Usiminas tem pior semana desde 2013; BB tem 1ª alta após 6 dias de quedas

Estatais e bancos conseguiram amenizar boa parte das perdas dos últimos dias hoje em meio a rumor de depoimento de Youssef na Veja

Paula Barra

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SÃO PAULO – A semana não foi fácil para o Ibovespa, que caiu em três das cinco sessões, embora tenha conseguido reverter boa parte das perdas nesta sexta-feira (26), com o mercado ganhando força antes de pesquisa Datafolha, que será divulgada hoje, e em meio a rumores de que a revista Veja trará trechos do depoimento do doleiro Alberto Yousseff acusado de condenar um esquema de lavagem de dinheiro e pivô da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, que levou ao desvio de recursos públicos, incluindo a Petrobras (PETR3; PETR4).

Diante do noticiário agitado, as ações das estatais e bancos, que vinham sendo fortemente penalizadas nos últimos pregões, dispararam nesta sessão, minimizando boa parte das perdas da semana. Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3), por exemplo, viram sua primeira alta hoje depois de caírem por seis pregões consecutivos. Petrobras, Bradesco (BBDC3; BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), Itaúsa (ITSA4) subiram pela segunda vez nos últimos sete pregões.

Além desses papéis, chamou atenção na semana ainda os papéis da Usiminas (USIM5), que lideraram as perdas do índice, sendo que a maior parte do movimento foi visto hoje, com os papéis recuando 5,82%. As ações da siderúrgica tiveram a pior semana desde janeiro de 2013. Seguiu o desempenho, as ações da CSN (CSNA3), que acumularam no período perdas de 8,45% – a segunda pior do Ibovespa. 

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Fora do índice, ganharam destaque na semana as ações das “empresas x”, de Eike Batista, que sofreram após momento conturbado para o empresário. A OSX (OSXB3) está entre as maiores quedas da Bolsa, registrando perdas de 24,32% no período.

Veja os destaques da semana:

Siderúrgicas
Esta sexta-feira teve forte peso na cotação semanal das siderúrgicas, com Usiminas (USIM5, R$ 7,12, -12,85%) fechando esta sessão com queda de quase 6%, o que puxou também queda das ações da CSN (CSNA3, R$ 9,21, -8,45%), empresa que detém forte participação no capital da empresa mineira.

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A siderúrgica viu seus papéis caírem nesta sexta em meio a uma briga no bloco de controle da empresa. Hoje, a Usiminas informou que seu conselho de administração aprovou a destituição de Julián Eguren do cargo de diretor presidente da companhia, em reunião realizada na véspera, e de mais dois diretores. Rômel Erwin de Souza foi aprovado para o posto de Eguren em caráter temporário.

Segundo fonte disse ao InfoMoney, a decisão foi tomada pois os japoneses Nippon Steel, maior acionista da empresa, estariam interessados em ficar, além do conselho, com a gestão da empresa. Julián teria sido indicado pela Ternium, empresa que divide o bloco de controle da Usiminas. A Ternium disse hoje que tomará as medidas legais cabíveis, uma vez que essa decisão fere o acordo de acionistas da empresa. 

Vale (VALE3, R$ 26,97, -4,77%; VALE5, R$ 23,77, -4,54%)
As ações da Vale encerraram a semana em queda pressionadas novamente pela derrocada do preço do minério de ferro – principal produto da mineradora. Acompanhou o movimento a Bradespar (BRAP4, R$ 17,64, -5,62%), holding que detém participação na Vale. A commodity registrou perda de 3,5% nesta semana, fechando cotado a US$ 78,6 a tonelada. Além disto, nesta sexta-feira a Vale foi rebaixada pelo Citi de compra para neutra.

Banco do Brasil (BBAS3, R$ 29,83, -6,98%)
Além de afetado pelo noticiário político, o BB teve uma semana bastante movimentada. Na quarta-feira, foi noticiado o saque de R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano do Brasil (FSB) como forma de aumentar as receitas e evitar novos cortes de gastos, o que deve obrigar o governo federal a montar uma operação bilionária com ações do Banco do Brasil ou recorrer novamente à contabilidade criativa. Segundo a equipe de análise da XP Investimentos, o saque anunciado pode ocasionar em fluxo negativo para as ações da instituição no curto prazo. Porém, o verdadeiro direcionador do preço continua sendo o cenário político e a dinâmica econômica brasileira.

ALL (ALLL3, R$ 6,63, -6,75%)
Do lado negativo ainda, chamou atenção as ações da ALL, que nesta semana chegaram a atingir seu menor patamar desde março deste ano. Segundo agentes do mercado, essa queda nos últimos dias pode estar relacionado a fluxo de investidores depois do fato relevante sobre a cisão com a empresa com a Cosan. Esses investidores não queriam ficar posicionados com um ativo de logística e, por isso, venderam vendido ações da ALL para se “proteger” da posição. Especialistas apontam ainda que o case da empresa é muito difícil, tendo em vista que é muito atraleado à commodity e a empresa é operacionalmente bastante alavancada.

Imobiliárias
As ações do setor imobiliário fecharam esta semana registrando perdas, com destaque principal para as ações de PDG (PDGR3, R$ 1,22, -5,43%) e Gafisa (GFSA3, R$ 3,02, -4,13%) . As construtoras sentiram, nesta semana, o impacto da expectativa de taxa de juros mais alta nos próximos anos, o que começou a ser precificado na curva dos contratos de DI Futuro.

Empresas X
As companhias de Eike Batista têm vivido momento de muito pessimismo na Bolsa, com as ações registrando quedas da companhia após toda “confusão” com o empresário, que teve parte dos seus bens bloqueados semana passada. Vale mencionar que os papéis da OSX (OSXB3, R$ 0,29, -21,62%) estão entre as maiores quedas da Bolsa para a semana. Além delas, vale comentar que as outras companhias “x”, também fecharam a semana no vermelho: MMX (MMXM3, R$ 0,62, -11,43%), Eneva (ENEV3, R$ 0,74, -22,92%) e CCX (CCXC3, R$ 0,40, -9,09%).

Nesta semana, a CVM estendeu o prazo para Eike apresentar sua defesa em processo da OGX e o Ministério Público Federal denunciou o empresário de induzir os investidores a erro. O empresário e mais mais sete ex-diretores da OGX Petróleo são acusados de induzir milhares de investidores a erro ao anunciarem informações inverídicas sobre o potencial da empresa. O prejuízo estimado aos investidores passa de R$ 14,4 bilhões. Da abertura de capital, em junho de 2008, até agora, as ações da empresa desabaram mais de 98%. Se condenado, Eike Batista pode ser obrigado a cumprir de quatro a quatorze anos de prisão. A denúncia foi protocolada ontem pelo MPF-SP na Justiça Federal.

Do lado positivo
Os destaques de alta nesta semana vêm com baixíssima variação, com apenas 3 ações superando altas de 3% para os 5 dias de pregão. Entre os destaques vale mencionar as ações de Lojas Renner (LREN3, R$ 71,56, +3,20%) e Souza Cruz (CRUZ3, R$ 19,60, +3,87%), que subiram forte na quarta-feira (24) em um movimento de correção de mercado, com os investidores aproveitando o momento de baixo valor das ações para encarteirá-las. 

Além delas, as ações da BRF (BRFS3, R$ 58,35, +1,80%) também são beneficiadas nesta semana, em meio à notícia da saída do presidente Claudio Galeazzi para a entrada de Pedro Faria como diretor presidente global da companhia, que seguirá no cargo até o final do ano. Ainda sobre a empresa, a BRF comunicou ontem que seu conselho de administração autorizou o programa de recompra para aquisição de até 5 milhões ações ordinárias, correspondentes a 0,57% do seu capital social, excluindo-se as ações em tesouraria, que irá vigorar no período de 26 de setembro a 14 de outubro deste ano. O objetivo do programa é a manutenção dos papéis em tesouraria, informou.

As ações do setor educacional também tiveram semana agitada, figurando também entre as altas do Ibovespa. A Kroton (KROT3, R$ 15,09, +2,65%) e a Estácio (ESTC3, R$ 25,30, +2,22%) foram os destaques, mas apesar de ainda estar entre as maiores altas, a companhia começou a cair, assim como todo o setor, e o motivo para essa queda pode ser justamente o que manteve os investidores otimistas nos últimos anos: o FIES, que sofre com a expectativa de que ele não se sustente da mesma forma como nos últimos anos para os próximos.