Resultado atrasado da MMX, Transpetro, reajuste da Light e 2 balanços agitam a noite

Mineradora de Eike Batista divulgou seus números atrasados do 2º trimestre reportando um prejuízo de quase R$ 2 bilhões no período

Rodrigo Tolotti

Igarape, 04 de novembro de 2011Imagens das minas de minerio de ferro Tico Tico e Ipe, da empresa MMX, no complexo Serra Azul.Foto: Bruno Magalhaes / Nitro

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SÃO PAULO – Iniciando a semana, o noticiário corporativos após o fechamento do pregão desta segunda-feira (3) mais uma vez ficou com destaque para a temporada de resultados do terceiro trimestre. Além disso, um reajuste da Light e a saída do presidente da Transpetro também ficaram em evidência. Veja os destaques:

Transpetro
O presidente da Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras (PETR3PETR4), Sergio Machado, pediu licença sem vencimentos pelos próximos 31 dias, para que sejam esclarecidas denúncias de corrupção feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, que ameaçam atrasar a divulgação dos resultados do terceiro trimestre da companhia.

O executivo afirmou em nota nesta segunda-feira que não teme investigações sobre sua atuação, mas que quer evitar eventuais atrasos na divulgação do balanço financeiro do terceiro trimestre da Petrobras.

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“A acusação é francamente leviana e absurda, mas mesmo assim serviu para que a auditoria externa PwC (PriceWaterhouseCoopers) apresentasse questionamento perante o Comitê de Auditoria do Conselho de Administração da Petrobras”, disse o presidente.

Matéria publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, no último sábado, afirmou que a PriceWaterhouseCoopers (PwC), auditora dos resultados financeiros da Petrobras, recusou-se a aprovar o balanço do terceiro trimestre da petroleira.

Teria sido esse o motivo para que uma reunião do conselho de administração da Petrobras, na última sexta-feira, fosse interrompida, após horas de discussão, sem que nenhum item da pauta tivesse sido aprovado.

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O Conselho de Administração da Petrobras deverá voltar a se reunir na terça-feira, podendo discutir eventualmente um reajuste nos preços dos combustíveis.

Ainda não há uma data para a divulgação do balanço da Petrobras do terceiro trimestre, que deve ser feita pelas regras locais até 45 dias após o final do período.

“Apesar de toda uma vida honrada, tenho sido vítima nas últimas semanas de imputações caluniosas feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, cujo teor ainda não foi objeto sequer de apuração pelos órgãos públicos competentes”, frisou Machado.

Costa foi preso pela operação Lava Jato, da Polícia Federal, e está cumprindo prisão domiciliar depois que concordou em fazer uma delação premiada.

Machado, que preside a Transpetro desde junho de 2003, destacou ainda que as contas da subsidiária e a execução de seus principais programas são periodicamente auditados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que jamais encontrou irregularidades nos contratos.

Além disso, ele destacou que o TCU expediu, em 30 de outubro, certidão negativa atestando não haver nenhuma pendência em seu nome reativamente a contas julgadas até o momento.

“A empresa também é objeto da análise permanente de auditorias independentes, entre elas a KPMG e a PricewaterhouseCoopers (PwC)”, disse Machado.

A Petrobras informou em nota ao mercado que o Conselho de Administração da Transpetro aprovou a solicitação de Machado e designou para substituí-lo, no período, o diretor Claudio Ribeiro Teixeira Campos.

BR Properties
A companhia de investimentos em imóveis comerciais BR Properties (BRPR3) viu seu lucro subir mais de 20% no terceiro trimestre sobre um ano antes, impulsionado pela venda de ativos. O lucro líquido da companhia foi R$ 107,9 milhões entre julho e setembro, alta de 21% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O resultado foi beneficiado pela conclusão da segunda parte da venda dos galpões industriais da empresa para a GLP, por R$ 92,1 milhões, e pela comercialização de 64 mil metros quadrados de área locável durante o trimestre, informou a empresa nesta segunda-feira.

Em junho, a empresa informou que a venda de galpões industriais da companhia para o grupo Global Logistic Properties Limited (GLP) foi concluída por R$ 2,345 bilhões. Com a venda de ativos, a receita líquida caiu 19% ano a ano, para R$ 191,2 milhões. No período, o aluguel médio mensal por metro quadrado das mesmas propriedades cresceu 4,4%, acima da taxa da inflação, enquanto a vacância financeira do portfólio consolidado caiu 2,2 pontos percentuais, fechando o trimestre em 8,3%.

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caiu 21% no período, a R$ 170,7 milhões e a margem recuou de 91% para 89%. A BR Properties acertou com a Johnson & Johnson do Brasil contrato de locação cinco andares da “Torre B” do complexo de escritórios de alto padrão JK, em São Paulo, por 60 meses. A empresa ocupará uma área bruta locável de 24.971,55 metros quadrados do imóvel.

Com este contrato, a Torre B do Complexo JK, que será entregue ainda no quarto trimestre, encontra-se 88% locada. “Dado que o imóvel ainda não foi entregue, a sua locação passará a impactar (favoravelmente) a taxa de vacância da companhia apenas a partir do primeiro trimestre de 2015”, disse a BR Properties em seu relatório de resultados.

Multiplus
A empresa de programas de fidelidade de clientes Multiplus (MPLU3) teve avanço do lucro líquido no terceiro trimestre, apoiada em alta da receita financeira no período, informou a companhia nesta segunda-feira. A empresa teve lucro líquido de R$ 86,7 milhões no terceiro trimestre, alta de 39,4% na comparação com o mesmo período de 2013 e de cerca de 8% sobre o segundo trimestre deste ano.

Na semana passada, a rival Smiles, rede de fidelidade da companhia aérea Gol, divulgou queda de 5,4% no lucro líquido, a R$ 59,6 milhões. A receita líquida da Multiplus atingiu R$ 485,3 milhões entre julho e setembro, 3,1% maior na comparação anual. A rede de fidelização teve incremento de 11,7% em sua base de participantes, com 13,3 milhões de membros.

A empresa atribuiu o crescimento à ampliação das parcerias no período, como a fechada com a montadora de veículos Peugeot e outras com os clubes de futebol Corinthians e Flamengo, segundo comunicado. A receita financeira foi de R$ 35,7 milhões, avanço de 37,4% na comparação com o mesmo período de 2013, apoiada em compra antecipada de passagens aéreas junto à TAM e aumento do CDI.

O faturamento de pontos totalizou R$ 549,6 milhões, avanço de 2,5% sobre igual período de 2013. O faturamento de pontos da TAM subiu 7,3%, enquanto os de bancos, varejo, indústria e serviços teve alta de 2%. Os pontos emitidos subiram 2,6% sobre um ano antes, enquanto os pontos resgatados tiveram queda de 7,7%.

Ainda nesta segunda-feira, a Multiplus informou que seu conselho de administração aprovou proposta de pagamento de cerca de R$ 82,4 milhões em remuneração aos acionistas. Segundo ata da reunião, serão R$ 79 milhões em dividendos intermediários e R$ 3,4 milhões em juros sobre capital próprio. Acionistas com posição na empresa em 6 de novembro terão direito ao pagamento a partir de 20 de novembro.

Light
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) define nesta terça-feira, 4, o reajuste nas tarifas da Light (LIGT3), distribuidora que atende cerca de 4 milhões de unidades consumidoras no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense. As novas tarifas vão vigorar a partir de sexta-feira, 7 de novembro.

A Light é uma das últimas grandes distribuidoras a passar pelo reajuste tarifário neste ano. No cálculo apresentado à Aneel, a empresa calculou um reajuste de 25,04%. Amanhã, porém, o índice que será aprovado pela Aneel deve ser alto, mas provavelmente será diferente do número solicitado.

Isso porque as distribuidoras fazem o pedido com base no cálculo do Índice de Reajuste Tarifário (IRT), que é apenas uma parte do reajuste integral. Normalmente, o IRT, calculado pelas empresas um mês antes da decisão da Aneel, considera apenas os efeitos econômicos, mas não os componentes financeiros, que têm impacto por apenas um ano na tarifa.

Já a Aneel, embora faça esse cálculo do IRT, opta por divulgar o efeito médio do reajuste aprovado, ou seja, o impacto que esse reajuste terá para pequenos consumidores, como os residenciais, e grandes consumidores, como indústrias.

A título de comparação, em julho, a Eletropaulo havia pedido um IRT de 16,69%, mas a Aneel aprovou um índice menor, de 9,06%. Na prática, porém, o efeito médio percebido pelos consumidores foi de um aumento de 18,66% nas tarifas. Esse é o porcentual divulgado pela Aneel.

Depois da Light, faltarão apenas quatro companhias para encerrar os reajustes tarifários das distribuidoras em 2014: Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre) e Companhia Sul Sergipana de Eletricidade (Sulgipe).

Até agora, a Aneel aprovou o reajuste de 59 distribuidoras, que atendem 69,5 milhões de unidades consumidoras. O aumento médio foi de 18,18%, acima da projeção do Banco Central (BC), que estima aumento de 16,8% nas tarifas de energia. Esse número foi revisto para cima quatro vezes neste ano. Para consumidores residenciais, a alta média foi de 17,92%, e para grandes consumidores, 18,78%.

MMX
A mineradora MMX (MMXM3) informou nesta segunda-feira prejuízo líquido de R$ 1,891 bilhão no segundo trimestre de 2014, ante prejuízo de R$ 441,5 milhões no mesmo período do ano passado. “Este resultado no trimestre é fundamentalmente consequência do teste de recuperabilidade de ativos realizado pela companhia no 2T14, desdobrando em um reconhecimento de impairment (baixa contábil) de R$ 1,807 bilhão”, afirmou a companhia em nota nesta segunda-feira.

A baixa contábil é relativa ao valor remanescente contabilizado para as operações correntes e para o projeto de expansão da unidade Serra Azul de sua subsidiária MMX Sudeste Mineração, que se encontra em processo de recuperação judicial, disse e empresa em fato relevante na semana passada

O atraso na divulgação das demonstrações financeiras do segundo trimestre, publicado apenas agora em plena temporada de resultados do terceiro trimestre, decorreu, segundo a empresa, do entendimento da administração de que tal divulgação deveria não somente contemplar informações financeiras relativas ao período, mas também a revisão do plano de negócios da companhia.

“No cenário de retração de preços vigente no mercado, a viabilidade de novos projetos de minério de ferro passa a ser questionada mundialmente e a capacidade da Companhia em atrair novos sócios que possam dar continuidade ao Projeto de Expansão de Serra Azul é sensivelmente afetada”, disse.

A empresa do grupo de Eike Batista acrescentou que as atividades operacionais da mineradora permanecem interrompidas na presente data.

“A companhia esclarece que a paralisação das atividades na mina de Serra Azul mostrou-se necessária em decorrência não somente da prolongada retração dos preços do minério de ferro no mercado internacional, mas também em função de restrições operacionais impostas pelo órgão ambiental do Estado de Minas Gerais”, frisou a MMX, acrescentando estar empenhada em buscar uma solução junto às autoridades.

Para fazer frente às demandas deste cenário, a companhia implementou uma série de medidas que buscaram preservar o caixa da empresa. “Mediante concordância do acionista controlador e sujeito à ratificação do seu Conselho de Administração, a MMX ajuizou em 16/10/2014… pedido de recuperação judicial… da sua subsidiária MMX Sudeste Mineração S.A…”, afirmou, ressaltando que o pedido configurou-se como a alternativa mais adequada diante da situação econômico-financeira da companhia.

Com Reuters e Agência Estado

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.