Petrobras e outras 14 caem mais de 6%; exportadoras e “boas empresas” sobem

Petrolífera cai mais de 11% após pesquisas eleitorais mostrarem forte melhora de Dilma; Bradesco, Itaú, BB, BM&FBovespa e imobiliárias mostram queda de mais de 7%

Marina Neves

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SÃO PAULO – Em meio ao pior pregão do Ibovespa em mais de três anos, 16 das 69 ações que fazem parte do índice fecharam com quedas superiores a 6%. Destaque principal para a Petrobras: após as pesquisas Datafolha e CNT/MDA mostrarem avanços de Dilma Rousseff (PT) – ao contrário do que o mercado estava aguardando até o fechamento de sexta-feira -, a petrolífera viu suas ações caírem mais de 11% nesta segunda-feira – pior pregão desde novembro de 2008.

Estatais, bancos, BM&FBovespa e imobiliárias também superaram a faixa de 7% de queda nesta sessão.  Fora do cenário eleitoral, as ações da Usiminas foram penalizadas nesta sessão em meio ao imbróglio na diretoria da empresa, que culminou na demissão do seu presidente e qe resultou no corte de recomendação dos papéis da siderúrgica.

No lado positivo, apenas 7 papéis fecharam em alta, com destaque principal para as exportadoras, beneficiadas pela disparada do dólar, que chegou R$ 2,47 nesta segunda-feira – maior patamar desde 2008. Nesta sessão Fibria, Embraer e Suzano chegaram a subir quase 3%. Além delas, as “boas ações” também despontaram na ponta de cima do índice; o destaque ficou para Cielo, a maior alta do índice, BB Seguridade e Qualicorp, que após caírem forte nos minutos iniciais do pregão fecharam com alta na faixa de 2%.

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Confira os destaques da Bolsa:

Estatais
As ações das estatais desabaram hoje após as pesquisas eleitorais Datafolha e CNT/MDA. Fecharam com fortíssimas quedas os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 17,90, -9,69%; PETR4, R$ 18,60, -11,17%), Eletrobras (ELET3, R$ 6,88, -4,14%; ELET6, R$ 10,16, -3,70%) e BB (BBAS3, R$ 27,28, -8,55%). A queda da ação da Petrobras hoje é a maior desde novembro de 2008, época da crise do subprime; além disto, neste fechamento, as ações PETR4 fecharam no mesmo valor que exibiram no dia 14 de agosto, um dia após a morte de Eduardo Campos, quando o mercado ainda estava operando com um “pé atrás”, sem nenhuma certeza quanto ao cenário político que estava por vir.

Na pesquisa do Datafolha, Dilma Rousseff abriu 13 pontos de vantagem no 1° turno em relação à Marina Silva (PSB), já em um eventual segundo turno, Dilma aparece no limite da margem de erro contra Marina. A petista aparece com 47%, enquanto a candidata do PSB tem 43% dos votos. Considerando a margem de 2 pontos, as duas poderiam ficar com 45% cada uma no cenário mais para Marina possível. Do contrário, Dilma estaria na frente.

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Já na CNT/MDA, divulgada pouco depois das 16h, revelou também que a vantagem Dilma cresceu frente Marina para 15,2 pontos no primeiro turno, ante 8,6 pontos na pesquisa da semana passada. No segundo turno, a vantagem é de 9 pontos. Na pesquisa estimulada, a petista conta com 40,4% das intenções de voto, 4,4 pontos a mais que na rodada divulgada na semana passada. Já Marina Silva (PSB) aparece com 25,2%, com redução de 2,2 pontos em relação ao levantamento anterior. Aécio Neves (PSDB) aproximou-se de Marina, com 19,8% e aumento de 2,2 pontos.

Vale mencionar que na sexta-feira os papéis destas empresas foram impulsionados por expectativas de que Marina Silva iria mostrar uma recuperação, o que não se confirmou.

Kit Eleições
Seguindo a mesma maré negativa, as ações dos bancos também desabaram nesta sessão. Os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,06, -7,00%) fecharam em queda, assim como os papéis do Bradesco (BBDC3,R$ 35,45, -6,98%BBDC4, R$ 35,69, -7,03%). 

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O mercado reagiu de forma “nervosa” ao resultado da pesquisa Datafolha, realizada entre os dias 25 e 26 de setembro, e que mostrou que Dilma Rousseff abriu 13 pontos de vantagem no 1° turno em relação à Marina Silva (PSB), disse um analista de mercado. A petista apareceu com 40% contra 27% da pessebista.

“O Datafolha foi hororroso para o mercado, que esperava por uma recuperação de Marina Silva. As expectativas geradas na sexta-feira, que impulsionaram o mercado naquele pregão (pesquisa Datafolha e rumores sobre a reportagem da Veja), não ocorreram”, comentou o analista. No final de semana, a Veja publicou que a campanha de Dilma teria pedido dinheiro ao esquema de corrupção da Petrobras, mas mesmo as denúncias não parecem mudar a trajetória ascendente de Dilma nas pesquisas. “E agora, com o primeiro turno mais próximo (dia 5 de outubro), o mercado tende a devolver toda a alta recente”, disse.

Assim como as estatais e bancos, as ações do “Kit Marina” – Cosan (CSAN3, R$ 39,30, -2,58%) e São Martinho (SMTO3, R$ 40,10, -3,77%) -, empresas que começaram a subir muito forte desde que Marina Silva entrou na disputa eleitoral e começou a despontar como principal adversária de Dilma Rousseff, também apresentaram forte queda nesta segunda-feira.

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BM&FBovespa (BVMF3, R$ 11,67, -8,11%)
Acompanhando a forte queda do “kit eleições”, as ações da BM&FBovespa despencaram nesta sessão. Os papéis da administradora da bolsa brasileira eram tidas pelo BTG Pactual como a favorita para se beneficiar do “rali eleitoral” – movimento que puxou a alta das ações das estatais e bancos desde março -, já que o forte fluxo de investimentos para a Bovespa aumentou consideravelmente o volume financeiro negociado no mercado acionário

Vale (VALE3, R$ 26,54, -1,59%; VALE5, R$ 23,30, -1,98%)
Além do cenário eleitoral, destaque para as ações da Vale que caíram novamente com o minério de ferro. O principal produto da exportadora renovou seu menor patamar em 5 anos nesta sessão e fechou cotada a US$ 77,70 por tonelada, queda de 1,1%.

Além disso, a japonesa Sumitomo Corp disse nesta segunda-feira que a empresa e sua sócia brasileira Vale fecharão sua mina de carvão Isaac Plains em Queensland, na Austrália, até o fim de janeiro do ano que vem por conta da queda nos preços do carvão.

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Usiminas (USIM5, R$ 6,61, -7,16%)
Hoje, o BTG Pactual reduziu sua recomendação e preço-alvo para as ações preferenciais da companhia, depois que o Conselho de Administração da maior produtora de aços planos do Brasil demitiu o presidente-executivo e mais dois altos executivos na sexta-feira.

A recomendação do BTG Pactual para as ações da siderúrgica passou a “neutra” e o preço-alvo foi cortado em cerca de 24%, de R$ 10,50 para R$ 8,00. “A recente demissão de três importantes executivos da Usiminas, incluindo o presidente-executivo (Julián Eguren), nos surpreendeu e adicionou incerteza significativa sobre a situação”, escreveram analistas do BTG Pactual em relatório.

Exportadoras e “boas ações”: as salvações do dia
As ações das exportadora driblam uma sessão de fortes perdas e sobem cerca de 1%, em meio à disparada do dólar, o que favorece estas companhias. Hoje, o dólar apresenta alta de 1,59%, a R$ 2,45, chegando a superar os R$ 2,47 mais cedo. Em destaque os papéis de Embraer (EMBR3, R$ 23,80, +1,32%), Suzano (SUZB5, R$ 9,83, +0,92%) e Fibria (FIBR3, R$ 27,05, +1,92%), esta última ficando com o maior ganho do dia. 

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Além das exportadoras, ações como Cielo (CIEL3, R$ 39,38, +2,15%), BB Seguridade (BBSE3, R$ 31,80, +1,92%) e Qualicorp (QUAL3, R$ 24,20, +1,09%) – as “boas ações” – também se salvaram da maré negativa que tomou o mercado nesta sessão. Estas ações, mesmo possuindo bons fundamentos, sofreram bastante nos últimos pregões e inclusive abriram esta sessão com forte queda, mas se recuperaram e fecharam com ganhos.

Apesar de tímidas, as altas destas ações foram bem significativas se comparadas ao preço mínimo alcançado no intraday, quando elas acompanham o temor do mercado. No caso da Cielo, os ativos subiram 6%. Já os papéis BBSE3 subiram 6,7% da mínima intradiária para o fechamento. Já as ações QUAL3 subiram 5,3% do fundo para o fechamento.