5 pesquisas eleitorais e mais 4 eventos agitam a próxima semana na Bolsa

Eleições devem continuar a ditar o humor do mercado, mas China, Europa e EUA devem trazer "pitadas" de volatilidade para a Bolsa

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – As eleições vão se aproximando e mais uma semana termina com a Bolsa voltada quase que exclusivamente para o cenário eleitoral. Nos últimos dias, Vox Populi, Ibope e Datafolha mostraram que a disputa será bastante acirrada, com a presidente Dilma Rousseff ganhando força nas intenções no primeiro turno, mas empatada tecnicamente com Marina Silva em um eventual segundo turno. Os EUA também agitaram a semana, com a reunião que marcou mais uma redução de estímulos por lá, mas ainda sem perspectivas sobre o aumento dos juros.

E este cenário não deve mudar para a próxima semana. Até este momento são pelo menos 5 novas pesquisas eleitorais agendadas, enquanto o cenário nos EUA deve pressionar o câmbio, que nesta semana disparou com as perspectivas de alta de juros por lá e já supera os R$ 2,38. Enquanto isso, a China deve trazer um “tempero” à mais com as prévias do PMI da indústria.

“A próxima semana será tensa no cenário macroeconômico”, destaca a analista-chefe da Coinvalores, Sandra Peres. Para ela, no ambiente doméstico os investidores seguem de olho apenas nas eleições, mas as bolsas no exterior também devem ficar bastante agitadas com alguns indicadores que serão apresentados nos EUA, China e Europa. Veja abaixo os principais eventos da próxima semana:

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1) Pesquisas eleitorais
Nos últimos meses – e nas próximas semanas – as pesquisas eleitorais fazem parte do dia-a-dia do investidor. “As últimas pesquisas foram um pouco ambíguas“, destaca Peres, que explica que nos próximos dias será a vez de traçar o cenário do segundo turno, que neste momento tem mostrado um empate entre Dilma e Marina. Entre as pesquisas agendadas estão uma Vox Populi já na segunda-feira (22), além de uma Ibope e outra MDA.

2) EUA
A semana nos EUA deve ser menos agitada, mas com potencial de trazer ainda mais volatilidade no câmbio. Na última quarta-feira, o Federal Reserve decidiu reduzir em maus US$ 10 bilhões os estímulos à economia, deixando claro que o QE3 deve terminar no próximo mês. Apesar de não trazer nenhuma expectativa sobre quando irá elevar os juros, o mercado começa a trabalhar com a ideia de que as taxar devem começar a subir ainda no primeiro semestre de 2015. Diante disso, o dólar disparou e agora já está bem próximo dos R$ 2,40.

Para esta semana, diversos discursos de líderes regionais do Fed podem dar alguma sinalização sobre o que a autoridade monetária está projetando, podendo afetar o mercado. Além disso, o final da semana reserva a revisão do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre, e, apesar da analista Sandra Peres afirmar que ele não deve trazer grandes novidades, qualquer surpresa pode pesar na Bolsa.

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3) China
Fim de mês é reservado para as prévias do PMI da indústria e a China volta para os holofotes do mercado. Não é esperada uma grande mudança do cenário no gigante asiático, mas investidores devem ficar atentos dado o delicado ambiente em que a Vale e as siderúrgicas brasileiras estão vivendo. Uma retração da atividade industrial por lá pode acabar impactando negativamente as ações destas companhias por aqui.

4) Europa
Fora um pouco do cenário do investidor brasileiro, a Europa pode ter uma semana agitada diante das prévias dos PMI da indústria e de serviços. “Na Zona do Euro a expectativa tem sido sobre um possível programa de estímulos a ser apresentado pelo BCE, e esses indicadores podem ajudar a projetar quando isso deve ocorrer”, destaca Peres. Nas últimas semanas o Banco Central Europeu surpreendeu os investidores ao mudar sua política, indicando que um “QE” – lembrando o programa de estímulos nos EUA – pode estar próximo de acontecer.

5) Relatório Trimestral de Inflação
Ainda sem data para ser divulgado, a próxima semana irá contar com o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central. A analista da Coinvalores acredita que o BC deve manter no mesmo ritmo que tem sido até agora, sem nenhuma novidade e sem um direcionamento sobre quais serão os próximos passos da autoridade monetária. “A expectativa econômica é que a inflação continue estourando o teto da meta e que os juros fiquem próximos dos atuais 11%”, completa Peres.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.