repercutiu a notícia do corte do rating da empresa de A- para BBB+ pela Standard & Poor’s, passando a perspectiva de negativa para estável. Essa foi a primeira vez em 8 anos que a S&P cortou o rating da Vale. Segundo a agência, os fundamentos para o minério de ferro continuam fracos, provocando erosão no fluxo de caixa operacional da Vale. O capex da empresa deve continuar alto, afirma a agência, enquanto as métricas de crédito devem permanecer fracas em 2015 e melhorar somente em 2016.

Depois de um início de sessão bem negativo, as ações do setor de educação ganharam força e fecharam em alta: Estácio (ESTC3, R$ 16,85, +3,06%) e Kroton (KROT3, R$ 13,04, +2,76%). Confira as revisões no Fies que derrubam as educacionais em 2015

Também do lado das altas ficaram as ações de exportadoras do setor de papel e celulose como Fibria (FIBR3, R$ 29,90, +2,61%) e Suzano (SUZB5, R$ 10,20, +2,20%). O dólar operou a maior parte da sessão em alta em relação ao real, mas acabou fechando estável, com leve alta de 0,06%, cotado a R$ 2,5888 na compra e R$ 2,5905 na venda. Vale lembrar que as empresas de perfil exportador são beneficiadas pela valorização do dólar porque possuem suas receitas na moeda norte-americana. 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 PDGR3 PDG REALT ON 0,65 -13,33 -24,42
 BRAP4 BRADESPAR PN 12,67 -6,22 -11,40
 OIBR4 OI PN 6,59 -5,99 -23,46
 VALE5 VALE PNA 17,48 -4,59 -9,10
 VALE3 VALE ON 19,58 -4,58 -10,63

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 SANB11 SANTANDER BR UNT 13,52 +3,84 +1,83
 ESTC3 ESTACIO PART ON 16,85 +3,06 -29,26
 KROT3 KROTON ON 13,04 +2,76 -15,87
 FIBR3 FIBRIA ON 29,90 +2,61 -8,03
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 10,20 +2,20 -9,33

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 34,43 +1,18 316,27M
 PETR4 PETROBRAS PN 9,91 -0,90 303,17M
 KROT3 KROTON ON 13,04 +2,76 269,51M
 VALE5 VALE PNA 17,48 -4,59 248,98M
 BBDC4 BRADESCO PN 35,94 +1,61 232,39M
 ITSA4 ITAUSA PN 9,59 -0,10 161,52M
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 30,12 -0,43 125,12M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,02 -0,47 122,26M
 PETR3 PETROBRAS ON 9,54 +0,21 122,12M
 BRFS3 BRF SA ON 62,30 +1,05 112,95M

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Grécia e petróleo
Neste domingo, o partido de esquerda Syriza venceu as eleições na Grécia, conseguindo 35,9% dos votos contra 28,3% do Partido Nova Democracia. Apesar de destacar o fim da austeridade no país, o líder do partido, Alexis Tsipras afirmou que não irá romper com os credores, mas apresentará um novo plano. Renegociar com outros governos da zona do euro pode até mesmo levantar o risco de a Grécia eventualmente deixar a união monetária, embora a maioria dos players do mercado espere que Tsipras se comprometa a evitar a saída grega.

Mas não foi só a eleição na Grécia que chamou a atenção no último final de semana: de acordo com o noticiário internacional, os presidentes do Banco Central da Holanda e da Alemanha afirmaram não apoiar o novo programa de compra de títulos do BCE (Banco Central Europeu). 

Enquanto isso, o barril do petróleo WTI (West Texas Intermediate) caía novamente abaixo dos US$ 45. Na semana passada, o combustível teve recuperação com expectativas de que o novo rei saudita mudaria as diretrizes de produção do país. 

Focus
Além das notícias no mercado externo, desconfianças com o desempenho da economia brasileira este ano também dão o tom de cautela desta sessão. O Relatório Focus, com previsões de diversas instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos do País mostrou uma forte redução da projeção do PIB para 2015 de 0,38% para 0,13%. Já a previsão da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi elevada de 6,67% para 6,99%. Bem acima do teto da meta do governo, de 6,5%. 

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