Ibovespa descola do exterior e cai com rumor de volta da CPMF; dólar cai 1,7%

Sinalização do Fed não sustenta humor do mercado interno após rumor de que governo estaria trabalhando para retornar com o imposto; Petrobras fecha em queda após subir 7% nesta manhã

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – Nem mesmo a sinalização do Federal Reserve deu uma trégua para o Ibovespa nesta quinta-feira (18), que apresentou mais uma sessão de forte volatilidade. Depois de abrir em alta, o índice perdeu força por volta das 12h30 (horário de Brasília), após a abertura dos Estados Unidos, embora as bolsas por lá operassem em alta. Descolado do exterior, o benchmark afundou no final do pregão com rumores de volta da CPMF diante de declaração de deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS). Com isso, o índice encerrou em queda de 0,45%, a 48.485 pontos após dois dias de alívio em meio à forte baixa registrada desde o final de novembro. O movimento foi acompanhado pelas ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que depois de subirem 7% hoje, fecharam no negativo.

Segundo ele, o governo federal estaria trabalhando para o retorno da CPMF, enquanto o Palácio do Planalto também estuda a volta da CIDE, a tarifa sobre o litro do combustível, informou nesta tarde a coluna Esplanada, do UOL. “Acabo de ser procurado por um deputado do PT para assinar projeto de iniciativa da Câmara. Além de tudo, o governo não tem coragem de bancar a proposta. E o pior é que o ex-presidente Lula sairá em campanha pela aprovação”, afirmou.

De acordo com o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, a notícia de uma volta da CPMF é negativa por tirar dinheiro de circulação, o que afeta principalmente os bancos, que registram baixa na sessão desta quinta-feira.

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Na contramão, os mercados internacionais subiam forte ainda animados com a declaração do Federal Reserve de que vai ter mais “paciência” para subir juros – termo incorporado no comunicado de ontem. A leitura animou as bolsas já na véspera e contribui hoje para a queda do dólar frente ao real, um movimento que pode ser entendido como uma trégua após intensa valorização da moeda americana contra o real. Nesta sessão, o dólar fechou em queda de 1,68%, a R$ 2,6565 – segunda desvalorização depois de cinco sessões seguidas de alta. No mesmo sentido, os juros futuros encerraram em baixa também refletindo o movimento global de alívio. Na ponta longa da curva a termo, o DI janeiro/2021 desceu de 12,58% para 12,47%. Entre os intermediários, o DI janeiro/2017 caiu de 13,01% para 12,95%. 

Copom e emprego
Segundo a Folha de S. Paulo, a equipe do Banco Central renegou a expressão “com parcimônia” que usou no comunicado e na ata da última reunião que elevou em 50 pontos-base a taxa Selic para 11,75% ao ano. A matéria do jornal diz que: “Em conversas reservadas, a equipe do presidente do BC, Alexandre Tombini, evita antecipar qual será sua decisão no início de 2015, mas enfatiza que “será feito tudo o que for necessário” para levar a inflação para o centro da meta no final de 2016, de 4,5%, evitando que ela supere o teto, de 6,5%, no próximo ano”. 

Entre os drivers do dia aqui no Brasil ainda fica a expectativa para a divulgação dos dados de emprego do Caged, que deve apresentar criação de vagas negativa em 32 mil postos em novembro segundo estimativas da pesquisa Bloomberg.

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Destaques da Bolsa
Entre os destaques do pregão, as ações das siderúrgicas viraram para o negativo depois de iniciarem o pregão em alta, quebrando três dias alta. Apesar da queda, as ações da Gerdau (GGBR4) tiveram sua recomendação elevada pelo Bank of America Merrill Lynch para compra com o atual preço das ações descolados dos seus fundamentos, explicaram os analistas.

Caíram forte também os papéis de empresas ligadas ao setor de infraestrutura, como ALL (ALLL3) e CCR (CCRO3). No radar, há expectativa de que o governo anuncie um aumento na TJLP, que é parâmetro dos empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que poderia passar de 5% para 6,5% em 2015. A medida pode penalizar empresas ligadas à infraestrutura, já que o BNDES tem sido um importante patrocinador desses projetos, entre elas Arteris, que tem 55% de sua dívida atrelada à TJLP, ALL (com 28%), Ecorodovias (12%) e CCR (2%). Hoje, o BofA cortou a recomendação das ações da Arteris (ARTR3) para neutra enquanto elevou Ecorodovias (ECOR3) para neutra. 

Por outro lado, as ações da Gol (GOLL4) apareceram entre as maiores altas do Ibovespa depois que o BofA elevou sua recomendação para de neutra para compra, em citando que as vantagens advindas do recuo dos preços do petróleo superaram as pressões do câmbio, já que cerca de 40% dos custos da companhia está atrelado à moeda americana. Ainda entre as maiores altas, destaque para a Sabesp (SBSP3), que subiu em meio à expectativa de que o governo do Estado de São Paulo deve anunciar ainda hoje uma sobretaxa para os consumidores que aumentarem o consumo de água, informou a companhia que abastece o Estado. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 5,05 -5,61 -64,46 53,70M
 EVEN3 EVEN ON 5,00 -4,94 -36,04 13,87M
 ALLL3 ALL AMER LAT ON 4,90 -4,85 -25,26 14,00M
 CSNA3 SID NACIONAL ON 5,29 -4,17 -63,21 52,78M
 KROT3 KROTON ON 15,80 -3,25 +66,93 236,75M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOLL4 GOL PN N2 13,75 +6,59 +31,20 38,61M
 OIBR4 OI PN 1,00 +6,38 -72,14 53,05M
 SBSP3 SABESP ON 17,06 +3,08 -33,07 27,09M
 MRFG3 MARFRIG ON 5,75 +2,50 +43,75 13,48M
 GOAU4 GERDAU MET PN 10,91 +2,44 -52,49 18,03M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers