Petrobras desaba 17% no mês e exportadoras sobem; veja os 10 destaques de outubro

Entre os destaques estão ainda a Oi, que foi a maior queda do Ibovespa, com desvalorização de 23%, além das educacionais que fecharam o mês em alta e dos bancos, que foram impulsionados por BB e Bradesco

Marina Neves

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SÃO PAULO – O mês de outubro que chega ao fim nesta sexta-feira (31) foi de muita agitação na Bolsa, diante das expectativas e resultados das eleições presidenciais, que desde o dia primeiro é considerada o principal “driver” do mercado. No dia 5 ocorreu o primeiro turno das eleições, que levou Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) ao segundo turno, realizado no dia 26. Entre estes dias as pesquisas eleitorais mostravam disputa acirrada entre os candidatos, o que fez com que a Bolsa subisse ainda mais nas favoráveis à candidatura de Aécio, e o movimento contrário foi visto com Dilma. 

Em um resumo, o dólar e a temporada de resultados (mesmo que mais ao final do mês) também trouxeram alguns destaques para outubro. Do lado positivo do Ibovespa, que fechou o mês com leve alta de 0,95%, apareceram as ações das exportadoras – que foram beneficiadas entre o primeiro e o segundo turno com as altas do dólar -, além da Gol, que ao contrário do setor anterior, teve valorização após o segundo turno, já que com a confirmação de Dilma no governo, o dólar passou a registrar queda. Entre as maiores altas do índice para o mês, estiveram também as ações de JBS (JBSS3, R$ 1076, +17,60%) e PGD Realty (PDGR3, R$ 1,26, +14,55%).

Já do lado negativo estiveram as ações da Vale, que despencaram após seu balanço mostrar que a companhia reverteu lucro em prejuízo, além dos papéis da Petrobras que sofreram neste mês com relatório do Goldman Sachs e Santander, que fechou entre as maiores quedas do Ibovespa em meio à OPA (Oferta Pública de Ações) que ocorreu nesta quinta-feira.  

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Veja os destaques do mês de Outubro:

Exportadoras
As exportadoras fecharam o mês no positivo após as altas do dólar antes do segundo turno das eleições presidenciais. Relembrando: entre o primeiro turno, que ocorreu no dia 5 de outubro, e o segundo, que ocorreu no dia 26, a moeda norte-americana arrancou, chegando a bater R$ 2,56 no período. 

As ações de Fibria (FIBR3, R$ 29,80, +11,03%), Suzano (SUZB5, R$ 10,28, +4,47%) e Braskem (BRKM5, R$ 8,10, +11,73%) fecharam entre as altas do mês que se finda nesta sexta. Vale mencionar que essas empresas são beneficiadas hoje com a alta do dólar, uma vez que suas receitas são em moeda americana. O dólar fechou outubro com alta de 0,52%, a R$ 2,47.

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Bancos
Outubro também foi positivo para as ações dos bancos, que tiveram fortes altas no final do mês sendo puxados por notícias do Banco do Brasil e pelo balanço do terceiro trimestre do Bradesco. As ações de Banco do Brasil (BBAS3, R$ 27,52, +8,77%), Bradesco (BBDC3, R$ 35,46, +1,37%; BBDC4, R$ 36,89, +5,95%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,42, +7,58%) fecharam em alta após noticiário do Banco do Brasil, que de acordo com matéria do jornal O Globo desta quinta-feira, apontar que a presidente Dilma deve escolher um substituto para o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, antes do fim do seu primeiro mandato em meio aos desgastes que ele vem sofrendo, sendo mais uma vez alvo de denúncias. 

Para o lugar de Bendine, estão cotados os nomes do secretário executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, e o atual vice-presidente de Negócios de Varejo, Alexandre Abreu, informou a publicação.

Já o Bradesco reportou lucro líquido de R$ 3,875 bilhões no terceiro trimestre, crescimento de 28,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. A previsão média de sete analistas consultados pela Reuters apontava lucro recorrente de R$ 3,849 bilhões

Educacionais
O setor de educação voltou ao radar do investidor no final do mês após subirem em reação à reeleição de Dilma Rousseff. Analistas comentam que investidores estão em busca de papéis de empresas com perfil mais defensivo neste cenário. Destaque neste pregão para as ações da Estácio (ESTC3, R$ 28,21, +10,89%), Kroton (KROT3, R$ 17,13, +11,38%), Ser Educacional (SEER3, R$ 26,96, +6,98%) e Anima Educação (ANIM3, R$ 31,50, +6,45%). Vale mencionar que as ações da Kroton, do fechamento de sexta-feira para cá, subiram 22%; já as ações da Estácio, tiveram valorização de 19% no mesmo período.

Além disto, as altas vieram em meio a confirmação do governo petista já que este possui programas de financiamento que impulsionavam as companhias do setor de educação – como é o caso do FIES. Com a dúvida sobre o próximo governo sendo sanada após o dia 26, as ações dispararam em meio à indicação de continuidade dos programas. 

CCR (CCRO3, R$ 18,57, +10,67%)
Também fecharam um bom mês as ações da CCR, com o mercado olhando na última semana para setores que podem se beneficiar dos programas de governo da presidente Dilma, como é o caso do setor de infraestrutura. Essa é a avaliação do analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, que ainda disse serem atrativos os papéis de perfil mais defensivo em um cenário de incerteza como o atual.

Além disso, o setor também possui um hedge natural contra um quadro de aumento da inflação por conta do reajuste dos pedágios atrelado às variações do IPCA. Para o analista, papéis do setor de Educação, que também fazem parte das políticas de desenvolvimento da atual gestão, tendem a subir com Dilma.

Na quarta-feira, a companhia revelou seu balanço, mostrando crescimento de receita e margens operacionais, mas a elevação dos juros fez com que o lucro líquido da companhia fosse menor que no mesmo período do ano passado. Para a Planner Corretora, o resultado ficou em linha com suas projeções, apesar da queda do tráfego ser maior que aquele que esperava.

Gol (GOLL4, R$ 12,71, +8,63%)
As ações da Gol também apareceram no topo dos ganhos do Ibovespa neste mês, com ganhos que vieram principalmente nesta última semana com o dólar virando para a queda após mês de alta – a moeda norte-americana caiu após a vitória de Dilma nas eleições. Vale mencionar que a companhia é beneficiada com a desvalorização da moeda já que seus custos são cotados em dólar.

Além disto, na quarta-feira a companhia teve sua recomendação elevada de market perform (desempenho em linha com a média) para outperform (desempenho acima da média) pela Raymond James. O preço-alvo das ações em 12 meses é de US$ 6. Destaque também para a notícia de que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) permitiu a alocação de uma frequência semanal à companhia aérea Gol para realização de serviços aéreos mistos entre o Brasil e EUA. Para a TAM, foram alocadas 14 frequências semanais.

Oi (OIBR4, R$ 1,34, -22,99%)
Fechando o mês como a maior queda do Ibovespa para o período, as ações reagiram a uma série de notícias negativas que vieram no começo do mês. Entre elas está a confirmação da saída do CEO da companhia, Zeinal Bava, que renunciou ao cargo, ampliando as especulações no mercado sobre o futuro da fusão da operadora de telecomunicações brasileira com a Portugal Telecom. As funções de Bava foram assumidas temporariamente pelo atual diretor de Finanças e de Relações com Investidores, Bayard Gontijo, informou a companhia. Ele ficará no cargo até que o Conselho de Administração indique outro executivo para o posto.

Analistas do Credit Suisse avaliaram a notícia negativamente. “Nós víamos o Sr. Bava como uma pessoa-chave por trás do plano da empresa para melhorar as operações e aplicar o capital de forma mais eficiente, especialmente com sua experiência de sucesso liderando a Portugal Telecom alguns anos atrás”, escreveram em nota a clientes.

Além disto, contribuiu também a notícia do dia 7 de outubro, de que a Oi negou qualquer acordo de alienação de seus ativos da Portugal Telecom, e ainda declarou que não recebeu nenhuma proposta para o caso. A Oi esclareceu uma notícia veiculada no jornal Valor Econômico, que alegava que a companhia haveria vendido seus ativos da PT.

Petrobras (PETR3, R$ 14,34, -16,87%; PETR4, R$ 14,94, -17,41%)
Já era esperado que entre as maiores quedas deste mês estariam os papéis da petrolífera. As ações chegaram a despencar mais de 15% na segunda-feira após as eleições, o que contribuiu para a forte queda em outubro. 

Contribuiu para a desvalorização dos papéis a notícia de que o Goldman Sachs reduziu a recomendação para as ações da empresa de compra para neutro e excluiu o papel da “LatAm Spotlight List”. Segundo o banco, o motivo é que o papel segue dependente da política de preços de combustíveis doméstica e do movimento cambial, que segue imprevisível. Além disto, esta semana o mercado ficou no aguardo do anúncio do reajuste nos preços do combustível, que mesmo com a indicação vinda da Bloomberg na quarta-feira de que isto irá demorar a acontecer, nesta sexta-feira o mercado aguardou ansioso pelo aumento.

Vale (VALE3, R$ 24,44, -5,59%; VALE5, R$ 21,08, -7,56%)
A Vale também não foi novidade na ponta negativa do Ibovespa, já que vinha sendo prejudicada pelo preço do minério de ferro, dados da China e recomendações. No final do mês, porém, seus resultados do terceiro trimestre vieram piores do que o esperado e fizeram com que os papéis caíssem ainda mais em outubro. Nesta semana ainda, os papéis renovaram sua mínima desde julho de 2009.

O Credit Suisse revisou a classificação dos papéis da mineradora de neutra para underperform (desempenho abaixo da média) hoje. As ações fecharam com desempenho próximo das suas mínimas intradiárias. Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 16,44, -6,16%), holding que detém papéis da Vale.

A mineradora reverteu lucro em prejuízo líquido de R$ 3,38 bilhões entre os meses de julho e setembro, ante estimativa média de lucro de R$ 4,43 bilhões feita por analistas consultados pela Bloomberg. Segundo o BTG Pactual, a primeira leitura é que o resultado foi bem fraco, com volumes ruins no segmento de minério de ferro (8% abaixo do esperado), por conta do bloqueio na ferrovia de Carajás, além da estratégia de formação de estoques da companhia na Malásia.

Usiminas (USIM5, R$ 5,69, -10,68%)
As ações da Usiminas fecharam entre as maiores quedas do Ibovespa no mês após a companhia frustrar as expectativas do mercado para resultado do terceiro trimestre, que já eram relativamente baixas. Segundo a XP Investimentos, o resultado da companhia foi ruim, tanto no segmento de mineração como em siderurgia, refletindo o cenário desafiador que o setor enfrenta. A companhia mostrou receita líquida de R$ 2,9 bilhões no período, queda de 1,5% na comparação com o mesmo trimestre de 2013, e prejuízo de R$ 24 milhões.

Diante da queda dos papéis da companhia, outras ações do setor de siderurgia também fecharam no vermelho: Gerdau (GGBR4, R$ 11,03, -6,37%), Gerdau Metalúrgica (GOAU4, R$ 13,27, -6,22%) e CSN (CSNA3, R$ 8,30, -4,60%).

Santander (SANB11, R$ 13,40, -15,35%)
As units do banco vinham caindo no mês de outubro em meio ao anúncio da realização de uma OPA (Oferta Pública de Ações) que foi realizada nesta semana. Ao todo, foram recompradas cerca de 160,3 milhões de units do banco em leilão promovida pela matriz espanhola. De acordo com a Bolsa, a recompra das units movimentou R$ 2,4 bilhões. Nesta sessão, os papéis chegaram a subir 2,36% na sua máxima intradiária.

Um dos motivos das quedas dos últimos dias foi a expectativa de desvalorização e perda de liquidez das units após a oferta, disse o analista Thiago Souza, da XP Investimentos. Para ele, caso isso ocorra, existe a possibilidade do banco deixar o Ibovespa, o que estaria levando fundos atrelados ao índice se desfazerem do papel.