Ibovespa fecha em alta de 3,6% após FOMC e Levy puxado por blue chips

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em forte alta nesta quarta-feira (17), recuperando as baixas da semana à espera do FOMC (Federal Open Market Comittee) e com falas do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Além disso, o pregão foi de vencimento do contrato para dezembro do Ibovespa Futuro, causando um movimento de “Cash Carry”. O índice fechou em alta de 3,63%, a 48.713 pontos, enquanto o dólar caiu 1,23%, a R$ 2,7018. O volume financeiro negociado foi de R$ 9,818 bilhões.

Já os juros DI para 2016, se retraíam perto da estabilidade refletindo um temor menor de “guerra de juros” entre os emergentes depois da brusca elevação das taxas na Rússia de 10,5% para 17%. O contrato DI para janeiro de 2016 caía 14 pontos-base para 12,87%.

O texto do FOMC falou que “pode ser paciente” para elevar os juros nos EUA. O Comitê Federal de Mercado Aberto disse que o mercado de trabalho continua a se recuperar, mas ressalva vê a inflação caindo em 2015 por causa dos preços decadentes do petróleo, mas no longo prazo, ela deve sofrer poucas alterações. Depois da divulgação do Fed, as bolsas dos EUA passaram a subir perto de 2%, enquanto a brasileira amenizou sua alta para perto de 3,5%. 

Segundo Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos, o dia é de “Cash and Carry”, um movimento em que o investidor compra a carteira do Ibovespa à vista e vende o Futuro, para ganhar na arbitragem, uma vez que o normal é que os dois andem juntos. Como o contrato para fevereiro do Ibovespa está mais alto que o índice à vista, os ganhos com esta operação são possíveis. 

Ainda repercute positivamente no índice o tom das falas do novo ministro da Fazenda do governo Dilma, Joaquim Levy, em reunião. Levy teria dado indicações de que apesar da necessidade de se fazer um ajuste fiscal, aumentar muito os impostos, voltando com a CPMF e a Cide, por exemplo, pode acabar matando a economia. Não só, ele também indicou que os bancos públicos terão de se adequar a uma nova realidade de recursos escassos.

Cuba, EUA e especuladores
No noticiário internacional, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que o isolamento comercial entre os EUA e Cuba será levantado depois da liberação de Alan Gross, um americano que estava preso no país há cinco anos.Obama disse que Cuba precisa continuar a avançar na questão da liberdade e dos direitos humanos e que os Estados Unidos querem ser aliados fazendo com que a vida dos cubanos seja mais próspera. O presidente afirmou que já instruiu o secretário de Estado, John Kerry, a iniciar imediatamente as discussões com Cuba.

O economista da Guide Investimentos, Ignácio Crespo, disse que é difícil atribuir a alta do Ibovespa a este anúncio de Obama, preferindo ver como um movimento que segue a alta das bolsas norte-americanas depois do fechamento na Europa.

Já para o gerente de bolsa da Fator Corretora, Frederico Lukaisus, o índice tem um repique estimulado pelas declarações do novo ministro da Fazenda ontem. Além disso, ele acredita que o momento seja de uma redução na pressão vendedora com especuladores vendendo “coisas mais interessantes do que Brasil”. 

Outro fator que não foi tão citado, mas que também trouxe uma melhora nas perspectivas para a Bolsa brasileira foi a alta do petróleo, com o WTI subindo 2,5% e o Brent tendo alta de mais de 3%. 

Blue chips e siderúrgicas
Aqui, continua a preocupação com a Petrobras (PETR3, R$ 9,04, +3,91%; PETR4, R$ 9,66, +2,99%), que vive uma crise proporcionada pelo que analistas já vem chamando de “tempestade perfeita”, conjugando escândalos de corrupção em contratos com empreiteiras, alto endividamento da estatal e queda livre dos preços do petróleo, trazendo riscos à viabilização da exploração do pré-sal. 

Ontem, a agência de classificação de risco Standard & Poors, seguindo a mesma orientação adotada pela Moody’s dez dias atrás, rebaixou a nota de risco individual da Petrobras. Apesar disso, o rating de crédito corporativo manteve-se estável porque, segundo a agência, a possibilidade da petroleira receber um apoio financeiro do governo para se financiar é muito grande.

Assim como ontem, siderúrgicas e Vale (VALE3; VALE5) lideraram os ganhos da sessão. Usiminas (USIM5, R$ 5,35, +8,08%), CSN (CSNA3, R$ 5,52, +11,74%) e Gerdau (GGBR4, R$ 9,00, +4,17%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 10,65, +4,41%) ficaram entre as maiores altas do índice. 

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

Cód.	Ativo	Cot R$	% Dia	% Ano	Vol1	Links
CSNA3	SID NACIONAL ON	5,52	+11,74	-61,61	67,34M
ELPL4	ELETROPAULO PN N2	8,56	+9,32	-4,30	8,47M
ELET3	ELETROBRAS ON	5,60	+8,74	+0,56	20,62M
USIM5	USIMINAS PNA	5,35	+8,08	-62,35	74,62M
BBAS3	BRASIL ON EJ	23,18	+7,86	+0,03	240,25M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

Cód.	Ativo	Cot R$	% Dia	% Ano	Vol1	Links
OIBR4	OI PN	0,94	-9,62	-73,82	56,57M
GFSA3	GAFISA ON	1,97	-0,51	-42,92	19,74M
BRKM5	BRASKEM PNA	17,08	-0,35	-15,57	43,43M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

^* – Lote de mil ações
¹ – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)