Empresa de Eike despenca 25% na semana; dólar impulsiona exportadoras e Oi lidera ganhos

Entre os destaques também estiveram as ações da Oi, que foi a principal "campeã" da Bolsa subindo após rumores com TIM, OPA do Santander e revisão de Marfrig

Marina Neves

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SÃO PAULO – A semana que chega ao fim foi marcada por um início positivo para o Ibovespa, mas uma virada na quarta-feira fez com que a Bolsa “azedasse” e fechasse a quinta e a sexta registrando perdas. Os destaques do período ficaram por conta do setor de siderurgia e exportação, que subiram forte entre os dias 15 e 19 em meio às altas do dólar – que atingiu nesta sexta-feira (19) sua cotação máxima para a semana, a R$ 2,38 na venda. 

Entre os ganhos semanais também ficaram as ações da Oi, que subiram em meio a notícias de que a companhia poderia negociar uma fusão ou venda com a TIM -que, por sua vez, fechou no lado oposto do índice. Além delas, as estatais e os bancos também ficaram entre os ganhos, mesmo que tímidos para oscilações semanais, já que estes papéis estão demonstrando mais sensibilidade desde março às pesquisas eleitorais. Só nesta semana foram divulgadas as pesquisas Vox Pupuli/Record e Ibope.

Já na ponta negativa, o principal destaque é para as ações da CCX, que fechou a semana como a pior ação da Bolsa, com forte queda de 25,5% após semana de noticiário agitado para seu controlador, Eike Batista. Além dela, as ações das educacionais, geralmente cotadas como um bom setor, figuraram no vermelho nesta semana.

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Confira os principais destaques da semana:

Oi (OIBR4, R$ 1,74, +15,23%) e Tim (TIMP4, R$ 13,38, -2,26%)
As ações da Oi fecharam a semana como as ganhadores do Ibovespa após 5 dias de noticiário agitado entre ela e a TIM, que, ao contrário de sua “concorrente”, fechou a semana com perdas – mesmo que leves. O Conselho de Administração da Oi autorizou a venda das participações da companhia na Africatel Holdings, representativas de 75% do capital da Africatel, e/ou seus ativos, informou a operadora de telecomunicações no fim da terça-feira.

Segundo informações da coluna Radar, da Veja, a Oi vai usar o dinheiro da venda da participação para pagar dívidas e ajudar na tentativa de comprar uma fatia na TIM. Na manhã de quinta-feira, o Valor publicou que a Oi estaria disposta a negociar venda ou fusão com a TIM.

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A Telecom Italia afirmou à sua controlada brasileira TIM Participações que não há nenhuma discussão em curso para uma oferta de compra da rival Oi, informou a TIM na quarta-feira.

Siderúrgicas
As ações das siderúrgicas fecharam entre as altas semanais do Ibovespa. Na segunda-feira as ações fecharam com alta na Bolsa influenciadas pelo preço do minério de ferro, que havia subido, porém este movimento não continuou e a commodity fechou com queda nos outros 4 dias. O preço do minério de ferro fechou a semana em queda e renovou a mínima em 5 anos em US$ 81,7 a tonelada. Em relação a quinta-feira, o valor da tonelada caiu 1,6%. 

Em compensação, a commodity deverá se estabilizar com o fechamento de minas, disse Gavin Wendt, fundador e analista sênior de recursos da Mine Life Pty referindo-se aos potenciais fechamentos de minas que restringiriam o crescimento da produção. “Nós ainda veremos o ciclo e a volatilidade do preço nisso, mas se os produtores de alto custo saem do mercado, isso reduzirá o abastecimento, então dará alguma estabilidade ao preço”.

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As ações do setor siderúrgico também são influenciadas pela alta do dólar. Vale destacar os papéis de Usiminas (USIM5, R$ 8,17, +2,13%), CSN (CSNA3, R$ 10,06, +7,06%) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4, R$ 15,20, +1,95%).

Fibria, Suzano e Braskem
As ações da Fibria (FIBR3, R$ 26,45, +2,32%) e Suzano (SUZB5, R$ 9,95, -1,53%) registraram fortes altas nesta semana, reagindo ao preço do dólar. Dado o perfil exportador dessas empresas, um movimento como esse é visto como favorável já que as receitas dessas companhias são atreladas ao dólar. Durante esta semana, o dólar só apresentou queda na terça-feira, apresentando nesta sexta-feira sua máxima na semana, cotado a R$ 2,38 com alta de 0,47%.

Além disso, a Standard & Poor’s revisou a perspectiva dos ratings da Suzano para estável, de negativa, e reafirmou o rating ‘BB’ na escala global para a companhia. Segundo a S&P, as medidas refletem o bem-sucedido início da nova fábrica de celulose no Maranhão, inaugurada no final de 2013 e com capacidade de produção de 1,5 MM de tons/ano, o que está em linha com as expectativas da agência.

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Ainda vale mencionar as ações da Braskem (BRKM5, R$ 16,20, +2,34%), que tem 100% de sua receita em dólar, o que fez com que as ações também fossem impulsionadas pela alta da moeda nesta sessão, figurando entre as maiores altas do índice.

Estatais e bancos
As ações das estatais fecharam na parte de cima do Ibovespa, após terem subido forte na quarta e quinta-feira. Na segunda após o fechamento do mercado, foi divulgada a pesquisa Vox Populi/Record, que influenciou nas cotações das estatais e bancos na terça.

Já para quarta-feira, o que levou às altas foi a divulgação, na noite de terça, da pesquisa Ibope, que confirmou os rumores de mercado. A pesquisa eleitoral mostrou Aécio Neves como grande surpresa. O candidato ganhou 4 pontos em relação à última pesquisa e agora tem 19% das intenções de voto. A liderança ainda foi de Dilma Rousseff (PT), que caiu de 39% para 36%, enquanto Marina Silva (PSB) recuou de 31% para 30% dos votos. Nesta sexta-feira, as ações apresentaram queda após os dados da pesquisa Datafolha – divulgada nesta manhã. O levantamento mostrou que Dilma teve uma leve variação para cima nas intenções de voto no primeiro turno, de 36% para 37% das intenções de voto, enquanto Marina Silva caiu 3 pontos, de 33% para 30%. Assim, a diferença passou de 3 para 7 pontos entre as candidatas. Aécio Neves subiu de 15% para 17%.

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Vale destacar as ações das estatais – Petrobras (PETR3, R$ 19,85,+3,82%; PETR4, R$ 20,91, +3,82%) Eletrobras (ELET3, R$ 7,57, +3,13%; ELET6, R$ 11,01, +1,19%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 32,07, +3,59%) -, além dos bancos privados, que aliviaram os ganhos ao final do pregão – Bradesco (BBDC3, R$ 37,65, +1,98% ; BBDC4, R$ 38,00, +2,70%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 37,75, +1,92%).

As pesquisas eleitorais têm guiado o rumo da Bolsa desde meados de março: de lá pra cá, o Ibovespa saltou de 45 mil para até 62 mil pontos, ao mesmo tempo em que o cenário de provável reeleição de Dilma Rousseff (PT) deu lugar a uma acirrada disputa com a oposição. A reação “compradora” do mercado às quedas de Dilma nas pesquisas explica-se pela gestão intervencionista do atual governo em importantes setores da economia – caso das elétricas, bancos e das estatais.

Por conta disso, esses três grupos têm sido os mais “sensíveis” na Bovespa às novidades sobre eleições. A Petrobras, por exemplo, viu suas ações preferenciais subirem da faixa de R$ 12 para quase R$ 25 entre março e agosto. Já no começo de setembro, enquanto Dilma mostrava recuperação nas pesquisas eleitorais e Marina Silva (PSB) começou a parar de crescer, os papéis da petrolífera chegaram a cair 13% em apenas 6 pregões.

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Santander (SANB11, R$ 16,17, +1,76%)
As ações do Santander fecharam os dias entre 15 e 19 com ganhos, após Edital divulgado no Valor Econômico dizer que leilão de Oferta Voluntária de Ações do Santander irá ocorrer em 30 de outubro. Vale mencionar que as ações só apresentaram perdas na terça-feira.

Em abril deste ano o banco anunciou que sua matriz na Espanha iria lançar uma oferta voluntária de aquisição de units no Brasil e nos Estados Unidos envolvendo até a totalidade dos papéis que ainda não detém. Com a oferta, o maior banco estrangeiro no Brasil deixará o nível 2 de governança corporativa da BM&FBovespa, passando a ser listado no segmento tradicional da bolsa brasileira.

Estácio (ESTC3, R$ 24,75, -6,39%) e Kroton (KROT3,R$ 14,70, -2,33%)
Entre as perdas da semana no Ibovespa estiveram os papéis da Estácio, mesmo com o cenário considerado como positivo para as ações do setor educacional. Os papéis da Kroton também fecharam entre as maiores perdas semanais, após notícia de que a empresa contratou o Itaú e BTG para vender R$ 1 bilhão em ativos, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg. Vale mencionar que a empresa precisa vender os ativos da Uniasselvi, além de outros, para se adequar às exigências do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Marfrig (MRFG3, R$ 6,74, -2,88%)
A Marfrig fechou a semana na ponta vermelha do Ibovespa, fechando 3 dos 5 pregões desta semana em queda – sendo que na quinta-feira os papéis fecharam com queda de 6%. De acordo com analista que não quis se identificar, os papéis reagiram a relatório da UBS que rebaixou as ações de neutro para venda, revisando seu preço-alvo para R$ 6,70. Ainda de acordo com o relatório, o rebaixamento se deu pelas dificuldades financeiras da companhia na venda da Seara para a JBS.

CCX (CCXC3, R$ 0,44, -25,42%)
A companhia, de Eike Batista, viu suas ações despencarem nesta semana, figurando como a pior  ação da Bolsa para os dias 15 a 19. Na segunda-feira, 
as ações da companhia despencaram 32,20%, atingindo R$ 0,40, após rumores de que a companhia seria um dos bens a serem bloqueados pelo MPF (Ministério Público Federal) por dois crimes do empresário contra o mercado de capitais. 

De acordo com um analista que pediu anonimato, a companhia poderia estar entre os R$ 1,5 bilhão em bens que poderiam ser bloqueados do empresário (lembrando que o que foi realmente bloqueado ficou no montante de R$ 117,3 milhões) – já que ele detém 56% das ações da empresa, de acordo com dados da BM&FBovespa -, o que pode ter feito os papéis despencarem na Bolsa. Vale destacar também o forte volume movimentado, quase vinte vezes superior à média de 21 dias, chegando a R$ 2,31 milhões.

Nesta sexta-feira a empresa de Eike Batista, em comunicado ao mercado enviado a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), negou que a CCX seria um dos bens a serem bloqueados pelo MPF (Ministério Público Federal) e considera baixa as chances da empresa conseguir fechar a operação com a Yildirim dentro do prazo.

Segunda a CCX, a companhia não está sendo submetida a nenhuma constrição judicial, seja em relação a compromissos próprios e/ou de seu acionista controlador. “A empresa e todos os seus respectivos ativos não são objeto de nenhum bloqueio de bens e/ou qualquer medida constritiva semelhante”, diz a empresa. Em relação à venda de ativos para a Yildirim por um valor 72% abaixo do previsto em memorando – e que segundo fonte, em entrevista ao InfoMoney, há uma possível sinalização de que o negócio não irá ocorrer, ao menos dentro do prazo estipulado (30 de setembro) -, a CCX diz está trabalhando intensa e permanentemente, no Brasil e na Colômbia, para buscar o atendimento das condições precedentes necessárias ao fechamento da operação.