A Bolsa não afundou 10% após as eleições, mas o que isso significa para os próximos pregões?

Ibovespa e dólar não devem mudar de cenário, mas analistas destacam que não devemos ter um movimento tão brusco nas próximas sessões

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na última sexta-feira (24) o mercado já se preparava para os dois possíveis cenário da Bolsa nesta primeira sessão pós-eleições, a expectativa? Ou as ações disparavam com uma vitória de Aécio Neves (PSDB) ou afundavam caso Dilma Rousseff (PT) fosse reeleita. Caso a petista vencesse, alguns já se preparavam para o circuit breaker, que é quando os negócios são interrompidos após uma queda de 10% do Ibovespa. Dilma venceu e nada disso aconteceu. E agora, o que teremos nos próximos dias?

As projeções seguem as mesmas: a Bolsa fica bastante pressionada para baixo, mas não deve despencar de forma tão rápida. “Se hoje não tivemos uma queda tão forte, não vai ser amanhã que isso vai acontecer”, destaca o analista Thiago Souza, da XP Investimentos. Para ele, mada muda e as ações devem continuar em queda, enquanto o dólar também deve subir nos próximos dias.

Se nos últimos meses o mercado andou apenas de olhos nas pesquisas e no cenário eleitoral, agora o que parece estar no centro das atenções dos investidores são as expectativas sobre os nomes e medidas deste segundo governo Dilma. “Apesar de todos ainda estarem esperando notícias políticas, o mercado agora volta a seguir os fundamentos”, destaca Souza.

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“A expectativa é que fiquemos no mesmo nível nos próximos dias, talvez mais abaixo quando falamos de Bolsa. Porém, vale destacar que o cenário internacional volta ter maior impacto no mercado nacional”, afirma o analista. Vale lembrar que na quarta-feira o Federal Reserve encerra a reunião do Fomc, que pode marcar o fim do programa de estímulos no País, impactando mercado em todo o mundo.

Nesta segunda-feira, depois de chegar a cair 6,2%, quando bateu a mínima intraday desde 27 de março, a Bolsa amenizou as perdas e fechou com queda de “apenas” 2,77%, a 50.503 pontos. Enquanto isso, o dólar, que superou seu maior nível em 10 anos, também amenizou e teve ganhos de 2,6%, a R$ 2,52. Segundo o analista da Guide Investimentos, Luís Gustavo Pereira, o que amenizou a queda hoje foi a volta das atenções aos fundamentos. Para ele, papéis mais defensivos como os do setor de educação ou ligados ao dólar como as exportadoras cresceram forte e trouxeram “alívio” à Bolsa.

O mercado agora olhará para sinalizações de mudança ou continuidade na política macroeconômica da atual gestão para o futuro. Indicações de nomes para ministro da Fazenda e presidente de Banco Central devem causar oscilações na Bolsa durante as próximas semanas. Nomes de Luiz Carlos Trabuco e Henrique Meirelles já foram mencionados pela imprensa.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.