Discurso de ministro “tira” R$ 3,33 bilhões das educacionais hoje

Estácio e Kroton lideravam as perdas do Ibovespa na tarde desta quinta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – “Se estão [o setor] com medo, vão ficar com mais medo ainda”. Com essa frase o ministro da Educação, Cid Gomes, fez tremer o melhor setor da Bolsa no ano passado. O tom forte adotado pelo ministro provocou uma queda de até 20% das ações das educacionais nesta quinta-feira (22) e “tirou” R$ 3,336 bilhões em valor de mercado das companhias. 

Para o ministro, é melhor adotar uma linha dura do que de deixar a qualidade escapar por mais acesso às faculdades, conforme ressaltou, em reportagem do Valor. Ele defende que os ajustes no Fies, anunciados no fim do ano passado e que tem sido um pesadelo para as empresas do setor, não é um “passo para trás”, é uma medida pensando para frente e em qualidade.

Não para menos, as ações da Estácio (ESTC3) e Kroton (KROT3) lideraram as perdas do Ibovespa com quedas de 15,15% e 6,89%, a R$ 16,46 e R$ 12,70, respectivamente. Fora do índice, os papéis da Ser Educacional (SEER3) e Anima (ANIM3) caíam 14,44% e 6,88%, a R$ 15,53 e R$ 23,00. Na mínima do dia, as ações da Estácio – que mais recuaram hoje – atingiram perdas de 19,07%, a R$ 15,70. 

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O ministro defendeu ainda a elevação da nota de corte para o acesso aos recursos do Fies. “Só vou aceitar financiar matrícula nos cursos bons, que tenham conceito excelente”. Conforme apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, os presidentes das maiores companhias do setor não foram recebidos pelo Ministro da Educação ontem, mas falaram com técnicos do ministério. 

Em meio às falas do ministro, os representantes das grandes companhias tentam contornar a situação. Enquanto um grupo de grandes companhias de ensino superior ainda negocia com o MEC sobre as novas regras do Fies, outra entidade que representa empresas de ensino privado entrou com um processo na Justiça contra mudanças no Fies. A Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) protocolou um mandado de segurança coletivo contra o Ministério.