Ibovespa afunda 400 pontos na última hora de pregão e fecha na 5ª queda seguida

O índice caiu 1,27% por expectativas de aumento da tributação pelo governo e volta da CPMF; queda das commodities também atrapalhou o desempenho da Bolsa

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na reta final do pregão desta terça-feira (2), o Ibovespa acelerou as perdas e perdeu 400 pontos em apenas 40 minutos, fechando assim na sua 5ª queda consecutiva, algo que não ocorria desde setembro, entre os dias 3 e 10. O índice registrou perdas de 1,27%, a 51.612 pontos, enquanto o dólar subiu 0,66%, a R$ 2,5757. O volume financeiro negociado na Bolsa foi de R$ 6,044 bilhões. 

Segundo o analista da XP Investimentos, Celson Plácido, a queda foi maior com expectativas de aumento dos impostos. A possibilidade cada vez mais próxima da volta da CPMF, para ele, atrapalha bancos, que estiveram entre os ativos que mais sofreram no pregão desta terça. Já com relação à tributação dos dividendos, que incorreria em um imposto duplo, já que os lucros das empresas já são tributados, o analista vê como muito difícil. “Na XP, a gente acredita que tudo bem ser extinta a JSCP, já se discutia há anos, mas no caso dos dividendos acho difícil”. 

Além disso, destaque para a fala de Guido Mantega, que afirmou a repórteres não ter enviado projeto sobre tributação de lucros e dividendos e a proposta não foi avaliada pelo governo. 

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No cenário doméstico, hoje haverá a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) às 18h00. As expectativas para a aprovação da lei ficam mais altas depois da assinatura do decreto presidencial 8.367/2014 aumentando de R$ 7 bilhões para R$ 10 bilhões os recursos disponíveis para gastos de vários ministérios este ano. Desse novo montante, R$ 444 milhões são reservados para atendimento de emendas de deputados e senadores.

Entretanto, o decreto determina que a distribuição e a utilização desses bilhões ficam “condicionadas à publicação da lei resultante da aprovação do PLN 36 de 2014”. A PLN, por sinal, retira a necessidade do governo fazer um superávit primário equivalente a 1,9% do PIB este ano. 

A regra atual diz que o governo pode abater até R$ 67 bilhões da meta, com base nos investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das desonerações tributárias destinadas a estimular setores da produção, principalmente o automobilístico.

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Chama atenção ainda a agenda dos EUA. Os gastos com construção no país subiram mais que o esperados em outubro, com alta de 1,1%, com aumento nos setores público e privado, o que poderia diminuir as preocupações com a possibilidade de uma forte desaceleração no crescimento econômico no quarto trimestre. Economistas consultados pela Reuters previam um aumento de 0,6% nos gastos com construção em outubro.

Destaques
As ações da Petrobras (PETR3; R$ 11,40, -0,96%; PETR4; R$ 12,13, -1,54%) caíram nesta data, com as ações ON registrando leves ganhos e as preferenciais tendo leves perdas. A estatal ainda sofre com inúmeras denúncias de corrupção em seus contratos com diversas empreiteiras. A CVM retoma hoje o julgamento do caso que apura se houve irregularidade no voto dos fundos de pensão Petros, Previ e Funcef nas eleições para as vagas reservadas aos acionistas minoritários nos conselhos de administração e fiscal da Petrobras em 2011 e 2012. O julgamento, iniciado no dia 11 de novembro, foi suspenso após a diretora da autarquia Luciana Dias pedir vistas do processo.

Outra gigante é a Vale (VALE3; R$ 21,65, -2,57%; VALE5; R$ 18,74, -2,40%) que, depois de operar em alta superior a 1% em boa parte da manhã, virou para queda logo após a divulgação do plano estratégico para 2015, em que projeta investir US$ 10,2 bilhões em 2015.  Desde então, as ações da companhia oscilam entre leves perdas e ganhos. Está no radar da empresa um rumor de listagem de parte de seu negócio global de metais básicos, conforme a mineradora busca financiar projetos de capital em meio ao colapso dos preços do seu principal produto. A mineradora, muito dependente da exportação de minério de ferro para a China, viu seus papéis se desvalorizarem em 6% nos últimos sete dias. 

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Na novela da venda de ativos da Portugal Telecom pela Oi (OIBR4; R$ 1,24, -4,62%) existe expectativa de que a operadora de telefonia receba novas propostas. A primeira oferta feita pela Altice foi de 7,075 bilhões de euros, com duas parcelas de 400 milhões de euros vinculadas a metas financeiras.

As ações que tiveram alta foram as de exportadoras como Fibria (FIBR3; R$ 30,25, +1,34%) e Suzano (SUZB5R$ 10,73, +1,71%). As empresas são beneficiadas pela alta do dólar por possuírem suas receitas na moeda norte-americana. 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 MRFG3 MARFRIG ON 5,50 -9,09 +37,50
 RSID3 ROSSI RESID ON EG 3,52 -5,63 -65,49
 OIBR4 OI PN 1,24 -4,62 -65,46
 JBSS3 JBS ON 10,80 -4,42 +24,39
 BRML3 BR MALLS PAR ON 16,64 -4,37 -0,78

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 ELET3 ELETROBRAS ON 5,80 +3,20 +4,15
 CESP6 CESP PNB 26,17 +2,87 +32,28
 CSAN3 COSAN ON 31,82 +2,48 -8,36
 ESTC3 ESTACIO PART ON 27,00 +2,47 +33,39
 SBSP3 SABESP ON 18,50 +2,21 -27,42

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 12,13 -1,54 477,53M
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 36,42 -1,51 443,40M
 VALE5 VALE PNA 18,74 -2,40 302,23M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 15,70 -1,94 271,73M
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 36,83 -1,71 265,25M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 9,58 -3,33 206,62M
 BRFS3 BRF SA ON 64,20 -1,83 189,17M
 BBAS3 BRASIL ON 26,83 -3,07 177,60M
 PETR3 PETROBRAS ON 11,40 -0,96 166,98M
 CIEL3 CIELO ON 43,08 +1,60 159,88M

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

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Cenário externo
As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta terça-feira, com a retomada nos preços de petróleo e outras commodities favorecendo os mercados acionários de países exportadores de matérias-primas, enquanto os papéis na China tiveram a maior alta diária desde 2013. No gigante asiático, a expectativa por novos estímulos através de possíveis cortes em taxas de depósitos compulsórios guiaram a sessão de alta. Na Europa, o dia também é de ganhos. 

Os mercados chineses saltaram nesta terça-feira, com investidores correndo para papéis de corretoras e de bancos, ampliando o abismo de valorização com ações de Hong Kong.

Analistas ficaram divididos sobre o momento e a escala do rali no final da sessão, com relatos na mídia alegando que dinheiro institucional estava sendo movimentado para ações de bancos, iniciando uma corrida por investidores de varejo, enquanto que alguns analistas disseram que os mercados estavam precificando as expectativas de iminente corte nas taxas dos depósitos. 

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O petróleo manteve seus ganhos após forte recuperação de um dia para o outro, saindo de mínimas de cinco anos. A recuperação em commodities – incluindo o minério de ferro, cobre e ouro – também foi boa para moedas ligadas a commodities, como o dólar australiano. O índice de Xangai subiu 3,1 por cento, seu melhor dia desde setembro de 2013.

As bolsas europeias também têm um dia de ganhos, na esteira da recuperação dos preços das commodities e de olho no noticiário chinês. As ações de mineradoras também tiveram recuperação em meio às expectativas de mais estímulos na China. 

(Com Reuters)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.