Petrobras afunda 4,5%, Vale e siderúrgicas derrapam e TIM cai com pagamento de R$ 1,68 bi

Entre os destaques estão ainda os papéis da Embraer e Suzano, que fecharam em alta na sessão em meio à alta do dólar e dos bancos, que também fecharam em queda ajudando a puzar o Ibovespa

Paula Barra

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SÃO PAULO – A quinta-feira (4) voltou a ser negativa para a Bolsa, com o Ibovespa fechando com queda de 1,67%, a 51.448 pontos em meio ao discurso do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, que trouxe pressão aos mercados diante da frustração com novos estímulos na região no curto prazo. Vale mencionar ainda que o índice foi puxado pela queda dos papéis da estatal Petrobras e da blue chip Vale, que possuem bastante peso na carteira teórica do Ibovespa. 

Entre os destaques ainda estiveram os papéis da Embraer (EMBR3, R$ 22,99, +0,44%), que é beneficiado pela alta do dólar, após a decepção com o sinal do Copom (Comitê de Política Monetária), na reunião de quarta-feira, que trouxe incertezas sobre o rumo da política econômica e frustrações com a possibilidade de mais estímulos na zona do euro. Vale mencionar que a companhia é beneficiada pelo movimento da moeda norte-americana, já que possui perfil exportador. Além dela, os papéis da Suzano (SUZB5, R$ 10,86, +0,56%) também foram beneficiados pela alta da divisa.

Entre as quedas do Ibovespa vale mencionar ainda os papéis da TIM (TIMP3, R$ 11,35, -2,16%), que informou hoje ao mercado que pagou R$ 1,68 bilhão de custos de licença para serviços de telefonia em leilão de 4G.

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Fora do Ibovespa, destaque para as ações da Fras-Le, que teve sua cobertura iniciada pelo Santander, com recomendação de compra, e da Mills, que teve sua recomendação elevada pelo HSBC de venda para neutra.

O mercado também seguiu de olho na Pet Manguinhos (RPMG4, R$ 0,31, -8,82%), após notícia hoje de que a indenização que a Petrobras terá que pagar à Refinaria Manguinhos pode superar os R$ 3 bilhões, de acordo com o advogado da empresa e um dos responsáveis pela ação, Paulo Stolf Cesnik. O tema foi alvo de ação impetrada pela refinaria contra a Petrobras, em julho de 2013, e teve sua sentença na última sexta-feira. Pela decisão da Justiça do Rio de Janeiro a favor da refinaria, a estatal foi condenada a pagar R$ 935 milhões à empresa por prejuízos causados entre 2002 e 2008, que corrigidos podem ultrapassar R$ 1,2 bilhão, além do montante a partir de 2009, que ainda precisa ser calculado, mas que pode superar R$ 1,8 bilhão, disse o advogado.

Confira os principais destaques da Bovespa nesta sessão:

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Petrobras (PETR3, R$ 11,43, +4,75%; PETR4, R$ 12,23, +3,93%)
Após subir cerca de 5% na sessão anterior, a Petrobras fechou a quinta-feira com forte queda, marcando hoje sua oitava queda em nove sessões, no caso dos papéis preferenciais. O noticiário para a companhia é movimentado após a agência de classificação de risco Moody’s ter reduzido o rating individual da Petrobras, medido pelo critério Baseline Credit Assessment (BCA), de Baa3 para Ba1.

Por outro lado, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autorizou a Petrobras a iniciar operação de sete unidades da Refinaria Abreu e Lima, localizada no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca (PE). Conforme publicação no Diário Oficial da União (DOU), a autorização vale para as unidades de Destilação Atmosférica, Coqueamento Retardado, Tratamento Cáustico, Hidrotratamento de Diesel, Hidrotratamento de Nafta, Geração de Hidrogênio e Tratamento de Águas Ácidas.

Vale (VALE3, R$ 21,67, -1,28%; VALE5, R$ 18,50, -1,65%)
As ações da Vale também fecharam em queda hoje após as ações da companhia serem rebaixadas para neutra pelo Bank of America Merrill Lynch. Os ativos ON registravam queda de 0,91%, a R$ 21,75 e os papéis PNA, queda de 1,01%, a R$ 18,62. Ontem, o BTG Pactual já havia cortado o preço-alvo dos ADRs (American Depositary Receipts) da companhia de US$ 13 para US$ 12, com recomendação neutra. 

Assim, este movimento de queda acontece apesar do preço do minério de ferro no mercado asiático ter subido 2,3% nesta quinta-feira, com expectativas de mais medidas para estimular a economia chinesa, segundo operadores. O preço no mercado à vista atingiu 71,10 dólares por tonelada, ante 69,50 na quarta-feira, de acordo com o Steel Index. Apesar da recuperação, o preço da matéria-prima está apenas um pouco acima das mínimas de mais de cinco anos registradas recentemente.

Bancos
Após a elevação da Selic em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano em decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) da noite de ontem, os bancos, que abriram o pregão no positivo, passaram a operar em queda nesta sessão. Os ativos do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 26,64, -1,33%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,34, -1,49%) e Bradesco (BBDC3, R$ 35,61, -2,30%; BBDC4, R$ 36,65, -2,14%), fecharam a sessão no vermelho.

No radar do mercado, está ainda a elevação do preço-alvo dos ativos BBDC4, de R$ 40,00 para R$ 44,50 pelo Banco Votorantim.

Siderúrgicas
No radar das empresas siderúrgicas, os produtores de aço do Brasil estão informando as fabricantes de autopeças do País sobre reajustes de preços do aço, afirmou nesta quinta-feira a Anfavea, associação que representa as montadoras de veículos. Na bolsa, os demais papéis do setor caíram forte: CSN (CSNA3, R$ 5,44, -4,23%), Gerdau (GGBR4, R$ 10,07, -2,04%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 11,84, -2,95%).

Fechando fora dos padrões do setor e entre as poucas altas do Ibovespa, estiveram as ações da Usiminsas (USIM5, R$ 4,95, +1,43%), em meio à notícia de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vai apurar atos do grupo Ternium Techint envolvendo disputa no conselho de administração da Usiminas, maior produtora de aços planos do Brasil, após pedido de investigação feito pela Nippon Steel. O pedido do grupo japonês, que divide com a Ternium Techint o controle da Usiminas, inclui membros do conselho de administração da siderúrgica indicados pelo grupo ítalo-argentino.

Segundo a CVM, a solicitação da Nippon foi recebida e será analisada no âmbito de um processo aberto nesta terça-feira, que investiga alegações de violação de deveres fiduciários. Não há um prazo para uma decisão.De acordo com comunicado da Nippon Steel enviado à imprensa, a companhia considera que a “Ternium Techint não age em favor dos melhores interesses da Usiminas”.

Gafisa
As ações da Gafisa (GFSA3, R$ 2,58, -2,62%), que subiam cerca de 1% após a companhia ampliar o seu programa de recompra de ações para 10% até 17 de novembro de 2015, viraram para queda, assim como outras companhias do setor de construção civil. 
Em meio ao aumento da Selic, as ações do setor de construção registram queda, com destaque para a Rossi Residencial (RSID3, R$ 3,33, -6,98%).

Frigoríficos
As ações dos frigoríficos, que subiram forte ontem em meio à euforia do mercado, acompanharam a forte queda da Bolsa hoje e fecharam no negativo. No radar das empresas, uma matéria do Valor apontou nesta manhã que as exportações brasileiras de carne bovina para a Rússia, que vinham sendo favorecidas pelo embargo de Moscou às importações dos Estados Unidos e Europa, caíram 60% no mês passado em relação a outubro, resultado da crise provocada pela queda nos preços de petróleo e forte desvalorização do rublo. Nesta sessão, caíram forte as ações do JBS (JBSS3, R$ 11,52, -2,12%) e Marfrig (MRFG3, R$ 5,64, -6,47%).  

Fibria (FIBR3, R$ 30,11, -1,08%)
Embora a companhia seja mais uma da Bolsa que é beneficiada pela alta do dólar dado seu perfil exportador, as ações da Fibria têm leve queda hoje após dois dias de ganhos. A companhia realizou ontem evento em Nova York com analistas e investidores, onde anunciou que planeja investir (capex) R$ 1,7 bilhão em 2015, alta de 5% na comparação anual e que está preparada para acelerar o crescimento após reduzir US$ 3,3 bilhões em dívidas. Segundo a Guide Investimentos, o management passou a mensagem de não ter a intenção de crescer de forma não-orgânica (via fusões e aquisições) e planeja monetizar ativos, criando assim valor aos acionistas.   

Fras-Le (FRAS3, R$ 3,97, 0,00%)
Fora do Ibovespa, destaque para a Fras-Le, que teve sua cobertura iniciada pelo Santander, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 6 para o fim de 2015, o que corresponde ao potencial de valorização de 51,13%. 

Mills (MILS3, R$ 9,33, -2,71%) 
Já a Mills teve sua recomendação elevada pelo HSBC de venda para neutra. No ano, as ações da companhia acumulam queda de 70,96% e renova hoje seu menor patamar histórico. 

(Com Reuters)