Explicação de queda do BTG, processos da Petrobras e mais 4 empresas agitam a noite

ALL e Triunfo decidem encerrar projeto Vetria Mineração, enquanto CPFL diz que reajuste tarifário extraordinário pode ser necessário

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após o fechamento do pregão desta quarta-feira (10), diversas companhias da Bolsa enviaram comunicados ao mercado, com novidades em empresas como Magazine Luiza, CPFL e a Petrobras. Mas antes disso, um detalhe pode ter passado pelos investidores durante a sessão de hoje, a queda de 3% das ações do BTG Pactual (BBTG11).

Cotados a R$ 26,85, os papéis do banco de André Esteves atingiram seu menor patamar desde 27 de março, com um volume que superou em 4 vezes sua média de 21 dias, atingindo os R$ 220,73 milhões. Desde sua máxima histórica, atingida em 3 de setembro deste ano, quando as ações bateram em R$ 38,79, os ativos do BTG acumulam perdas de 30,80%. Apesar de não ser um queda tão forte, a razão pelas perdas deste pregão podem estar relacionadas com uma antiga empresa de Eike Batista.

Como destacou Geraldo Samor, do blog Veja Mercados, um lote grande de ações do banco foi negociado nesta tarde, pouco depois da Eneva (ENEV3) pedir recuperação judicial. Segundo ele, o BTG tem cerca de 860 milhões de reais de créditos a receber da empresa, pouco mais do que o lucro líquido do banco no último trimestre.

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Samor lembra que a declaração de recuperação judicial obriga as instituições financeiras credoras a provisionar a dívida imediatamente, independentemente das garantias que possam vir a ter. Por volta de 15h30 (horário de Brasília), um investidor vendeu 5,6 milhões de ações do BTG a R$ 26,65, levando outros investidores a aderirem ao leilão, disparando o volume de negócios.

Confira outros destaques desta noite:

Petrobras
Escritórios norte-americanos de direito estão em busca de novos investidores interessados em participar de ação coletiva contra a Petrobras (PETR3PETR4) em Nova York. A estatal brasileira está no centro da operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga suposto esquema bilionário de corrupção em obras da companhia, com envolvimento de funcionários e ex-empregados da empresa, empreiteiras e políticos.

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Após o escritório Wolf Popper dar entrada em ação coletiva contra a Petrobras em tribunal federal no Distrito Sul de Nova York, na segunda-feira, com prazo até 6 de fevereiro para investidores se tornarem autores da ação, começou uma corrida de outros escritórios em busca de novos clientes.

O Glancy Binkow & Goldberg LLP enviou e-mail a investidores nesta quarta-feira dizendo que está investigando pedidos em nome de acionistas da Petrobras sobre supostas violações das leis federais de valores mobiliários dos Estados Unidos.

A investigação, segundo o escritório que fica em Los Angeles, na Califórnia, está focada em declarações emitidas pela petroleira entre 20 de maio de 2010 e 21 de novembro de 2014, sobre operações e desempenho financeiro.

No Brasil também há quem queira processar a petrolífera. Na tarde desta quarta-feira foi a vez da Força Sindical comunicar que ingressará na Justiça com uma ação coletiva contra a estatal. No processo, eles irão exigir o ressarcimento de perdas causadas a pelo menos 300 mil trabalhadores que utilizaram recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para comprar ações da petrolífera.

O presidente da Força, Miguel Torres, disse que a central sindical está criando um grupo técnico de trabalho para levantar os prejuízos decorrentes do esquema bilionário de desvio recursos dentro da Petrobras. “O que aconteceu dentro da Petrobras é muito superior aos riscos que qualquer investidor corre no mercado de capitais”, afirmou.

Magazine Luiza
A varejista de móveis e eletroeletrônicos Magazine Luiza (MGLU3) manterá investimentos em 2015 em R$ 150 milhões, mesmo patamar deste ano, direcionando o foco da sua expansão para o Nordeste, onde pretende abrir metade das lojas previstas para o ano. Em encontro com investidores nesta quarta-feira, o comando da companhia estimou a inauguração de 40 a 50 novos pontos em 2015, acelerando o ritmo ante os 24 previstos para este ano. Só no Nordeste, serão de 20 a 25 unidades adicionais.

A região, que responde hoje por mais de 20% das 736 lojas físicas do Magazine Luiza, foi apontada como vetor fundamental de crescimento pela diretora-presidente da rede, Luiza Helena Trajano. “Temos ido para interior do Nordeste … e é outro mundo”, afirmou a executiva a respeito da força da demanda.

As vendas da companhia no próximo ano deverão subir a uma taxa de dois dígitos baixos, sendo que no Nordeste o avanço será mais expressivo, disse o diretor-superintendente da companhia, Marcelo Silva.

Afirmando que o Magazine não está excessivamente otimista, mas tampouco acredita em um cenário tão negativo, Silva disse enxergar um mercado difícil e competitivo, em que a empresa terá que “suar um pouco mais para vender”, mas que verá crescimento impulsionado pela compra de produtos como smartphones. Nos primeiros nove meses do ano, a receita líquida do Magazine Luiza subiu 24,8% na comparação anual, para R$ 7 bilhões.

CPFL
O presidente da CPFL Energia (CPFE3), Wilson Ferreira Jr., disse que um reajuste extraordinário de tarifas de energia aos consumidores é uma possível solução para aliviar os gastos de curto prazo das distribuidoras de eletricidade. As distribuidoras terão que, já no início do ano que vem, cobrir um rombo de cerca de R$ 3,9 bilhões na conta de comercialização de energia de Itaipu e, além disso, espera-se que até fevereiro tenham que desembolsar no mínimo R$ 3 bilhões para honrar operações realizadas no mercado de curto prazo em novembro e dezembro deste ano.

“A melhor solução para a distribuidora é a revisão extraordinária da tarifa, dada a magnitude”, disse a jornalistas Wilson Ferreira Jr., após encontro com investidores que celebrou dez anos da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da companhia. Conforme as regras atuais, essa conta de Itaipu é paga de imediato no início do ano que vem pelas distribuidoras para somente ser repassada aos consumidores nos próximos reajustes anuais de tarifas.

Somente a conta de Itaipu representaria um aumento de cerca de 12% nas tarifas de energia de consumidores atendidos por distribuidoras da região Sul, Sudeste e Centro-Oeste. “Doze por cento de aumento é uma pancada e eu não consigo carregar”, disse o executivo sobre o gasto que as distribuidoras teriam que a arcar.

O rombo no saldo da conta de comercialização de energia de Itaipu vem sendo coberto com recursos captados pela Eletrobras. Esse saldo negativo na conta ocorreu pela elevação dos gastos no mercado de energia de curto prazo para suprir o déficit da geração hidrelétrica — problema enfrentado por geradoras hídricas num cenário hidrológico adverso em que o nível das represas do país está muito baixo.

Outra alternativa, segundo o executivo, seria criar “contas gráficas” para as distribuidoras com Itaipu, na qual seriam acumulados débitos e créditos entre as partes que seriam acertados na data de reajuste das tarifas dos consumidores, que ocorrem ao longo do ano. Mas nesse caso, a Eletrobras teria que segurar esse déficit até as datas dos reajustes anuais. “Não sei qual é a situação que Itaipu tem, qual a necessidade que tem de receber imediatamente esse reajuste. É algo que o governo tem que avaliar”, disse.

ALL e Triunfo
A ALL (ALLL3) e a Triunfo Participações (TPIS3) decidiram descontinuar o projeto de criação da produtora integrada de minério de ferro Vetria Mineração, desfazendo um plano lançado em 2011 que previa investimento de mais de R$ 11 bilhões. A decisão pelo encerramento ocorreu diante da contínua queda dos preços do minério de ferro nos mercados internacionais.

“Considerando as condições de mercado e perspectivas atuais, especialmente no que diz respeito aos níveis de preço praticados para o minério de ferro, as partes decidiram encerrar o contrato de associação”, disseram as empresas em comunicado ao mercado.

O preço do minério de ferro na Ásia atingiu um pico de quase 200 dólares por tonelada em 2011. Mas, atualmente, a commodity está sendo negociada abaixo do patamar de US$ 70, pressionada pela desaceleração da economia chinesa, maior consumidora do produto.

A criação da Vetria foi anunciada em dezembro de 2011. A empresa seria formada por 50,4% de participação da ALL, 15,8% da Triunfo e 33,8% dos acionistas da mineradora brasileira Vetorial, que atua no Mato Grosso do Sul. Representantes da Vetorial informaram que a companhia não vai comentar o assunto além das informações divulgadas no comunicado enviado ao mercado.

O objetivo do projeto era criar um sistema integrado com mina da Vetorial em Corumbá (MS), logística ferroviária por meio de um contrato operacional de longo prazo com a ALL e um terminal privado em Santos (SP).

Segundo ALL e Triunfo, os contratos de arrendamento de direitos minerários firmados com a MMX Corumbá Mineração e de opção de compra da totalidade das ações da MMX Corumbá, que faz fronteira com a Vetorial, foram integralmente cedidos para a Vetorial Siderurgia. O arrendamento dos direitos inclui uma unidade de beneficiamento de minério com capacidade para 2 milhões de toneladas anuais.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.