Quem são as ações ”ganhadoras” na Bolsa com a disparada do dólar?

Na última quinta-feira, a moeda americana registrou sua oitava alta em nove sessões em relação ao real, batendo R$ 2,36

Paula Barra

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SÃO PAULO – O dólar engatou um forte movimento de alta em setembro, o que tem puxado ações de empresas com perfil exportador na Bolsa. A moeda americana alcançou ontem sua oitava alta em nove sessões em relação ao real, batendo R$ 2,36, e se afastando cada vez mais do patamar defendido pelo Banco Central, na faixa de R$ 2,20 a R$ 2,30. Para a FCL Capital, que administra R$ 15 milhões em recursos alocados em fundos de ações, esse cenário deve persistir pelos próximos meses, o que abrirá melhores oportunidades para alguns papéis da Bolsa brasileira.

“O aumento do dólar em relação ao real é uma das melhores apostas em relação ao risco/retorno que podemos pensar no momento”, disse Fernando Araújo, gestor da FCL Capital. Segundo ele, algumas empresas podem ver seus ganhos subindo proporcionalmente muito mais do que o eventual 20% ou 30% de aumento do dólar, uma vez que têm receita em moeda americana e custo em real, ou seja, suas margens aumentariam exponencialmente.   

“Achamos o atual patamar de R$ 2,36 bem distante dos valores justos da moeda e acreditamos que bastante tempo que as exportadoras são algumas das melhores oportunidades da Bolsa justamente por essa razão”, comentou. 

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Em meio a esse cenário, Fernando aponta algumas ações que podem ser fortemente beneficiadas por esse movimento. Seguem os papéis:

1) Minerva (BEEF3)

Segundo o gestor, 70% da produção da companhia é exportada com receita em dólares, enquanto sua dívida é hedgdeada, ou seja, em uma eventual alta da moeda não deve apenas manter o poder de compra de seus investidores, mas apresenta assimetria positiva.

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Ele aponta ainda que as receitas da companhia devem subir muito mais do que seus custos, portanto, a geração de caixa da empresa deve subir muito mais proporcionalmente do que qualquer queda na moeda brasileira. 

2) Braskem (BRKM5)

A companhia é favorecida pelo desempenho uma vez que 100% de suas receitas, incluindo as suas vendas a clientes brasileiros são atreladas ao dólar. A empresa também tem projetos no exterior e compete com as importações.

Além disso, apenas 70% dos custos são em dólares, portanto, qualquer aumento do dólar deve melhorar consideravelmente as perspectivas da empresa, disse. 

3) Gerdau (GGBR4)

Metade da produção da companhia está fora do Brasil, portanto, quando convertido para reais, o lucro da empresa deve subir automaticamente, em termos nominais, comentou.

Segundo cálculos da FCL, um aumento de 1% na moeda americana contra brasileira deve impactar positivamente a geração global de caixa da empresa em 4%.

4) BTG Pactual (BBTG11)

“Apesar de parecer que o lucro do banco não deve ser afetado por movimentos de moedas, é importante notar que o BTG está passando por um importante processo de internacionalização, com as recentes aquisições de instituições como Celfin no Chile e Serasin na Suíça”, comentou. Embora o banco não divulgue a fração exata de seus lucros que é obtida fora do Brasil, é razoável estimar que um percentual importante seja em moedas fortes, acrescentou.

5) Log-In (LGIN3)

“Embora muitas vezes a Log-In seja vista como uma empresa que pode sofrer em caso de uma maxi-desvalorização do real, devido seus custos de combustível que são principalmente referenciados em dólares americanos, é importante notar que o objetivo da companhia é ser a melhor solução logística para as empresas industriais no Brasil”, disse. 

Vale apontar ainda que uma taxa de câmbio mais fraca certamente impactaria favoravelmente a produção industrial do Brasil. “Mesmo que este seja um cálculo muito difícil de se fazer, supomos que a desvalorização seja benéfica para a empresa no longo prazo”, comentou.