Ibovespa cai 11,7%, tem pior mês desde 2012 e volta ao fatídico “7 a 1”

Mês marcado pelo "novo cenário" eleitoral levou o índice ao mesmo nível que estava em julho com o crescimento de Dilma nas pesquisas; dólar dispara 9% em setembro e tem maior alta em 3 anos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa ameniza as perdas na sessão desta terça-feira (30) após chegar a cair 1,99% na mínima do dia, à espera de novas pesquisas eleitorais e também de olho em Wall Street. O índice fechou esta sessão com perdas de 0,93%, aos 54.115 pontos – mesmo nível do dia da goleada sofrida pelo Brasil na Copa. Com essas perdas, o benchmark termina setembro com queda de 11,70%, o que representa seu pior pregão desde maio de 2012.

Enquanto isso, o dólar disparou 9,33% no mês e fechou setembro a R$ 2,4480 na venda, sendo sua maior alta mensal desde setembro de 2011 – lembrando que ontem a moeda atingiu os R$ 2,48, maior nível em seis anos. Entre as ações, destaque novamente para as estatais, com a Petrobras caindo quase 3%, com o mercado agora na expectativa pelas pesquisas, que serão divulgadas hoje à noite. Enquanto isso, os papéis do Banco do Brasil despencaram mais de 7%.

Ontem, a Pesquisa MDA, realizada nos dias 27 e 28 de setembro, mostrou que Dilma Rousseff subiu de 36% para 40,4% das intenções de voto, enquanto Marina recuou de 27,4% a 25,2%. Dilma cresceu 6,22 pontos percentuais neste mês, enquanto sua principal concorrente perdeu 3 pontos. O candidato do PSDB, Aécio Neves, oscilou de 16% no final de agosto para 17,6%. No principal cenário de disputa para segundo turno, Dilma ganha de Marina por nove pontos: 47,7% contra 38,7%.

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Já o Vox Populi mostrou que, na simulação de primeiro turno, a vantagem de Dilma voltou a cresceu, pois a candidata petista tem 40% das intenções de voto contra 24% de Marina e 18% de Aécio Neves. Na pesquisa anterior, divulgada na quinta-feira, Dilma, Marina e Aécio tinham 38%, 25%, e 17%, respectivamente. Na simulação de segundo turno, Dilma aparece com 46% contra 39% de Marina. Na mostra anterior, a petista somava 42% contra 41% de Marina.

“Acreditamos que devem continuar mostrando aquilo que as mais recentes [pesquisas] mostraram: um cenário mais favorável à Dilma. Os movimentos que vimos ontem nos mercados devem continuar, já que o quadro eleitoral deve se manter, os dados de confiança seguem piorando e as contas fiscais de agosto devem mostrar números muito fracos do governo central e do setor público consolidado”, ressalta a equipe de análise da XP Investimentos.

Chama a atenção ainda as contas públicas de agosto: o setor público consolidado teve déficit primário de R$ 14,460 bilhões em agosto, o quarto seguido de déficit. Com isso, o Brasil teve o pior resultado primário da história para meses de agosto, prejudicado pelo impacto da fraqueza econômica na arrecadação e aumento das despesas, e ficou ainda mais distante de cumprir a meta fiscal deste ano mesmo com manobras contábeis que o governo pretende fazer.

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No radar corporativo, a Vale (VALE3VALE5) informou ontem que enviou para aprovação do seu conselho de administração a segunda parcela de dividendos de seus acionistas no valor de US$ 2,1 bilhões, montante equivalente a US$ 0,407499 por ação, com base no número de ações da véspera. Caso o conselho aprove o pagamento, em reunião que está marcada para o dia 16 de outubro, o montante será repassado para os acionistas em 31 de outubro deste ano. As ações da companhia caem cerca de 0,6%. 

Depois do BTG Pactual, agora foi a vez do Santander cortar a recomendação da Usiminas (USIM5), de compra para underperform (desempenho abaixo da média). Segundo os analistas, as ações continuam pressionadas até que a companhia ofereça mais detalhes sobre sua estratégia de negócio, assim como sobre a disputa no bloco de controle da companhia, que provocou na semana passada a destituição do presidente da siderúrgica e mais dois diretores. As ações da Usiminas caem 2,5%.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BBAS3 BRASIL ON 25,30 -7,26 +7,67 593,41M
 ELET3 ELETROBRAS ON 6,56 -4,65 +17,80 26,06M
 RSID3 ROSSI RESID ON 1,08 -4,42 -47,06 10,10M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,19 -4,11 +3,73 441,71M
 USIM5 USIMINAS PNA 6,37 -3,63 -55,17 94,67M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GFSA3 GAFISA ON 2,96 +5,71 -14,23 16,53M
 MRVE3 MRV ON 8,21 +5,39 +1,75 35,82M
 KROT3 KROTON ON 15,38 +4,63 +62,49 153,68M
 OIBR4 OI PN 1,74 +4,19 -51,53 57,14M
 ESTC3 ESTACIO PART ON 25,44 +3,00 +25,69 130,11M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 18,09 -2,74 1,48B 1,29B 114.106 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 33,87 -3,39 780,83M 477,07M 45.948 
 BBAS3 BRASIL ON 25,30 -7,26 593,41M 346,69M 40.462 
 PETR3 PETROBRAS ON 17,25 -2,82 577,90M 410,13M 55.481 
 BBDC4 BRADESCO PN 34,84 -2,38 495,40M 350,66M 36.329 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,19 -4,11 441,71M 237,67M 43.391 
 VALE5 VALE PNA 23,78 +2,06 330,03M 455,13M 33.225 
 BRFS3 BRF SA ON 58,24 +0,33 235,25M 109,72M 14.335 
 ITSA4 ITAUSA PN 9,27 -2,01 232,48M 149,69M 31.100 
 CIEL3 CIELO ON 40,00 +1,57 227,06M 147,63M 18.645 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

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Mês do “novo cenário”
Enquanto agosto foi o melhor mês da Bolsa desde 2012 diante da disparada de Marina Silva nas pesquisas e o ânimo do mercado sobre uma possível mudança de governo, setembro foi o completo inverso disso. Logo no primeiro pregão do mês, uma pesquisa Datafolha já começava a indicar a mudança do cenário, mas o mercado ainda sustentava as altas.

Nestes primeiros dias de setembro, o índice atingiu seu maior nível desde janeiro de 2013, quando chegou a bater os 62.304 pontos no intraday do dia 3. Porém, naquele momento, Marina parou de crescer nas pesquisas, enquanto a candidata petista voltava a subir, trazendo novamente o pessimismo ao mercado sobre uma reeleição de Dilma.

Com poucos pregões de “respiro”, o índice então caiu 13,14% desde aquela máxima e fecha o mês de setembro no mesmo patamar em que estava no dia da derrota brasileira para a Alemanha na Copa do Mundo. Vale destacar que naquela época o mercado acreditava que um mau desempenho da seleção no mundial poderia refletir na candidatura de Dilma, o que acabou não ocorrendo.

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Se em agosto tivemos a chamada “Onda Marina”, setembro termina com a consolidação de um “novo cenário”, com a volta de Dilma à liderança das pesquisas, tanto no primeiro turno, quanto na disputa de segundo turno, o que tem levado o mercado a começar a precificar o cenário de um novo mandato da atual presidente.

Para destacar este “novo cenário”, o pregão de ontem, 29 de setembro, foi o pior do Ibovespa desde setembro de 2011, com uma bateria de pesquisas ressaltando essa possibilidade de Dilma como a vencedora.

Toda essa mudança e novas expectativas eleitorais também estão afetando o câmbio, fazendo com que o dólar termine o mês cotado a R$ 2,4480, uma alta de 9,33% em setembro, maior alta mensal desde setembro de 2011 – lembrando que ontem a moeda atingiu os R$ 2,48, maior nível em seis anos. E assim como na Bolsa, a corrida eleitoral deve continuar impactando o câmbio, o que já leva especialistas a apontar pra uma divisa em R$ 2,50 no fim deste ano.

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Segundo os analistas, outubro entra com um ambiente de cautela e volatilidade na Bolsa, sendo que cada nova pesquisa pode mudar o atual cenário, como destaca o analista da XP Investimentos, Thiago Souza. Para ele, a ordem é ter cautela, uma vez que o mercado está “bastante emotivo” e o cenário eleitoral ainda está bastante indefinido: ou seja, o mercado ainda pode ter novas viradas.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.