Novo cenário: como será a primeira semana sem corrida eleitoral na Bolsa

O economista Alex Agostini explica que agora o mercado irá precificar suas cobranças para o próximo governo, como medidas para políticas monetária e fiscal, e recuperação econômica

Marina Neves

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SÃO PAULO – O mercado viveu nesta sexta-feira (24) sua última sessão antes do segundo turno da corrida presidencial que definirá o representante do País para os próximos quatro anos. Após meses de muita volatilidade na Bolsa a cada divulgação de pesquisa eleitoral, agora o investidor se prepara para uma “nova fase”.

Desde março, quem investe na Bovespa vem “cuidando” de sua carteira ao sabor do cenário político, mas será que com o término das eleições ele será passado para segundo plano já na próxima semana? A resposta é não. O economista Alex Agostini, da Austin Rating, explica que agora o mercado irá precificar suas cobranças para o próximo governo, como medidas para políticas monetária e fiscal, e recuperação econômica.

“O mercado vai olhar para os discursos de quem ganhar no domingo. Os investidores vão pressionar a Dilma Rousseff (PT), no caso dela vencer, sobre correções na economia. Já se o Aécio Neves (PSDB) vença, cobrarão quais são suas medidas prioritárias na política fiscal e monetária”, disse o economista.

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Juntando cenário externo e eventos não-eleitorais que deverão ser observados entre os dias 27 e 30 de outubro a agenda será bastante agitada, com a divulgação do Copom (Comitê de Política Monetária) na quarta-feira, além da decisão da taxa de juros do Fomc (Federal Open Market Commitee). Já na quinta-feira será a vez do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA.

Mas Agostini acrescenta que o mercado não deve se atentar só ao que acontecerá na próxima semana, mas sim, nos próximos dois meses que antecederão 2015. De acordo com ele, sem as eleições, a Bolsa deve voltar a observar as discussões do Fomc e do BCE sobre quando devem ocorrer as mudanças na taxa de juros, além de ficar de olho também na economia da China, em seus dados que interferem, principalmente, a Vale (VALE3; VALE5) – uma das gigantes da Bolsa.

Em uma análise ampla sobre o que os investidores deverão fazer para os próximos dias, o economista fala que agora o mercado para de seguir o curto prazo e foca em suas estratégias para médio e longo prazos, já que os discursos do próximo presidente deverá modificar o “olhar” do investidor sobre suas carteiras. Cada decisão presidencial a partir de segunda-feira deverá fazer o investidor realocar suas ações. 

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“O cenário eleitoral deve movimentar o início da semana – seja positivo ou negativo. Aliado a isso, na próxima semana, é importante formatar estratégias de curto e longo prazo. Observar como os eventos eleitorais e internacionais vão afetar a construção das estratégias de médio e longo prazo do investidor, ou seja, como ele vai lidar com sua carteira”, completou Agostini.

Veja os eventos que devem movimentar os próximos dias do investidor:

1) Dados da China
Mesmo que a semana que vem não reserve espaço para os dados da China, o investidor deve seguir de olho no gigante asiático já que eles possuem direta influência sobre os papéis da Vale, que exporta seu principal produto – minério de ferro – para o país. Se os dados vindos de lá estiverem melhor que o esperado pelo mercado, a reação dos papéis na Bolsa brasileira é positiva e vice-versa, já que bons indicativos mostram que o país terá maiores condições de comprar o insumo.

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O economista Clodoir Vieira, da Compliance, explica que “dados como estes, vindos da China, são bem importantes para a Vale. Uma recuperação da indústria chinesa seria interessante para a companhia, ou seja, se viesse um número acima do esperado, a reação é positiva”.

2) EUA e BCE
Para o EUA, a semana que vem já traz duas reuniões do Fomc, sendo que a segunda delas, na quarta-feira, mostrará a decisão do órgão sobre a taxa de juros, além de estimativas para o balanço patrimonial do Fed de 2015. Agostini explica que este é um evento “importante, que deve mexer nos juros soberanos e pode ter algum efeito no câmbio”. Também se espera da reunião o final do programa de compra de ativos (quantitative easing).

O PIB dos EUA, uma das maiores potências mundiais, também deverá ser divulgado na próxima semana – na quinta. De acordo com relatório do Rosenberg, “as expectativas são de desaceleração, haja vista a forte expansão no segundo trimestre – ainda assim, a perspectiva é de que a economia tenha desempenho melhor e mais regular na segunda metade do ano”

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Vale mencionar que para o país, deve seguir atento às notícias sobre o proliferação da Ebola pelo mundo. Após o primeiro caso ocorrendo nos EUA, algumas ações “azedaram” junto com o humor do mercado, e agora que suspeitas estão rondando o Brasil, alguns papéis podem acabar sendo afetados conforme informações forem sendo divulgadas sobre o assunto.

Vale mencionar que para o Banco Central Europeu, o investidor deve ficar de olho pelo mesmo motivo das reuniões do Fed nos EUA – os dados da taxa de juros influenciam na economia brasileira.

3) Copom
A próxima semana terá reunião do Copom, que também trará a taxa de juros, mas para o Brasil. De acordo com o relatório do Goldman Sachs sobre a América Latina, a expectativa dos analistas é de que a taxa permaneça sem alterações em 11%. De acordo com o relatório, o Copom deverá “advertir indiretamente que será necessário um ‘aperto’ fiscal a fim de forçar a inflação a passar para a meta de 4,5%”.